Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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RODA DE AFETO E REDE DE PROTEÇÃO E O CINEMA COMO FERRAMENTA EMANCIPATÓRIA
Dani Ursogrande, Laís Guimarães, Aline Farias, Bruna Carvalho Almeida

Última alteração: 2022-02-02

Resumo


A Roda de Afeto e Rede de Proteção é uma estratégia de saúde coletiva e de cuidado autônomo para corpos dissidentes, especialmente muheres cis e transgêneras. Seu foco está na promoção de um espaço acolhedor, criativo, formativo e emancipatório das relações categórico-estruturais envolvendo raça, gênero e classe, através da compreensão de que o afeto é ferramenta política. Além disso, busca-se dar apoio territorial ao SUS e inventar saídas para minimizar a desigualdade social.

A Roda nasceu em 2018 a partir da organização das trabalhadoras das UBS e ativistas da Rede do Fundão do Graja, uma rede intersetorial da periferia de São Paulo. São encontros semanais em formato híbrido por conta da pandemia. A coordenadora Laís Guimarães, jovem preta e liderança comunitária, é responsável pelas atividades presenciais. Já as atividades virtuais, são conduzidas por Aline Farias, Psicóloga e Agente Comunitária de Saúde. Desse modo, busca-se driblar a exclusão digital e construir uma base sólida no território. A supervisão das atividades é de Dani Ursogrande, terapeuta ocupacional e produtora cultural da periferia.

Através da  parceria com a Filmes do Front, produtora audiovisual, cria-se o Projeto Mulheres da Billings, uma série-piloto que retrata mulheres do extremo sul da cidade que têm em comum o conhecimento ou a descoberta da dimensão do cuidado como força de luta, transformação e emancipação. São episódios interdependentes, conectados pela noção de que a saúde é manifestação das condições materiais de bem estar e sobrevivência. O protagonismo de seus sujeitos no que elas têm de força e sensibilidade, favorece o acolhimento dessas mulheres e identificação entre moradoras desta e de outras regiões periféricas.

O lançamento mais recente foi o curta-metragem ‘A Represa é o meu Quintal’ que conta a história de Laís, a coordenadora da Roda, que em meio à pandemia, sobrecarregada de demandas para ajudar sua comunidade às margens da Billings, ela faz um mergulho interior. O cinema aqui é ferramenta emancipatória na medida em que fomenta formas coletivas de aprendizado e análise crítica sobre a realidade, construindo diálogos entre saberes. Assim, a Roda de Afeto junto à Filmes do Front vem construindo uma metodologia na qual a pessoa periférica é sujeita de sua própria história. Porém, atualmente, não contam com apoio de políticas públicas fundamentais que fomentem seu projeto, se apoiando na solidariedade ativa como instrumento de resistência e participação social.