Apresentação: Os homens acessam os serviços de saúde por meio da atenção terciária, quando já existe um quadro clínico de morbidade instalado, muitas vezes cronificado, demandando altos custos sociais, particularmente, para os homens, e econômicos para o estado. Neste sentido, a Política Nacional de atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) destaca ainda, que 80% das internações masculinas no SUS são motivadas pelas causas externas, com preponderância na faixa etária dos 20 aos 29 anos, e reforça que em 2017, 39,8% das internações foram de homens, e dessas 48% ocorreram na faixa populacional dos 15 aos 59 anos. Sendo os acidentes de trânsito as causas de maior magnitude. Diante do reconhecimento desse cenário que se traduz como um importante problema de saúde pública, o Ministério da Saúde do Brasil instituiu a PNAISH, a qual tem o propósito de qualificar a saúde da população masculina na perspectiva de linhas de cuidado resguardando a integralidade da atenção, o fortalecimento e qualificação da atenção primária para garantir a promoção da saúde e a prevenção de agravos evitáveis a esta população. Incluir os homens na atenção primária à saúde é um desafio às políticas públicas, pois estes não reconhecem a importância da promoção da saúde e prevenção de doenças como questões associadas a sua saúde. O cuidar de si e a valorização do corpo no sentido da saúde, não são questões colocadas na socialização dos homens. Assim o estudo teve como objetivo implementar um plano de intervenção na Unidade de Saúde para obter adesão da população masculina às ações de prevenção e promoção em saúde do homem. Desenvolvimento: Esse estudo consiste em um relato o descritivo de experiência do projeto de intervenção que foi realizado após um diagnóstico situacional na área de abrangência onde foi descoberto como nó crítico: a não procura dos usuários do sexo masculino nos atendimentos realizados na Unidade Básica de Saúde para promoção da saúde e prevenção de doenças, em uma vila de pescadores no litoral do nordeste cearense, realizado no período de julho à dezembro de 2018. Para implementar o plano de intervenção como tecnologia do processo de trabalho na atenção básica, foi realizado um planejamento e articulação das atividades, sendo elaborados estratégias que foram efetivadas visando contemplar os objetivos propostos: Realização de um diagnóstico situacional, através de observação participante e um levantamento da principal necessidade dos profissionais de saúde e dos usuários; Mobilização e sensibilização de toda a equipe sobre a implementação do plano de intervenção na Unidade de Saúde para obter adesão da população masculina às ações de prevenção e promoção em saúde do homem, apresentando a proposta de implementação, detalhando os objetivos, prazos, bem como estimulando a participação de todos os usuários;  Orientação e mobilização da comunidade sobre a implantação do plano de intervenção. Este momento foi realizado com ajuda das agentes comunitários de saúde, que contribuíram com a divulgação dessa estratégia durante as visitas domiciliares; Realizou-se a avaliação através da observação e conversa informal com os sujeitos envolvidos após a implantação da intervenção, analisando a satisfação, o acolhimento, o atendimento e a resolutividade dos problemas. Todas as informações e dados obtidos durante a realização do estudo foram utilizados somente para fins da pesquisa, sendo garantido o sigilo e a confidencialidade de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde de nº 466/12. Resultado: Os resultados desta pesquisa são apresentados e discutidos em três eixos temáticos, conforme as etapas vivenciadas pelos autores- Encontro com a temática: percebendo uma lacuna na ESF quanto à assistência à saúde do homem, senti a necessidade de estudar como é a relação do homem com a sua saúde e prevenção de doenças. A pouca procura da população masculina pelos serviços prestados na atenção primária de saúde foi o fator principal pelo interesse nessa pesquisa. Vários indicadores de saúde comprovam a grande necessidade de se desenvolver mais estudos abordando esse tema, compreendendo de uma maneira ampla as problemáticas que envolvem essa população, facilitando as construções de ações preventivas necessárias para reverter esse quadro. A partir da realidade observada neste serviço de saúde, verificou-se a inexistência de uma assistência sistematizada e de um atendimento hierarquizado, além de uma crescente demanda. Partindo do pressuposto de que o SUS, objetiva promover uma abordagem integral e garantir a equidade no acesso, de forma a satisfazer as necessidades de todos os cidadãos e superar as desigualdades, salienta-se a necessidade de buscar alternativas que priorizem o atendimento aqueles usuários com maior gravidade, no sentido de diminuir os riscos advindos do tempo de espera para o atendimento. • Mobilização e sensibilização dos profissionais e comunidade: depois de elaborado e construído os materiais, realizou-se a mobilização e sensibilização de toda a equipe, sobre a implementação do projeto de intervenção, afim de que todos pudessem contribuir com a efetivação desse projeto, logo ressaltamos em todos os momentos a relevância de um trabalho interdisciplinar e articulado. A priori apresentou-se o projeto na roda que acontece todas as quintas-feiras, explicitando os objetivos, a finalidade, a metodologia de implantação e os resultados esperados, salientando que seria um projeto piloto, no entanto, esperava-se, que a partir dessa iniciativa, esse nova proposta de trabalho, se efetivasse no serviço enquanto estratégia de aumentar a procura masculina pelo serviço. • Capacitação dos profissionais de saúde: realizou-se uma oficina, esta mesma dividida em três momentos: no primeiro abordaram-se conceitos, no segundo foi a apresentação da proposta da implantação e no terceiro realizou-se treinamento e reflexão, através da aplicação de estudo de casos. Durante essa etapa evidenciou-se que estes profissionais perceberam claramente o significado e as implicações e importância da implantação de ações voltadas para os homens. Essa proposta de intervenção busca implantar ações para a melhoria na capacitação de profissionais e na atenção aos usuários no intuito de desenvolver estratégias que venham a promover aumento na adesão dos usuários do sexo masculino na unidade de saúde da família com a finalidade de assumirem o papel de protagonistas do seu processo saúde/doença, dando maior prioridade à promoção da saúde e prevenção das doenças. Os profissionais reconheceram que o mesmo amplia vínculos e melhora a compreensão sobre as necessidades dos usuários masculinos. A avaliação do projeto pela equipe acontece nas reuniões quinzenais, com todos os envolvidos nas ações, onde são apresentados os resultados dos monitoramentos da equipe e avaliação dos participantes, sendo elaborado um relatório avaliativo mensal, que serão os norteadores do relatório final. Considerações finais: esperamos que este trabalho contribua para uma reflexão dos profissionais e usuários no sentido de aprofundar conhecimentos e instigar mudanças no modo como os serviços de saúde vêm sendo oferecidos à população. Conquistar a população masculina por meios de programas educativos que possam oferecer no mínimo um atendimento primário parece ser um trabalho nada fácil. Seria necessário algumas mudanças na rotina do atendimento que, segundo dados apontados por várias pesquisas de estudos um dos fatores agravantes para a ausência do homem nas unidades de saúde seria o horário não apropriado para o atendimento. Levando em consideração essa pesquisa, entende-se que se é necessária a discussão sobre as barreiras e motivações para que os homens realizem prevenção das doenças, inserindo-os no contexto da saúde masculina em todas as fases do ciclo de vida do homem.