Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM DIAGNÓSTICO DE FIBROSE CÍSTICA E ATELECTASIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Ana Lucia Pinheiro Cardoso, Milena Beatriz de Sousa Santos, Evanil da Mota Pimentel, Nayandra Jociely Ferreira Rêgo, Victória Pereira de Almeida, Emilly Ane da Mota Cardoso

Última alteração: 2022-02-06

Resumo


Apresentação: Fibrose cística (FC) é uma doença congênita, autossômica regressiva definida pela sua disfunção do gene CFTR (regulador de condutância transmembranar de fibrose cística, na sigla em inglês). Doença multissistêmica, que atinge as glândulas exócrinas, capaz de ocorrer em diversas células epiteliais, ductos de suor e pancreáticos, células secretoras de muco e sudoríparas, sendo esta de fator hereditário, prevalente nos caucasianos, acomete também negros e asiáticos. Os sintomas da fibrose cística e sua gravidade são diferentes para cada pessoa. Pesquisas recentes mostram que parte dos sintomas está baseada no tipo de defeito genético ou mutação que o gene tem.  Outro problema pulmonar é a Atelectasia, doença que consiste na debilidade de um lobo ou de todo o pulmão, ocasionando a diminuição do volume pulmonar e alterando a ventilação/perfusão. Esta doença pode ser ocasionada devido a pressão extrema no parênquima pulmonar, nos brônquios ou bronquíolos, por obstrução intrabronquiolar ou interalveolar, podendo desencadear paralisia respiratória, asma, trauma e fibrose cística. Existe alguns tipos de atelectasias, como a obstrutiva que ocorre em função da obstrução completa da via aérea por processo intrínseco como tampão mucoso, tumor, ou por processo extrínseco causado por tumores ou gânglios, vasos sanguíneos dilatados anômalos, capazes de causar a obstrução de oxigênio alveolar por capilares sanguíneos. Atelectasia compressiva decorrente da pressão local direta no parênquima pulmonar devido ao aumento da área cardíaca, tumores deslocados de vísceras, como a hérnia diafragmática, pressão intrapleural aumentada ocasionada por transudado, exsudato ou ar no espaço pleural. A atelectasia difusa ocorre devido ao desequilíbrio alveolar e alterações das propriedades elásticas do pulmão, regularmente observadas na Síndrome da Angustia Respiratória Aguda. Os principais fatores de risco são obesidade, idade avançada, tabagismo, anestesia geral, doença cardíaca e pulmonar. Este trabalho tem como objetivo relatar o caso de um paciente com diagnostico de fibrose cística e Atelectasia, bem como a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência vivenciado por discentes e docente do nono período de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará – Campus XII, utilizando a Sistematização da Assistência de Enfermagem ao paciente com diagnóstico de Fibrose Cística e Atelectasia, durante o estágio supervisionado em uma Unidade de Pronto Atendimento 24hs no município de Santarém – Pará. Resultados e Impactos: Paciente, sexo feminino, fumante há 15 anos, faz tratamento para FC, tomou vacina para SARS-COV-2 e influenza, deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento 24h (UPA) com rebaixamento do nível de consciência e dificuldade respiratória. No momento da admissão, os sinais vitais apresentavam: frequência cardíaca (FC): 103 bpm, PA: 140x80mmhg, frequência respiratória (FR): 25 rpm e saturação 35% em ar ambiente. Recebeu intervenção de oxigenoterapia em máscara de VNI, elevando saturação para 84%. Na ausculta pulmonar verificou-se murmúrios vesiculares, discretos creptos em base esquerda e roncos difusos, com diagnóstico anterior de Fibrose Cística e Atelectasia. Além disso, paciente apresentou dispneia aos esforços, rebaixamento do nível de consciência, tosse produtiva e pico hiperglicêmico. Realizou teste rápido de covid-19, com resultado negativo. Foi encaminhada para a sala vermelha da UPA, recebeu o apoio da equipe multiprofissional e, após estabilização e monitorização, encontra-se consciente e orientada, respondendo aos comandos verbais. Ao exame físico: pupilas isocóricas, Saturação insatisfatória: 78%, normorcárdica (FC: 91 bpm), normotensa (PA: 124x73mmhg), taquipneica (FR :27 rpm), respirando com auxílio de ventilação mecânica não invasiva, através de CPAP, presença de sonda vesical de demora, com debito positivo com volume de 1700 ml. Em segundo dia de internação, paciente evoluiu com gravidade no quadro clinico, encontrando-se comatosa, não respondendo aos comandos verbais e nem a estímulos dolorosos, com pupilas isocóricas e fotorreagentes, saturação insatisfatória (91%), hipotensa (PA: 123x76mmhg), taquipneica (R:27 rpm), respirando com auxílio de TOT em modalidade CVM, FO2: 0,75, PEEP: 12. Possui presença de sonda nasogástrica, acesso venoso salinizado em MSD e apresenta edema (++), sendo prescrito e administrado furosemida. Diante do quadro da paciente, foram elencados os seguintes diagnósticos de enfermagem: 1) Risco para aspiração, relacionado ao rebaixamento do nível de consciência, ao estado comatoso, e a sonda nasogástrica; 2) Integridade da pele prejudicada, relacionado ao edema ++, deambulação ausente e a obesidade; 3) Troca de gases prejudicada, relacionada a taquicardia, padrão respiratório anormal, saturação 91% e TOT; 4) Risco de infecção, relacionado ao uso de sonda vesical de demora, acesso venoso em MSD e MSE. Diante dos diagnósticos foram feitas as seguintes prescrições de enfermagem: 1) Realizar aspiração de vias aéreas superiores e inferiores; 2) Realizar mudança de decúbito a cada 2h, proteger proeminências ósseas e realizar hidratação da pele 2 vezes ao dia; 3) Ofertar oxigenoterapia, se necessário, realizar monitorização dos sinais vitais e realizar aspiração das vias aéreas; 4) Manter técnica asséptica sempre que manusear os dispositivos, limpar externamente o meato urinário, observar a coloração e volume da urina na bolsa coletora, fazer troca dos acessos venosos a cada 72hs ou sempre que necessário, avaliar sinais e sintomas de infecções locais ou sistêmicas como edema e secreção, verificar a permeabilidade do acesso venoso e realizar higiene oral de 8 em 8hs. Considerações finais: Diante do quadro clinico da paciente e através dos diagnósticos de enfermagem elencados, a enfermagem tem um papel importante, pois é através destes diagnósticos que os profissionais conseguem traçar metas para manter o paciente longe de infecções e possíveis complicações em seu estado de saúde. Desta forma, é fundamental que a enfermagem trace seus diagnósticos para manter a estabilidade do paciente durante a estadia hospitalar para que, assim, possam auxiliar o cliente da melhor forma possível e evitar maiores complicações ao quadro clinico e acelerar a sua alta hospitalar. Contudo, o presente estudo nos proporcionou a experiência de conhecer as principais intervenções acerca da FC e Atelectasia, e assim como futuros profissionais, poder auxiliar o paciente em recuperação afim de agilizar seu processo de melhora de saúde.

Palavras-chave: Atelectasia Pulmonar; Fibrose Cística; Sistematização da Assistência de Enfermagem.