Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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OS IMPACTOS PSICOLÓGICOS DO ISOLAMENTO SOCIAL EM TEMPOS DE PANDEMIA: uma revisão integrativa
Gabriela Mariana Santos da Costa, Hélida Tavares Pereira, João Cardoso da Silva Junior, Kézia Thalyta Costa de Souza, Núbia Regina Alves Gomes, Silvia Dora Souza Cerveira da Silva, Gabriela Di Paula Dias Ribeiro

Última alteração: 2022-02-06

Resumo


Apresentação

Os primeiros casos de COVID-19, popularmente conhecido como Coronavírus, surgiram no final de 2019 na cidade de Wuhan na China, e a incidência aumentou exponencialmente nas primeiras semanas, um dos motivos para isso é a alta taxa de transmissão do vírus, o que fez com que em março a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarasse como uma pandemia de Coronavírus (OMS, 2020). Até o dia 13 de dezembro de 2021, o número de casos confirmados de COVID-19 no mundo era de 270.155.054 e de óbitos 5.355.991 (DADOS E ANALYTICS DA DASA, 2021).É possível afirmar que a pandemia de COVID-19 é um dos maiores desafios de saúde pública internacional das últimas décadas. São múltiplas as consequências, seja de ordem física, psicológica ou social. Em virtude das elevadas taxas de propagação do vírus, foi necessária uma mudança acentuada no cotidiano das pessoas ao redor do globo em todos os campos, como a impossibilidade do trabalho presencial devido aos lockdowns decretados pelos Governos, a perda de familiares e amigos, o pânico pela nova doença e adaptação ao isolamento social (CASTRO-DE-ARAÚJO; MACHADO, 2020). Decorrente desse contexto, surgem elementos que, inevitavelmente, abalam o psicológico dos sujeitos, seja o medo de ser vítima da COVID-19, a insegurança por toda a desestruturação de rotina, as dúvidas sobre o retorno às atividades sociais, o futuro individual e da coletividade e, principalmente, acerca das relações humanas a posteriori (FARO et al., 2020). Tal conjuntura evidencia a necessidade de novas pesquisas que possam auxiliar na compreensão da mesma, principalmente no que tange à aspectos pouco analisados, ainda que imensamente relevantes, como é o caso da saúde mental em meio à pandemia. Logo, este artigo busca responder a problemática de pesquisa: quais os impactos psicológicos do isolamento social em contexto pandêmico apontados pela literatura mais recente? Para tal, estabeleceu-se o objetivo de investigar, por meio de uma Revisão Integrativa da literatura mais recente, quais os impactos na saúde mental do isolamento social em um contexto de pandemia.

Material e métodos

Foram seguidas as seguintes fases do processo de construção de uma RIL: 1 - Elaboração da pergunta norteadora, 2 - Busca ou amostragem na literatura, 3 - Coleta de dados, 4 - Análise crítica dos estudos incluídos, 5 - Discussão dosresultados e 6 - Apresentação da revisão integrativa (SOUZA; SILVA; CARVALHO,2010). Delimitada a pergunta de pesquisa “quais os impactos psicológicos doisolamento social em contexto pandêmico apontados pela literatura mais recente?”, selecionou-se os descritores “isolamento social – social isolation”, “pandemia – pandemic” e “saúde mental – mental health” conforme os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Heading (MeSH) disponíveis na BVS-Psi, os descritores em português foram usados no levantamento de artigos na base dedados LILACS e Scielo, e em inglês na MEDLINE. Para a pesquisa dos artigos seguiu-se as recomendações PRISMA que consistem em um checklist e um fluxograma de quatro etapas: identificação, análise, elegibilidade e inclusão (GALVÃO; PANSANI; HARRAD, 2015). Os critérios de inclusão foram artigos nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados entre 2015 e 2020 que abordassem os possíveis impactos que o isolamento social, em contexto pandêmico, tem na saúde mental dos indivíduos bem como a eventual relação de fatores socioeconômicos com esses impactos psicológicos. Os critérios de exclusão foram artigos que não apresentassem associação entre isolamento social, pandemia e impactos psicológicos; que abordassem impactos psicológicos com grupos específicos (profissionais de saúde, crianças e idosos); cartilhas, notas técnicas e relatórios de conferências; artigos com foco em luto na pandemia e alcoolismo na pandemia e seus respectivos impactos psicológicos.

