Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Risco de mortalidade por Covid-19 em pessoas com cardiopatia no estado de São Paulo
Ana Cristina Ribeiro, Ana Júlia Camargo, Ana Paula de Vechi Corrêa, Jade Alycia Ribeiro e Santos, Silvia Carla da Silva André Uehara

Última alteração: 2022-01-31

Resumo


Introdução: A mortalidade por Covid-19 está associada a presença de comorbidades, e dentre as doenças cardiovasculares, a cardiopatia apresenta alta letalidade no estado de São Paulo, correspondendo a 17,8%. Objetivo: Analisar a mortalidade de Covid-19 em pessoas com cardiopatia no estado de São Paulo. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico, retrospectivo e analítico no estado de São Paulo. Os dados foram coletados no Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), no período de fevereiro de 2020 a julho de 2021. Para a análise de comparação de dados dos casos de Covid-19 adotou-se N = 168.808. As comparações foram analisadas por meio do modelo de regressão log-binomial e cálculo de risco relativo. O modelo comparando pacientes com e sem cardiopatia foi ajustado por sexo, faixa etária, obesidade e diabetes, possíveis variáveis de confusão. Resultados: A análise comparativa mostrou que não houve associação de risco de mortalidade em pessoas com cardiopatia infectada pelo Covid-19 quando comparadas as pessoas sem cardiopatia. No entanto, na comparação por faixa etária e a presença ou não de cardiopatia, pessoas portadoras de cardiopatias na faixa etária de 21 a 50 anos apresentaram maior risco de óbito. Mulheres com cardiopatia de 11 a 20 anos apresentaram risco 2,10 maior de mortalidade que as mulheres sem cardiopatia. Já as mulheres cardiopatas acima de 51 anos apresentaram menor risco de óbito do que os homens na mesma faixa etária, resultado similar foi observado em mulheres sem cardiopatia a partir de 31 anos. Além disso, com poucas exceções, observou-se que tanto em pessoas infectadas por Covid-19 com cardiopatia e sem cardiopatia, na comparação entre as faixas etárias, as pessoas mais jovens apresentaram menor risco de mortalidade. Discussão: estudos iniciais mostraram que a taxa geral de letalidade era mais elevada em indivíduos com doença cardiovascular preexistente e infectados pela Covid-19. Estudos apontam que apesar de não haver diferença na proporção de homens e mulheres com Covid-19, os homens tendem a evoluir para formas graves da infecção, sugerindo que o dimorfismo sexual pode se apresentar como fator protetor para as mulheres. Além disso, o envelhecimento pode resultar em algumas alterações no sistema imunológico, o que poderia diminuir a capacidade de enfrentamento do corpo na eliminação do vírus SARS-CoV-2. Por fim, pacientes com doenças cardiovasculares preexistentes e com níveis elevados de enzima conversora da angiotensina 2 podem estar mais suscetíveis ao SARS-CoV-2. Considerações finais: Foi observado que adultos portadores de cardiopatia e com Covid-19, principalmente homens, possuem um risco aumentado de mortalidade quando comparadas as pessoas sem cardiopatia.  As doenças cardiovasculares são um problema de saúde pública mundial, pessoas com comorbidades cardiovasculares têm reservas funcionais vasculares diminuídas e a infecção por SARS-CoV-2 pode agravar o estado clínico. Os achados deste estudo contribuem para enfatizar a necessidade de estratégias para o tratamento precoce e a importância da vacinação contra a Covid-19 de pessoas com alguma doença cardiovascular.