Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-01
Resumo
O limite de circulação causado pela pandemia COVID impulsionou estratégias de gestão e comunicação que antes eram tímidas. Se era comum aguardarmos reuniões presenciais agendadas para apresentar problemas e discutir soluções, a situação de saúde instalada no mundo após 2020 trouxe inegável agilidade na evolução da comunicação entre os serviços. Trazemos o relato de experiência de profissionais de uma unidade de saúde na resolução de problemas das gestantes no pré-natal através de grupos em um aplicativo para smartphones que viabiliza troca de textos, vídeos, áudios e fotos instantaneamente através de uma conexão à internet. O perfil assistencial descreve uma unidade de pré-natal de alto risco dentro de uma maternidade federal de assistência quaternária na cidade do Rio de Janeiro, inserida na área programática com IDH mais desfavorável no município carioca. A unidade obstétrica recebe, através do sistema de regulação, gestantes de todas as dez áreas programáticas da cidade, além de gestantes encaminhadas da região metropolitana e de outras áreas do estado do Rio de Janeiro. Todavia, a unidade passa por dificuldade de alocação de recursos humanos em algumas áreas, como nutrição e neurologia. Para superar tais limitações, acolhemos a gestante referenciada no nosso pré-natal, oferecendo os serviços disponíveis em nossa unidade e nos setores ambulatoriais da unidade hospital quaternária. Em caso de necessidade de algum serviço não disponível na unidade hospitalar, buscamos os contatos acessíveis através da Rede Cegonha Carioca ou as coordenações municipais de saúde da mulher ou similares, para que ela faça o atendimento na própria área programática ou município de origem. Algumas ocorrências compartilhadas envolvem a gestante chegar com a guia de referência e encaminhamento do Sistema de regulação, mas sem o cartão de pré-natal; portar diabetes ou obesidade e necessitar de consulta com nutricionista; realizar teste rápido de VDRL ou HIV com resultado positivo; dúvidas no registro do cartão de pré-natal ou ausência de exames; problemas de deslocamento com origem em outro município ou área; gestantes desistentes e outros. Com a estratégia de aprimoramento do trabalho em rede temos melhor resolutividade do pré-natal. Mesmo a gestante usando vários serviços, o atendimento pré-natal não se fragmenta e não deixa lacunas. O atendimento pós-parto, que fica a cargo da rede básica, também flui mais concretamente, dando fechamento consistente ao pré-natal. Nos aproximamos da estratégia de construção compartilhada da atenção em saúde e intervenção terapêutica, comumente denominada matriciamento.