Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Aplicação de um questionário piloto sobre os aspectos que interferem na produção de saúde, adoecimento e cuidado dos profissionais de saúde no Brasil na pandemia de COVID-19
Alessandra Aniceto Ferreira de Figueirêdo, Aline Vilhena Lisboa, Breno de Oliveira Ferreira, Michelle Plubins Bulkool, Fabio Rodrigues Furriel, Lorena Faria de Oliveira, Renata De Carli Rojão, Taís Caroline dos Santos Silva

Última alteração: 2022-02-02

Resumo


Este trabalho objetiva analisar os resultados obtidos com a aplicação de um questionário piloto, formulado para investigar as possíveis repercussões da pandemia em diferentes eixos da vida de trabalhadores da saúde. O questionário foi elaborado a partir de uma pesquisa sobre o tema em bancos de dados, como Pubmed, Scielo, Google Acadêmico e Biblioteca Virtual em Saúde, usando os descritores “saúde”, “profissionais de saúde”, “COVID-19”, “ergonomia” e “enfrentamento a COVID-19”. A partir desse levantamento, o grupo construiu o questionário com 59 perguntas (abertas e fechadas), cujos itens discorriam sobre a identificação e o contexto sociodemográfico do participante da pesquisa, questões sociais, físicas, emocionais, espirituais, de trabalho/intelectuais. Junto ao questionário piloto, foi enviado um instrumento de avaliação com oito perguntas fechadas sobre o tempo de resposta, a qualidade das questões, bem como uma pergunta aberta às sugestões e melhorias do questionário do estudo. Responderam os instrumentos 15 profissionais de saúde (médica(o)s, enfermeira(o)s, cirurgiã(o) dentista, farmacêutica(o)s, técnica(o)s em enfermagem) dos estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Paraíba, Alagoas e Minas Gerais, o que incentivou a expansão da pesquisa para todo o Brasil e não apenas Macaé- Rj e Manaus- AM, conforme proposto inicialmente. Os resultados apontaram para uma população profissional predominantemente feminina, preta e parda, casada, com ensino superior completo, a maioria entre 31 e 45 anos. Esse(a)s profissionais atuam em diversos locais de atendimento para COVID-19, como hospital geral, ambulatório, unidade básica de saúde, farmácia especial. A maioria mostra estar satisfeita com os colegas de trabalho, com o fornecimento de equipamento de proteção individual, mas sofre com o aumento na carga horária por motivo de afastamento de colegas contaminados e cuidado redobrado com o protocolo de higienização e desinfecção. A carga de trabalho excessiva têm sido um dos fatores de mudança na rotina com a família, lazer, contato social e relacionamento amoroso, trazendo uma restrição obrigatória nas relações interpessoais, em função do receio de contaminar o outro, da ansiedade e medo da morte. O consumo de alimentos aumentou e levou os profissionais a buscarem comidas menos nutritivas, demandando a inserção de complexo vitamínico na rotina alimentar. Os profissionais oscilaram na qualidade do sono, não tendo sido observado aumento no uso de antidepressivo e ansiolítico. O uso de mídia social para atividade espiritual e de lazer foi outro aspecto importante. Ainda que estejam passando pelo momento pandêmico, acreditam num futuro melhor, com boas perspectivas e expectativas, mas ao mesmo tempo demonstram insatisfação com o comportamento das pessoas diante da pandemia. Com relação ao questionário de avaliação do piloto, este permitiu revisar alguns itens do instrumento da pesquisa, levando em consideração a trajetória profissional, pessoal e espiritual desses sujeitos. Por fim, a proposta foi indispensável para analisar os processos de adoecimento a partir de uma perspectiva ampla, capaz de olhar o indivíduo de forma integral e multifacetada, a fim de identificar fatores de risco envolvidos de forma mais precisa e auxiliar medidas preventivas e de tratamento mais eficazes em favor do profissional de saúde.