Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ESTRATÉGIAS PARA O FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DE CAMBÉ/PR
Núbia Mattos, Juliana Marisa Teruel Silveira da Silva, Lucimara Cristina Frasson Pontes, Jorge Luis Fortunato, Rosely de Oliveira Batista, Cleonice Rafalski Escobosa, Talita Maria Bengozi Gozi

Última alteração: 2022-02-02

Resumo


Apresentação: Trata-se de relato de experiência ocorrido no município de Cambé. A Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil é considerada ordenadora das Redes de Atenção em Saúde (RAS), com isso, a questão da qualidade da gestão e das práticas das equipes de APS tem relevância para o seu fortalecimento. Com isso, para o fortalecido do SUS tem-se como fator primordial o financiamento da APS. Até 31 de dezembro de 2019, o financiamento da APS era composto pelos Pisos da Atenção Básica - PABs Fixo e Variável. O novo modelo de financiamento de custeio da APS denominado Programa Previne Brasil, é um modelo misto de pagamento que busca estimular o alcance de resultados, composto pelos seguintes componentes: capitação ponderada, pagamento por desempenho e incentivo para ações estratégias. Sendo assim, destacou-se para foco da ação o componente Capitação Ponderada, relacionado ao cadastros dos cidadãos. Desta forma o objetivo deste relato de experiência foi ampliar o número de pessoas cadastradas por equipe de saúde da família no município de Cambé. Desenvolvimento do trabalho: No município de Cambé a APS é composta por 23 equipes de Saúde da família (ESF) distribuídas em 11 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), e desenvolve ações que aumentam o acesso e a qualidade da atenção ofertada à população. No intuito de atingir as metas de cadastro de usuários nas equipes de saúde da família em conformidade com preconizado pelo novo financiamento, o Departamento da Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde de Cambé, adotou as seguintes estratégias: 1. Sensibilizar as equipes da APS para aumento do vínculo entre o cidadão e o profissional de saúde através do cadastramento dos usuários por ESF; 2. Identificar as dificuldades e barreiras apontadas pelos profissionais para sucesso da ação; 3. Articular estratégias conjuntas para alcance das metas de cadastro de usuários nas equipes de saúde da família; 4. Monitoramento de cadastros por agente comunitário de saúde e 5. Aproximação das equipes através de visita in loco as Unidades Básicas de Saúde, entre os dias 23/03/2021 a 26/03/2021, com a participação das 23 ESF entre enfermeiros, agentes comunitários de saúde e os auxiliares de enfermagem do Programa Saúde da Família (PSF). Em cada UBS, a equipe de gestão da Atenção Básica explanou sobre iniciativa do Ministério da Saúde quanto ao acompanhamento dos cidadãos na APS do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do cadastramento, garantindo incentivos federais aos municípios. A estratégia também se deu compartilhando o monitoramento do cadastramento as equipes, e após, a dinâmica do encontro foi identificar as principais barreiras encontradas que porventura dificultavam o cadastramento. Os profissionais relataram tais dificuldades: falta de agentes comunitários de saúde, visto que alguns estão adaptados, atestados médicos ou afastamento devido decreto COVID-19; crescimento populacional de alguns bairros; barreiras geográficas e dificuldade de alcance de algumas áreas; condomínios verticais e horizontais que dificultam acesso aos moradores pela equipe; residências fechadas, sem moradores em horário de trabalho da equipe; rotatividade dos moradores; falta de computadores ou seu real funcionamento; acesso a internet limitado. Diante destes apontamentos, em conjunto com equipes das UBSs, equipe de gestão da SMS e de outras secretarias, foram adotadas as seguintes estratégias: 1. “Mutirão” de visitas, organizado previamente, nos quais os agentes comunitários de saúde (ACSs) numa força tarefa realizaram ação no bairro, esses mutirões se deram também aos finais de semana a fim de alcançar a população; 2. Mobilização da gestão através de contato com a Secretaria de Educação do município, para viabilização de um ónibus com motorista para auxiliar no deslocamento dos agentes comunitários de saúde até os locais mais distantes da área de abrangência; 3. Contato telefônico de um profissional da gestão com os síndicos de condomínios, explanando sobre a importância do cadastramento para a Política de Saúde, estabelecendo divulgação de um formulário para preenchimento dos moradores, com comunicado assinado pela própria Secretária de Saúde; 4. Distribuição de formulários pelo ACS para usuários preencherem, visto dificuldade de serem encontrados em casa ou irem até a UBS; 5. Algumas UBSs dispararam mensagens por meio de aplicativo para seus usuários; 6. Empréstimo de notebooks e computadores da Secretaria de Educação para “mutirão” de cadastramento no sistema. Impactos: Pode-se observar aumento considerável quanto ao percentual de pessoas adscritas nas Equipes da Atenção Básica, com 98,56% do total da população considerada pelo IBGE 2019. O instrumento utilizado para verificar tais indicadores foi o site do CONASEMS com o Painel de Apoio- cadastro (adscrição) na Atenção Básica, verificando que no terceiro quadrimestre de 2020, haviam 73.540 pessoas cadastradas, saltando para 90.675 pessoas, ou seja, um percentual de 23,30% de aumento. Além deste indicador, pode-se inferir que por meio destas estratégias utilizadas para o cadastramento, há impacto no relacionamento usuário-serviço, visto aproximação dos profissionais que ganham conhecimento sobre o indivíduo, sua família e a comunidade em que vivem, com melhor reconhecimento e rastreamento de problemas e necessidades. Outros impactos observados foi a aproximação da gestão com os profissionais da linha de frente com a troca de saberes e esforços conjuntos para sucesso da ação, refletindo diretamente na qualidade da assistência prestada à população e responsabilização dos gestores e dos profissionais pelas pessoas que assistem. Proporcionou também às equipes de saúde o conhecimento e atualização de sua população adscrita, a partir dos cadastros e assim promoção da assistência de acordo com suas necessidades e vulnerabilidades. Traçando ações e pactuações para o cuidado integral mais próximas com a realidade local. Considerações finais: Deste modo, a consolidação do modelo de atenção à saúde, alicerçado a APS como eixo coordenador do sistema de saúde teve seu papel na gestão local, intimamente vinculada a ações desenvolvidas no território, aos conceitos de processo de trabalho e de planejamento local em saúde, dependendo dentre outros fatores, da evolução dos resultados alcançados conforme a proposta de atuação. As estratégias adotadas promoveram o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde, no seu papel protagonista de produção e gestão do cuidado integral em rede, impactando positivamente na vida das pessoas. A gestão em saúde é parte indissociável das práticas e da atenção em saúde e compreende um conjunto de processos administrativos e gerenciais essenciais à melhoria da qualidade da assistência prestada a cada indivíduo. No âmbito local, as práticas de gestão estão permeadas pelo próprio processo de cuidado, e pela interlocução com os usuários, as famílias e a comunidade, garantindo incentivos federais aos municípios e qualificando a assistência integral e contínua de pacientes na rede pública, fortalecendo as ações de prevenção e promoção da saúde na Atenção Primária