Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ATUAÇÃO DE ACADÊMICAS DE ENFERMAGEM EM ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Nathalie da Silva Belmont, Maria Alex sandra Costa Lima Leocádio, Lorena Veiga Farias

Última alteração: 2022-02-03

Resumo


O estágio supervisionado obrigatório tem extrema importância para a formação do discente, favorecendo a capacitação para o ambiente de trabalho, visto que é nessa etapa em que todo conhecimento teórico/prático adquirido durante a graduação poderá ser aplicado e aprimorado, além de ser uma forma de vivenciar a futura atuação profissional. O estágio supervisionado possibilita uma melhor desenvoltura profissional ao enfermeiro, pois o mesmo desenvolve relações saudáveis, supera desafios próprios do trabalho em equipe e melhora as habilidades para as atividades de enfermagem, além de ter a inserção no mercado de trabalho facilitada devido ao fato de ter adquirido uma gama de conhecimento durante o período de estágio. A Atenção Primária à Saúde (APS) é caracterizada como a porta de entrada aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o primeiro nível de atenção em saúde. A APS atua através de um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde. Diante da pandemia de COVID-19, a APS, estratégia central das Redes de Atenção à Saúde, muito atuou no enfrentamento da pandemia com atividades de vigilância em saúde, rastreio de casos suspeitos e atendimentos a pacientes com síndrome gripal, porém, com o desafio de manter a integralidade dos serviços de saúde prestados.  Objetivo: Relatar as atividades e as percepções de acadêmicas do último ano curso de graduação em Enfermagem frente a atuação na atenção primária durante a disciplina de Estágio Curricular I. Método: Trata-se de um relato de experiência vivenciada por acadêmicas finalistas do curso de Enfermagem em uma Unidade Básica de Saúde, localizada na Zona Sul da cidade de Manaus, durante o período de setembro a novembro de 2021. Descrição da Experiência: A supervisão acadêmica durante o estágio foi realizada por uma professora da Universidade Federal do Amazonas, em parceria com a enfermeira coordenadora do serviço, dessa forma, foi possível alinhar as necessidades acadêmicas com a prática em campo.  A UBS de atuação funciona atualmente conforme a estratégia da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) de horário ampliado, com atendimento de segunda a domingo. AS acadêmicas puderam atuar nos serviços de consulta de enfermagem, coleta de preventivo, vacinação, administração de medicamentos, curativo e aplicação/leitura de prova tuberculínica, além de tratamento da profilaxia da raiva humana, sendo uma das unidades de referência para tratamento. A consulta de enfermagem tem o objetivo de prestar assistência sistematizada de enfermagem, identificando os problemas de saúde-doença, executando e avaliando cuidados que contribuam para a promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde. Na UBS os procedimentos que mais apresentaram demanda da enfermagem envolviam realização dos testes rápidos, casos de mordedura animal com risco  de raiva humana e consulta de pré-natal, além da dispensação de medicamentos para sífilis, exame de pele e tratamento da tuberculose. Diante de cada setor apresentado, as acadêmicas contaram com a orientação dos profissionais do serviço para instruir quanto a rotina da unidade e compartilhar a sua experiência profissional na área, sendo possível, dessa forma, comparar a prática com a teoria, desenvolvendo a confiança das acadêmicas, o senso crítico necessário e a autonomia na prestação do serviço de saúde. Além da atuação na assistência, as acadêmicas puderam vivenciar como é a rotina da profissional que cuida da gestão de enfermagem dentro de uma Unidade Básica de Saúde. O trabalho envolvia desde a conferência da equipe e produção de escalas no início do turno até a coleta e distribuição dos materiais em déficit nos setores. Ficar nesse setor possibilitou o desenvolvimento de senso crítico e articulador das acadêmicas, visto que a atuação do gerente tem o papel de solucionar problemas, dimensionar recursos, desenvolver estratégias e efetuar diagnósticos de situações, que são coisas pouco ou sequer mencionadas durante a graduação de maneira tão clara quanto quando vivenciada presencialmente. Durante o estágio, foi solicitado das acadêmicas, como forma de contribuição para a UBS, a elaboração de uma estratégia que solucionasse um problema frequente na assistência da equipe de enfermagem da unidade, constatado pela enfermeira gestora. A situação observada foi a dificuldade da equipe técnica de enfermagem em realizar a correta classificação de risco no acolhimento aos usuários, conforme o preconizado para a atenção primária em saúde, o que retardava o atendimento aos casos de pacientes com risco e vulnerabilidade altos. Essa falha no gerenciamento de prioridades foi evidenciada diversas vezes pelas acadêmicas, pelos enfermeiros da unidade e pela equipe médica. Portanto, como estratégia de intervenção, foram desenvolvidas duas tecnologias educativas leve-duras, uma voltada para os profissionais da unidade e uma para os usuários. As tecnologias aplicadas à educação são dispositivos utilizados para facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Foi desenvolvido um instrumento de classificação de risco com base no Caderno de Atenção Básica nº 28 - Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. A ferramenta desenvolvida tratava-se de uma tabela elaborada com linguagem simples, utilizando cores de classificação e estabelecendo os riscos conforme valores de sinais vitais e possíveis sintomatologias apresentadas pelo usuário. Posteriormente, foi realizada uma roda de conversa com as acadêmicas, a gestora de enfermagem e a equipe técnica de enfermagem para apresentar o material e discutir possíveis melhorias, favorecendo assim a segurança do paciente. Para os usuários, foi construído um banner com conteúdo informativo sobre a classificação do acolhimento da demanda, com as informações estratificadas da seguinte forma: azul (atendimento conforme agenda), verde (atendimentos no dia), amarelo (atendimento no turno) e vermelho (atendimento imediato). O objetivo dessa ação foi instruir o usuário quanto ao fluxo do serviço e envolvê-lo na sistematização do seu próprio cuidado, visando reduzir a insatisfação no momento da espera pelo atendimento. Contribuições: A divisão dos setores de serviço na UBS proporcionou o aprofundamento dos conteúdos técnico-científicos aprendidos em sala de aula e ainda permitiu a obtenção de maior aptidão nas mais diversas linhas de atuação do enfermeiro dentro da Atenção Básica de Saúde. Sabe-se que durante a graduação, devido ao quantitativo de alunos, escassez de campos de estágio e limitada carga horária prática, alguns acadêmicos não têm a possibilidade de realizar alguns procedimentos privativos do enfermeiro. A duração do estágio, mais longa que as aulas práticas em campo, possibilitou evidenciar as dificuldades e limitações das acadêmicas e permitiu que as mesmas pudessem ser sanadas com os profissionais que já apresentavam experiência na área. No campo da atenção primária, o estágio curricular permite o desenvolvimento das competências deficitárias das graduandas finalistas. A proposta de divisão entre os setores no campo de estágio apresentou resultados favoráveis, visto que a atuação de forma individual das acadêmicas nos setores possibilitou o fortalecimento de sua autonomia, estimulou o pensamento crítico reflexivo e a melhora das habilidades para as atividades de enfermagem. A troca de experiências com os profissionais da unidade básica durante o estágio curricular promoveu o desenvolvimento profissional e pessoal das acadêmicas, possibilitando o aperfeiçoamento das habilidades de relação interpessoal, compreendendo a importância da atuação da equipe multiprofissional e do trabalho em equipe, além de contribuir para uma formação de futuros profissionais preparados para o mercado de trabalho.