Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O SUS também está aqui: modos de ensinar sobre a integralidade do cuidado e o trabalho em equipe
Adalberto Teixeira da Matta Flora Neto, Ariane Aparecida Corrêa de Miranda, Rebeca Remanzini, Alexandre Scuiçate Guerta, Gabriel Volpato Rocha, Pedro Henrique da Silva Andrade, Tiago Rocha Pinto, Lilian Rodrigues de Abreu Macedo

Última alteração: 2022-02-02

Resumo


Apresentação: O presente trabalho é fruto da experiência de ensino-aprendizagem desenvolvida durante os meses de novembro a dezembro de 2021. A sinergia de esforços uniu os docentes do componente curricular Saúde Coletiva I, os/as servidores/as da Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e os acadêmicos do primeiro período de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia – UFU diante da impossibilidade da rede municipal de saúde receber os estudantes para as atividades práticas como previsto no Projeto Pedagógico do curso. O objetivo deste trabalho consiste em apresentar e divulgar nossa experiência de aprender sobre o Sistema Único de Saúde-SUS a partir do setor de reabilitação inserido num equipamento da Rede de Atenção Especializada e de alta complexidade. Desenvolvimento: A Unidade de Reabilitação recebeu essa nomeação a partir do momento em que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) assumiu a gestão e instituiu novo organograma. Antes era nomeado como Setor de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, e contava apenas com esses profissionais. No momento da observação contava com uma equipe multiprofissonal composta por Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, um Terapeuta Ocupacional e uma Profissional de Educação Física. A equipe atua em todos os setores de assistência do complexo hospitalar, visando à melhora mais rápida e eficiente dos/as usuários/as, como também ao desenvolvimento de adaptações que garantam uma melhor qualidade de vida posterior à alta. A equipe foi dividida em duplas que se alternaram durante o período de observações, sendo que cada uma ficou responsável por acompanhar pelo menos uma das áreas do setor de reabilitação: Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia Neonatal, Fonoaudiologia na UTI Adulto, Fisioterapia Neonatal, Fisioterapia na UTI Adulto e Fisioterapia na Unidade de Terapia Intensiva Coronariana. No primeiro encontro, os discentes Adalberto Teixeira da Mata Flora Neto e Gabriel Volpato Rocha vivenciaram a rotina Terapeuta Ocupacional recém contratado após três anos de vacância do cargo. Tal profissional é responsável por planejar o retorno do/a usuário/a para casa, considerando as possíveis limitações após processo de adoecimento. Além disso, o terapeuta ocupacional tem como foco, no HC-UFU, atuar em locais estratégicos, uma vez que o hospital possui mais de 500 leitos e seriam necessários vários outros profissionais para que cada um pudesse para atender de 1 a 2 clínicas específicas. No momento ele atuava de forma fixa na Unidade de Internação em Saúde Mental, na Unidade de AVC, na Unidade de Queimados e na Pediatria por meio da busca de pacientes que necessitavam de uma atenção especializada com a leitura de prontuários ou através do encaminhamento de outros profissionais que atuam nesses serviços. No segundo encontro, os discentes Alexandre Scuiçate Guerta e Pedro Henrique da Silva Andrade observaram a atuação da Fisioterapia Neonatal, acompanhando a coordenadora do setor que demonstrava formas de tratamentos/intervenções fisioterápicas com os recém nascidos. Destacou que essa atividade é recente dentro dos hospitais e também apresentou o setor físico que compreende esse departamento. No terceiro encontro, os discentes Alexandre Scuiçate Guerta e Ariane Aparecida Corrêa de Miranda visitaram o Setor de Fonoaudiologia Neonatal, sendo preceptorados pela coordenadora desse setor. Inicialmente, esta descreveu sua área de atuação e a importância do setor para propiciar uma melhora na qualidade de vida e um melhor desenvolvimento infantil de crianças com deficiência auditiva; em seguida, foi relatado os desafios enfrentados pelo setor, tais como, a dificuldade de lidar com a superlotação, a falta de profissionais, o alto custo dos aparelhos auditivos e a falta de valorização da profissão; ademais, foram apresentados o espaço físico que compreende os equipamentos utilizados para diagnostico dos usuário/as e os aparelhos utilizados a mitigação dos efeitos dessa deficiência. No quarto encontro, os estudantes Adalberto Teixeira da Matta Flora Neto e Rebeca Remanzini conheceram a atuação da Fonoaudiologia na Unidade de Terapia Intensiva Adulta. Com essa experiência, a dupla observou a composição da equipe, qual a sua atuação e quais são seus principais desafios, dentre os quais estão a escassez de materiais para desenvolvimento dos processos de reabilitação com os/as usuários/as. No quinto encontro, o setor de Fisioterapia Neonatal foi visitado novamente, desta vez pelas alunas Ariane Aparecida de Correa Miranda e Rebeca Remanzini. Nesse momento, os cuidados neuroprotetivos dos recém nascidos foram explanados pela fisioterapeuta responsável, a qual os mostrou na prática para as estudantes. Ademais, as discentes acompanharam uma atividade orientada pelo grupo de estagiárias da fisioterapia e praticada pelas mães com seus recém nascidos, a fim de estimulá-los de forma correta, saudável e promissora. No sexto encontro, os discentes Adalberto Teixeira e Ariane Aparecida Correa de Miranda visitaram a Unidade de Terapia Intensiva Adulto e observaram a atuação da equipe multiprofissional na realização de procedimentos clínicos após a chegada de um usuário/a de alto risco. Outro local acessado pelos estudantes nesse dia foi a Unidade de Terapia Intensiva Coronariana, onde puderam ter um parâmetro do cuidado de usuário/as em diferentes estágios do pós-operatório de cirurgias cardiovasculares, bem como do cuidado com usuários/as do pré-operatório. Nessas Unidades, a atuação de Fisioterapeutas é essencial para a reabilitação do usuário/a, uma vez que, devido às cirurgias de alto risco ou outras complicações, o/a usuário/a fica impossibilitado/a de fazer movimentos bruscos e independentes; porém, sem se movimentar, pode acabar desenvolvendo algumas sequelas. Resultados: Primeiro consideramos relevante destacar a disponibilidade para a relação ensino-serviço que o setor apresentou. Todos os servidores/as exerceram a preceptoria dos estudantes oportunizando a eles acessar e observar a atuação dos profissionais de todas as áreas que compõem o setor de Reabilitação. Essa disponibilidade para o encontro ensino-assistência reproduziu a materialidade da relevância do trabalho em equipe. Acompanhar o cotidiano da assistência multiprofissional e o empenho em garantir um cuidado integral aos usuários, demonstrando para os estudantes que a prevenção está presente também durante o tratamento e a reabilitação. Percebemos que o setor está sendo reformulado com a incorporação de novos profissionais em diversidade de áreas e também no aspecto quantitativo, acreditamos que a qualidade do trabalho desenvolvido, e apresentado a nós, deve ser valorizado pela instituição e transformado em apoio estrutural e humano nos próximos anos. Considerações finais: Esse trabalho pôde propiciar aos estudantes um primeiro contato com o SUS como acadêmicos de medicina e revelou ser possível (e gratificante) que essa abordagem também ocorra nos equipamentos da Rede de Atenção para além da Atenção Básica.