Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A COVID-19 na tríplice fronteira: as estratégias na crise sanitária em Tabatinga, AM.
Viviane Lima Verçosa, Júlio Cesar Schweickardt, Cristiane Ferreira da Silva, Jackeline Cristina Duque Ocampo, Klaus Estivens Lima Salazar

Última alteração: 2022-02-03

Resumo


O município de Tabatinga/AM, localizado no oeste do Amazonas e na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, vivenciou os dramas gerados pelos desafios do enfretamento à crise sanitária da COVID-19, sendo necessário elaborar estratégias diversas e intersetoriais para fazer frente ao quadro emergencial da pandemia. A região também é marcada pela forte presença dos povos indígenas, a maioria vive em Comunidades e Aldeias, sendo necessárias medidas diferenciadas e a formação de barreiras sanitárias que tiveram a participação das lideranças indígenas e o Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Solimões (DSEI ARS). Do mesmo modo, as equipes de saúde manejaram novas formas de cuidado em saúde frente ao surto epidêmico, cuidando da prevenção e promoção da saúde dessa população. No dia 13 de março de 2020, a saúde pública do município declara estado de alerta, pouco mais de um mês após a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar uma nova pandemia, sendo exatamente trinta dias após o primeiro caso confirmado na cidade de Manaus, capital do Amazonas. O surto pelo novo coronavírus exigiu a elaboração de Planos de Contingência, Decretos, Operações, barreiras sanitárias, aplicação de medidas não farmacológicas e outras ações locais. Portanto, os serviços de saúde necessitaram adaptar estruturas, formar profissionais, comprar insumos como medidas emergenciais para responder às questões sanitárias e sociais decorrentes da COVID-19. A região não foi diferente em relação às outras no que ser refere ao negacionismo, fake news e o excesso de (des) informação, dificultando ainda mais os protocolos de prevenção e recomendação, boas práticas de higiene e limpeza, comportamentos, procedimentos e medidas individuais e coletivas. A vacina também tem sofrido resistência, sendo necessário elaborar materiais de divulgação e de informação para as comunidades. Em região de fronteira é fundamental a troca de informações entre os países, assim como o compartilhamento das informações e estratégias de enfrentamento da pandemia. Porém, nem sempre as relações são fraternas e solidárias, pois os países possuem políticas de vigilância diferentes e sistemas de saúde distintos, o que impacta sobre as decisões emergenciais e o trabalho das equipes de saúde. A região da tríplice fronteira mostrou que numa crise sanitária é importante as pactuações entre os países e é fundamental a troca de informações sobre a contaminação, a imunização e as estratégias não farmacológicas. A experiência da região mostrou que nem sempre a barreira sanitária, com o fechamento das fronteiras, é a melhor solução para um lugar que a migração é pendular e as relações familiares e de trabalho fazem parte da dinâmica da fronteira.