Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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ESTÁGIOS EM SAÚDE COLETIVA EM TEMPOS DE PANDEMIA DE COVID-19.
Última alteração: 2022-02-06
Resumo
Apresentação: A formação do Fonoaudiólogo objetiva instrumentalizar o profissional dos conhecimentos solicitados para o exercício da promoção, prevenção e recuperação da saúde em todos os níveis de atenção, compreendendo a ordenação da formação de recursos humanos na área da saúde como competência do Sistema Único de Saúde (SUS). As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) descrevem que os cursos de graduação da área da saúde apresentam princípios, competências, habilidades e atitudes, numa formação que privilegie abordagens para lidar com projetos humanos e de vida em todas as formas de expressão. Tal formação deve ser pautadas no trabalho em equipe de caráter interprofissional à luz de ações multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares. Ancorados nos princípios do SUS, com ênfase na integralidade da atenção e na universalidade de acesso. No que se refere à formação, em especial à necessidade de experiência profissional dos estudantes no SUS, em seus diferentes níveis de atenção, vivenciando ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, necessitam ser destacada como experiências potentes na perspectiva da integralidade da assistência. O curso de bacharelado em fonoaudiologia da UFPE, alinhado com esses princípios, oportuniza a realização dos estágios em saúde coletiva a partir do quarto período, em formato presencial, nos serviços públicos da rede de saúde de três municípios da região metropolitana de Recife. Considerada o principal modelo de atenção à saúde, a Atenção Primária em Saúde (APS), destaca-se como o componente mais abrangente, uma vez que suas práticas são centradas na produção de cuidado e saúde da população. Os estágios são realizados no Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) e a atividade de preceptoria é desenvolvida pelos fonoaudiólogos integrantes das equipes. A proposta de estruturação do NASF-AB, é fundamentada na ampliação da abrangência e do escopo das ações da atenção básica, bem como sua resolubilidade. A inserção do fonoaudiólogo, nesse âmbito, desempenha um papel importante na manutenção da saúde e na qualidade de vida da população, uma vez que a comunicação humana está relacionada com a interação do indivíduo em sociedade, com a aprendizagem e com os fatores emocionais. As equipes se organizam em um arranjo operativo de ações que pretende superar a lógica do cuidado fragmentado, visando alcançar a integralidade do cuidado. Com a deflagração pela OMS, em janeiro de 2020, da emergência em saúde pública de interesse internacional, o que levou a toda uma reestruturação da modalidade ofertas formativas pelas diversas instituições de ensino superior. Em janeiro/2021, após nove meses de paralização, a UFPE retoma os cursos de graduação em formato híbrido, utilizando-se de ferramentas tecnológicas como forma de oportunizar a retomada das atividades acadêmicas. Concomitante à retomada, o Brasil dava os primeiros passos no sentido de aquisição de vacinas, o que veio a ocorrer em março/2021. Na perspectiva de oferta de vacinas em ampla escala para toda população, o Brasil realizou três acordos de transferência de tecnologia para produção/aquisição de imunobiológicos, proporcionando a vacinação gradual da população brasileira, alcançando os alunos de graduação entre os meses de maio e junho/2021. Desenvolvimento do trabalho: No Brasil, são muitos os movimentos que pretendem propiciar a aproximação da formação dos profissionais de saúde às necessidades de saúde da população. Nesse sentido, optou-se pelo relato de caso, como estratégia metodológica, com objetivo de apresentar as estratégias educacionais que foram adotadas no desenvolvimento dos estágios. Resultados: O arcabouço legal, define que os estágios sejam realizados em cenários diversificados, nos níveis hierárquicos de atenção à saúde do SUS. Onde em seu desenvolvimento o discente deve ter contato direto com a prática de sua profissão, vivenciado experiências de aprendizagem com seu professor, com os trabalhadores da saúde, com a rede de saúde, e com a comunidade.Os estágios em saúde coletiva da graduação em fonoaudiologia da UFPE, estão alocados nos quatro últimos semestres da grade curricular. Compreendendo a cada semestre uma carga horária prática de 60h, correspondendo ao total de 240h. A princípio, as ementas apresentavam uma carga horária a ser cumprida de forma presencial, correspondendo à 12h (três semanas) no estágio 1, e nos estágios 2, 3 e 4 8h (duas semanas), denominado de imersão teórica. Nesse primeiro momento dos estágios pretende-se subsidiar teoricamente as práticas que serão vivenciadas nos estágios. Assim na perspectiva de uma abordagem pedagógica, amparada por estratégias crítico-reflexivas, metodologias ativas e aprendizagem significativa baseada em resolução de problemas, chegou-se a uma proposta de plano de ensino híbrido, que conjugasse momentos de discussão teórica, compartilhamento de experiências e planejamento de ações de forma remota, mediada por tecnologias, com as práticas presenciais nos diversos serviços de saúde. A disponibilização do google meet, pela UFPE, como ambiente virtual de execução das atividades remotas, é um elemento a ser destacado como impulsionador das atividades. Ferramentas como: google drive, meet, classroom, formulários google, editor de textos e de planilhas, possibilitaram a qualificação das estratégias pedagógicas planejadas para o desenvolvimento das atividades. Os aplicativos de celular também se mostraram como importantes meios de viabilização dos estágios. Grupos de whatsapp, foram utilizados como instrumento de gestão dos processos de trabalho, comunicação professor/aluno/precpetor, compartilhamento de materiais de educação em saúde, mobilização de comunitários e trabalhadores das equipes de saúde, repositório de pactuações, articulação intra e intersetorial, dentre outros. Aplicativos como o power point, Canva, Movie Maker, gravadores de áudio, forma grandes aliados na produção de materiais de educação em saúde, e divulgação de informações confiáveis durante o desenvolvimento dos estágios. Considerações finais: Ainda que a pandemia de Covid-19 tenha provocado as mais profundas modificações na humanidade, há de se considerar que alguns ganhos foram registrados, em especial no que diz respeito da forma como as ferramentas tecnológicas podem potencializar e qualificar os processos formativos na saúde. É impossível não reconhecermos, em determinados contextos e situações, processo pedagógicos amparados em metodologias critico-reflexiva e significativas considerando o protagonismo do discente mediada nas práticas nos serviços do SUS, resultam em uma formação de qualidade e alinhada com a produção de vida e saúde nos diversos níveis hierárquicos do sistema de saúde. E ainda, considerando os novos perfis formativos propostos nas reformas nas DCNs, assim como as realidades encontradas nos territórios, nas estruturas de gestão do SUS, e nas necessidades reais da sociedade, incorporarmos a tecnologia como aliado na formação dos profissionais de saúde, repercutindo assim na produção de saúde da população.