Apresentação: A desigualdade social manifesta-se como fenômeno multidimensional, com impacto nas diferenças para acesso a direitos básicos, políticas públicas e indicadores de saúde. A redução das desigualdades constitui tema de interesse global e um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, sendo também uma ação importante dentro do escopo de atuação da Enfermagem. Para tanto, faz-se necessário avançar em processos formativos para o enfermeiro, que sejam capazes de produzir conhecimentos e competências para enfrentamento das desigualdades. Objetivo: identificar as estratégias de ensino para desenvolver competências para enfrentamento de desigualdades sociais na formação em enfermagem. Desenvolvimento: Scoping review, conforme Joanna Briggs Institute e PRISMA-ScR, que procurou responder “Quais as estratégias de ensino utilizadas para o desenvolvimento de competências do enfermeiro frente às desigualdades sociais?”. Incluiu estudos em português, inglês e espanhol. A busca ocorreu em sete bases de dados eletrônicas de dezembro/2020 a Março/2021. A análise dos dados foi orientada pelo referencial teórico de Bordenave e Pereira. Resultados: Recuperados 1137 artigos, mantidos 61 e incluídos 21 artigos, publicados entre 2000 e 2020, predominantemente, nos Estados Unidos. As estratégias de ensino concentram-se em estratégias curriculares, em maior número, seguidas pelas estratégias de aprendizagem, sendo estas em serviço, experiencial e interativa; e, por programas universitários e iniciativas da sociedade civil. Há predomínio das atividades de ensino relacionadas às disciplinas, aulas, debates e atividades práticas. As técnicas de ensino concentram-se em recursos como cartazes, vídeos, workshop, seminários. Os achados revelam que as estratégias curriculares se pautam em conteúdos teóricos de políticas de saúde, justiça social, competências e conteúdos básicos de saúde pública, determinantes sociais de saúde, conceitos e habilidades de enfermagem forense. As estratégias curriculares associam conteúdos teóricos com ações práticas, baseadas em atividades de observação e intervenções nas comunidades, visando estimular os alunos de enfermagem a pensarem criticamente sobre a influência dos contextos nos comportamentos e atitudes de saúde e, assim, atuarem na defesa e promoção da justiça social para enfrentamento das desigualdades sociais. Na dimensão das estratégias de aprendizagem evidencia-se que as atividades práticas são fundamentais para o ensino de enfermagem no enfrentamento das desigualdades sociais. Um conjunto de estratégias identificadas no estudo foram os programas nos quais a universidade é mobilizada como um agente positivo na socialização política, para a aquisição de conhecimento e desenvolvimento de habilidades para o pensamento crítico e ativismo dos estudantes. As iniciativas da sociedade civil também se pautam na aproximação à realidade com ações de formação de liderança, mobilização e mudança social. Conclusão: Esta revisão identificou elementos relevantes para o desenvolvimento, na formação em enfermagem, das competências para o enfrentamento das desigualdades sociais. Para isso, recomenda-se que as estratégias, atividades e técnicas de ensino sejam estruturadas em conteúdo teórico fundamentado na desigualdade social, abordando a realidade e os contextos de públicos vulneráveis, juntamente com ações para promover e suscitar a reflexão e pensamento crítico. No entanto, estudos adicionais são necessários para explorar estratégias de ensino na formação em enfermagem que avancem em ações práticas para problematizar o futuro e caminhe para a transformação social.