Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-02
Resumo
Apresentação: O presente trabalho é fruto da experiência de ensino-aprendizagem desenvolvida durante os meses de novembro a dezembro de 2021. A sinergia de esforços uniu os docentes do componente curricular Saúde Coletiva I, os/as servidores/as da Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e os acadêmicos do primeiro período de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia – UFU diante da impossibilidade da rede municipal de saúde receber os estudantes para as atividades práticas como previsto no Projeto Pedagógico do curso. O objetivo deste trabalho consiste em apresentar e divulgar nossa experiência de aprender sobre o Sistema Único de Saúde-SUS a partir do setor de reabilitação inserido num equipamento da Rede de Atenção Especializada e de alta complexidade. Desenvolvimento: A Unidade de Reabilitação recebeu essa nomeação a partir do momento em que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) assumiu a gestão e instituiu novo organograma. Antes era nomeado como Setor de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, e contava apenas com esses profissionais. No momento da observação contava com uma equipe multiprofissonal composta por Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, um Terapeuta Ocupacional e uma Profissional de Educação Física. A equipe atua em todos os setores de assistência do complexo hospitalar, visando à melhora mais rápida e eficiente dos/as usuários/as, como também ao desenvolvimento de adaptações que garantam uma melhor qualidade de vida posterior à alta. A equipe foi dividida em duplas que se alternaram durante o período de observações, sendo que cada uma ficou responsável por acompanhar pelo menos uma das áreas do setor de reabilitação: Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia Neonatal, Fonoaudiologia na UTI Adulto, Fisioterapia Neonatal, Fisioterapia na UTI Adulto e Fisioterapia na Unidade de Terapia Intensiva Coronariana. No primeiro encontro, os discentes Adalberto Teixeira da Mata Flora Neto e Gabriel Volpato Rocha vivenciaram a rotina Terapeuta Ocupacional recém contratado após três anos de vacância do cargo. Tal profissional é responsável por planejar o retorno do/a usuário/a para casa, considerando as possíveis limitações após processo de adoecimento. Além disso, o terapeuta ocupacional tem como foco, no HC-UFU, atuar em locais estratégicos, uma vez que o hospital possui mais de 500 leitos e seriam necessários vários outros profissionais para que cada um pudesse para atender de 1 a 2 clínicas específicas. No momento ele atuava de forma fixa na Unidade de Internação em Saúde Mental, na Unidade de AVC, na Unidade de Queimados e na Pediatria por meio da busca de pacientes que necessitavam de uma atenção especializada com a leitura de prontuários ou através do encaminhamento de outros profissionais que atuam nesses serviços. No segundo encontro, os discentes Alexandre Scuiçate Guerta e Pedro Henrique da Silva Andrade observaram a atuação da Fisioterapia Neonatal, acompanhando a coordenadora do setor que demonstrava formas de tratamentos/intervenções fisioterápicas com os recém nascidos. Destacou que essa atividade é recente dentro dos hospitais e também apresentou o setor físico que compreende esse departamento. No terceiro encontro, os discentes Alexandre Scuiçate Guerta e Ariane Aparecida Corrêa de Miranda visitaram o Setor de Fonoaudiologia Neonatal, sendo preceptorados pela coordenadora desse setor. Inicialmente, esta descreveu sua área de atuação e a importância do setor para propiciar uma melhora na qualidade de vida e um melhor desenvolvimento infantil de crianças com deficiência auditiva; em seguida, foi relatado os desafios enfrentados pelo setor, tais como, a dificuldade de lidar com a superlotação, a falta de profissionais, o alto custo dos aparelhos auditivos e a falta de valorização da profissão; ademais, foram apresentados o espaço físico que compreende os equipamentos utilizados para diagnostico dos usuário/as e os aparelhos utilizados a mitigação dos efeitos dessa deficiência. No quarto encontro, os estudantes Adalberto Teixeira da Matta Flora Neto e Rebeca Remanzini conheceram a atuação da Fonoaudiologia na Unidade de Terapia Intensiva Adulta. Com essa experiência, a dupla observou a composição da equipe, qual a sua atuação e quais são seus principais desafios, dentre os quais estão a escassez de materiais para desenvolvimento dos processos de reabilitação com os/as usuários/as. No quinto encontro, o setor de Fisioterapia Neonatal foi visitado novamente, desta vez pelas alunas Ariane Aparecida de Correa Miranda e Rebeca Remanzini. Nesse momento, os cuidados neuroprotetivos dos recém nascidos foram explanados pela fisioterapeuta responsável, a qual os mostrou na prática para as estudantes. Ademais, as discentes acompanharam uma atividade orientada pelo grupo de estagiárias da fisioterapia e praticada pelas mães com seus recém nascidos, a fim de estimulá-los de forma correta, saudável e promissora. No sexto encontro, os discentes Adalberto Teixeira e Ariane Aparecida Correa de Miranda visitaram a Unidade de Terapia Intensiva Adulto e observaram a atuação da equipe multiprofissional na realização de procedimentos clínicos após a chegada de um usuário/a de alto risco. Outro local acessado pelos estudantes nesse dia foi a Unidade de Terapia Intensiva Coronariana, onde puderam ter um parâmetro do cuidado de usuário/as em diferentes estágios do pós-operatório de cirurgias cardiovasculares, bem como do cuidado com usuários/as do pré-operatório. Nessas Unidades, a atuação de Fisioterapeutas é essencial para a reabilitação do usuário/a, uma vez que, devido às cirurgias de alto risco ou outras complicações, o/a usuário/a fica impossibilitado/a de fazer movimentos bruscos e independentes; porém, sem se movimentar, pode acabar desenvolvendo algumas sequelas. Resultados: Primeiro consideramos relevante destacar a disponibilidade para a relação ensino-serviço que o setor apresentou. Todos os servidores/as exerceram a preceptoria dos estudantes oportunizando a eles acessar e observar a atuação dos profissionais de todas as áreas que compõem o setor de Reabilitação. Essa disponibilidade para o encontro ensino-assistência reproduziu a materialidade da relevância do trabalho em equipe. Acompanhar o cotidiano da assistência multiprofissional e o empenho em garantir um cuidado integral aos usuários, demonstrando para os estudantes que a prevenção está presente também durante o tratamento e a reabilitação. Percebemos que o setor está sendo reformulado com a incorporação de novos profissionais em diversidade de áreas e também no aspecto quantitativo, acreditamos que a qualidade do trabalho desenvolvido, e apresentado a nós, deve ser valorizado pela instituição e transformado em apoio estrutural e humano nos próximos anos. Considerações finais: Esse trabalho pôde propiciar aos estudantes um primeiro contato com o SUS como acadêmicos de medicina e revelou ser possível (e gratificante) que essa abordagem também ocorra nos equipamentos da Rede de Atenção para além da Atenção Básica.