Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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MONITORAMENTO DE PACIENTES SUSPEITOS/CONFIRMADOS DE COVID 19, PELAS EQUIPES DE SAÚDE DE FAMÍLIA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS
VICENTE JOSE LEITÃO CRISOSTOMO JR

Última alteração: 2022-02-02

Resumo


APRESENTAÇÃO

Angra dos Reis é um município de 800.430 km2 e aproximadamente 200.000 habitantes localizado no sul do Estado do Rio de Janeiro na Região da Baia da Ilha Grande. Organiza-se em 05 distritos sanitários (sendo um deles a própria Ilha Grande, e suas praias), atendidos por um total de 58 Equipes de Saúde de Família (ESF) o que representa 52,48% de cobertura por essa modalidade de atenção.

A pandemia causada pelo coronavírus impôs a necessidade de revisão das ações de saúde de forma a conter o avanço e contágio da doença; particularmente a atenção primária precisou buscar maneiras criativas e inovadoras de manter-se em atividade, aproveitando seu diferencial de territorialidade e vínculo com a população, ao mesmo tempo cuidando para que não ocasionasse situações de risco aumentado de transmissão entre os usuários, bem como dos profissionais.

O avanço da epidemia e expansão de número de casos, o monitoramento inicialmente centralizado pela Vigilância precisou ser descentralizado. Dessa forma, foi constituída no município uma coordenação de monitoramento dos pacientes suspeitos/confirmados, notificados à vigilância, para monitoramento por telefone e outras formas como visitas peridomiciliares para acompanhamento, identificação precoce de agravos/complicações e reforço das recomendações de isolamento social. Essa equipe composta por profissionais da atenção primária, coordenam e consolidam informações em nível central e distrital dos casos de pacientes em área coberta pela ESF.

A coordenação de monitoramento covid da atenção primária (AP) tem por objetivo identificar entre os pacientes notificados aqueles pertencentes a territórios adscritos a unidades de saúde da família, organizar listagens dos pacientes segmentados por distrito e unidade, com informações que permitem o contato telefônico ou por outros meios (como visita peridomiciliar),  com o paciente, para monitoramento a cada 48 horas (padronizados às segundas, quartas, e sextas) ou 24 horas em casos de risco aumentado.

 

DESENVOLVIMENTO

Diariamente as fichas de notificação recebidas pela vigilância sanitária são digitadas em um arquivo enviado para a coordenação de monitoramento da AP; nesse, são identificados e separados os que pertençam às áreas coberta por ESF que são plotados em outro arquivo de casos em monitoramento da AP. Desse arquivo geral de casos, que é atualizado diariamente, são compostas listagens com os dados de pacientes a serem monitorados pela unidade. Essas listagens são construídas à véspera de cada data padronizada de monitoramento, e constam informações de contato, endereço, bem como sinalização de condição de comorbidade/risco aumentado, condição de ser trabalhador de saúde, data de início de sintomas e de notificação. No monitoramento, a equipe utilizando um formulário padronizado, interroga o paciente quanto sintomas que esteja apresentando no momento, possíveis sinais de agravo (inclusive situação de internação), reforça orientações de isolamento, e oportunamente busca informações também de familiares e de outros moradores do mesmo domicílio do paciente. O monitoramento de cada paciente é mantido por pelo menos 14 dias a partir da data de início dos sintomas, podendo ser estendido caso o paciente mantenha a queixa de sintomas respiratórios. Apenas quando confirmado pela ESF do território e sinalizado à coordenação de monitoramento que o paciente tem 14 dias ou mais a partir do início dos sintomas e esteja sem sintomas respiratórios o monitoramento do paciente é encerrado.

 

RESULTADOS

O protocolo de monitoramento nos moldes descritos foi instituído a partir de 27/04/20. Até o dia 14/12/20, tivemos o registro de 42.158 novas entradas que correspondem às notificações recebidas no período. Desses 35.448 foram identificados como de indivíduos moradores de áreas adscritas a alguma equipe ESF, o que corresponde a aproximadamente 84% dos casos.

Uma vez que a base do trabalho é em arquivo de planilha digital, através de um conjunto de fórmulas foi possível instituir a rotina de construção de um relatório semanal onde é possível avaliar por semana epidemiológica e mensalmente a quantidade de casos novos, taxa de incidência por distrito, avaliação de tempo entre início dos sintomas e atendimento, tempo entre a notificação e registro pela vigilância sanitária, proporções de gênero, ocorrências por distrito, perfil etário, proporção de pacientes testados (inclusive com discriminação do resultado entre positivo e negativo), pacientes com testagem pendente, e encerramentos de casos por semana.

A organização do fluxo e por meio desses instrumentos permitiu o acompanhamento nominal de cada caso, bem como permitiu uma avaliação macroscópica que permitiu seu uso em tomadas de decisão de organização da rede e suporte aos distritos/unidades que requereram intervenção.

Até o dia 14/12/20 42.158 casos foram registrados, sendo 84% monitorados, acompanhados e ao seu tempo encerrados pelas equipes de monitoramento da ESF.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atenção primária e particularmente as equipes de saúde de família, enquanto unidade ordenadora de cuidado, territorialidade e maior vínculo com o usuário pode ser instrumento altamente poderoso e eficaz para as ações de controle e monitoramento da covid.

A organização da rede de atenção primária, e a constituição de uma equipe para coordenação as ações monitoramento das unidades de saúde da família viabilizou o acompanhamento da quase totalidade dos casos notificados, com acompanhamentos regulares a cada 48 horas conforme recomendações das entidades de saúde, inclusive com identificação de situações de agravo, internação e reforço das recomendações de isolamento e prevenção da transmissão. Ainda, foi possível, além do acompanhamento individual de cada caso, a utilização dos arquivos como uma forma de base de dados que permitiu ajustes, reorganizações, e avalição semanal do serviço com detalhamento distrital (e em algumas situações por equipe).