Resultados e discussão

Seguindo a proposta metodológica destacam-se alguns dados que relacionam fatores socioeconômicos com os impactos psicológicos decorrentes do isolamento social. Para responder a pergunta norteadora desta pesquisa – quais os impactos psicológicos do isolamento social em contexto pandêmico apontados pela literaturamais recente? – foram analisados diversos artigos, dentre eles, o de Duarte (2020) aponta que somente o auto isolamento não desencadeia o início de uma depressão, mas que a percepção de sintomas de COVID-19 e a exposição a notícias midiáticas sobre a pandemia levam a essa consequência. Os seguintes artigos também abordam a influência de outros fatores de risco, além do isolamento social, que afetam a saúde mental na pandemia: Santos M. e Rodrigues J. (2020) mencionam doenças mentais, mudança na rotina, alto número de mortes pela COVID-19, situações relacionadas à empregabilidade, influência das mídias sociais e fatores socioeconômicos; Garrido, Rodrigues (2020) também destaca o excesso de exposição às informações sobre a pandemia e suas consequências; Pereira et al. (2020) aponta a contaminação pela COVID-19 e aspectos psicossociais como uma das causas que corroboram para o desgaste da saúde mental. Não obstante, Faro et al. (2020) debate sobre como alterações no funcionamento social e o risco de contaminação pelo vírus, podem desencadear consequências negativas para a psique. Schmidt et al. (2020) e Kim, Laurence(2020) coadunam acerca de como o medo de contaminação, a influência de fatores socioeconômicos e condições de saúde mental pré-existentes, também são determinantes para afetar a saúde psiquíca. Smith Lee et al (2020), ainda enfatiza questões de dificuldade financeira, desemprego, ambiente residencial inapropriado (superlotação); e por fim, Aquila et al. (2020) aponta a violência doméstica intrafamiliar e exposição à notícias jornalísticas relatando suicídios por conta dapandemia e comorbidades psiquiátricas como condições de risco à saúde mental. A pandemia do COVID-19 não apenas originou ou intensificou transtornos de saúde pré-existentes, mas também evidenciou questões sociais que influenciam diretamente na saúde do indivíduo. O isolamento social na pandemia pôde ser vivenciado de múltiplas formas, seja com acolhimento adequado naquele período ou acentuando conflitos pré-existentes. São casos de moradia inadequada versus quantidade de membros, além de uma tendência a discussão de assuntos que poderiam estar sendo evitados, mas que pelo maior tempo de convivência em casa se tornaram inevitáveis e provocaram tensões e, por consequência, impactos na saúde mental (SMITH et al., 2020). Para Duarte et al (2020), neste cenário, pela adoção do isolamento social como medida para evitar a propagação do COVID-19, é inerente que ocorram alterações no comportamento dos indivíduos e suas rotinas, que somado ao medo de contaminação, afetam a saúde mental. No entanto, verificou-se que o isolamentosocial sozinho não é responsável por danos psicológicos.

Considerações Finais

Com base nos dados obtivemos um resultado parcial encontrado nesta revisão, de que os impactos psicológicos mais presentes dentre os artigos analisados foram depressão, ansiedade, transtorno de pânico, delírios, comportamento suicidas, automutilação, estresse, raiva e fadiga. No que diz respeito ao isolamento social, sintomas psicopatológicos são mais acentuados quando há outros fatores inerentes ao contexto pandêmico como medo de contaminação e exposição a notícias de mídias sociais, ou seja, não se associa exclusivamente a se manter em isolamento. Quanto ao fator financeiro se constatou que pessoas socialmente mais vulneráveis sofrem impactos na saúde mental em maior grau que outros sujeitos mais privilegiados que mantêm estabilidade ou sofrem sutis oscilações de renda.