Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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UTILIZAÇÃO DA SIMULAÇÃO REALÍSTICA NA PRÁTICA DE BIOSSEGURANÇA COMO INOVAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
EMILY EMANUELE DA SILVA PEDROSA, LEONARDO CARVALHO DA SILVA, VIVIANE FERRAZ FERREIRA DE AGUIAR

Última alteração: 2022-02-03

Resumo


Introdução: Durante a formação do profissional enfermeiro, é necessário que as propostas pedagógicas do ensino de enfermagem articulem entre a teoria e prática através de abordagens que possibilitem ao discente o desenvolvimento de competências e habilidades a respeito de seu exercício profissional, a fim de reconhecer e transformar processos de trabalho e contribuir para a superação do tecnicismo e reprodução de práticas rotineiras inadequadas, visando colaborar no avanço da ciência da enfermagem. Neste segmento, diferentes estratégias metodológicas podem ser implementadas pelos docentes, tendo as metodologias ativas como grandes aliadas nesse processo, as quais fomentam a interação e a troca de saberes entre docentes e discentes, promovendo a formação de pensamento crítico e reflexivo, criando um cenário em que o aluno busque soluções efetivas aos problemas encontrados. Entre as metodologias ativas tem-se a simulação realística, o uso desse tipo de metodologia no ensino de ciências da saúde ocorre desde a antiguidade, onde diferentes culturas usavam modelos de pacientes humanos construídos através de argila ou pedra, a fim de exemplificar quadros clínicos de patologias e seus agravos, temos como exemplo os simuladores obstétricos que surgiram no século XVIII na França, e foram utilizados até o início do século XX para treinar parteiras e cirurgiões. Apesar do uso de simulação no âmbito da saúde ser antigo, até hoje ela é uma metodologia de ensino inovadora, sendo uma ferramenta fundamental para a formação de profissionais da saúde. O ensino por simulação vem sendo utilizado pelas faculdades de Enfermagem com intuito de promover a construção de conhecimento e desenvolvimento de competências profissionais ao longo da graduação, proporcionando vivências e oportunidades de preparar os discentes para seu futuro contexto de trabalho, oportunizando além da prática de habilidades clínicas de enfermagem, mas também possibilitando a sensação de como é atuar como profissional enfermeiro. Assim sendo, a simulação realística é caracterizada como um processo dinâmico que compreende na criação de um cenário hipotético representando de forma autêntica a realidade. Essa abordagem de ensino, facilita a participação ativa do aluno, integrando as complexidade da aprendizagem prática e teórica, preparando-os para a prática de enfermagem. Desta forma, o objetivo desse estudo é relatar uma experiência vivenciada por meio da realização de uma simulação realística na prática de biossegurança como inovação no processo de ensino-aprendizagem. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, desenvolvido pela docente e monitores da atividade curricular “Fundamentos de Enfermagem”, no período de outubro de 2021, na Faculdade de Enfermagem, de uma Instituição de Ensino Público. Foi aplicada a simulação realística em uma aula laboratorial tendo como temática “medidas de biossegurança nas práticas de assistência à saúde”. A metodologia foi dividida em três etapas:  I-Apresentação do caso clínico e Checklist; II-Encenação e Debriefing. Foi criado um cenário (serviço de enfermagem, materiais a serem utilizados no atendimento ao paciente, placas de identificação de precaução padrão e específica e leito de isolamento) e personagens (enfermeiro, técnico de enfermagem, paciente, narrador do caso clínico) hipotéticos. O espaço foi organizado para fazer a relação com a atribuição da equipe de enfermagem quanto as normas de biossegurança no atendimento. Dois alunos foram convidados para participar como profissional de enfermagem e paciente. Foram orientados sobre como iria acontecer a encenação, mas que a conduta do profissional de enfermagem deveria ser uma escolha do mesmo (cena não controlada). O enfermeiro e o narrador da cena sabiam como o enredo iria acontecer (cena controlada). O roteiro de Checklist foi entregue aos alunos para avaliação. Sendo assim, foi apresentado a turma um caso clínico fictício de um paciente infantil que se encontrava internado em uma enfermaria hospitalar, diagnosticado com impetigo, uma doença bacteriana altamente contagiosa. Neste cenário, uma enfermeira e um técnico de enfermagem iriam prestar assistência a esse paciente, orientando a família quanto as condições do paciente e também a aferição dos sinais vitais e administrando medicações. Durante a simulação os profissionais de enfermagem deveriam identificar qual tipo de precaução padrão e específicas deveria ser utilizada e realizar a paramentação com os equipamentos de proteção individual de forma adequada. Ao longo da simulação erros propositais foram cometidos, gerando problemas para que os alunos identificassem e os solucionassem através do diálogo em grupo, entre docente-discente e pensamentos críticos e reflexivos. Resultados e Discussão: A simulação realística permitiu a participação dos discentes do início ao fim da atividade por meio do diálogo e troca de ideias, melhorando a fixação dos conteúdos que haviam sido ministrados anteriormente a execução do cenário simulado. A partir do checklist e o debriefing os discentes conseguiram compreender os diversos aspectos que estavam envolvidos naquele cenário, inclusive situações que não estavam previstas pelo docente e monitores. Conseguiram ser resolutivos nos achados encontrados durante a encenação, identificando condutas equivocadas pelos profissionais de saúde, tanto em relação ao risco de contaminação, como também a falta de um relacionamento interpessoal entre o profissional e paciente/família. A realização da metodologia fez com que os discentes tivessem uma dinamização em seu processo ensino-aprendizagem. A utilização da simulação realística é um recurso que melhora não somente o processo ensino-aprendizagem, mas também motiva os discentes, pois há a construção de cenários próximos ao da realidade, em um ambiente seguro, onde pode ocorrer erros, repetições de procedimentos e abordagem de diversas intervenções, permitindo o aperfeiçoamento de habilidades e competências. Conclusão: Ao término dessa experiência, foi observado pela docente e monitores que o objetivos da aula havia sido alcançado, visto que, através do uso desta metodologia os discentes foram capazes de compreender a conduta do enfermeiro e do técnico ao reconhecer um paciente que necessita de precauções especificas, além de identificar erros nas medidas de biossegurança aplicadas pelos profissionais, apontando soluções para as falhas encontradas na assistência. Foi notório que quando o discente de enfermagem reconheceu a aplicabilidade do que estava estudando em situações práticas, o conhecimento passou a ser mais significativo e atrativo durante a aula. Assim sendo, o uso de metodologias ativas constituiu em uma estratégia fundamental no ensino aprendizagem da enfermagem, onde os discentes foram estimulados ao desenvolvimento do senso crítico e vivenciaram uma aprendizagem de qualidade com foco em situações reais, oferecendo maior segurança e entendimento do ambiente de trabalho.