Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PRÁTICA DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO ESPÍRITO SANTO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Maira Dorighetto Ardisson, Welington Serra Lazarini

Última alteração: 2022-02-06

Resumo


O projeto de pesquisa da Universidade de Brasília intitulado "Práticas de Enfermagem no Contexto da Atenção Primária à Saúde (APS): Estudo Nacional de Métodos Mistos", pela iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem, tem como fundamental importância o conhecimento de formação e atuação da enfermagem na Atenção Primária. Possibilitando, assim, reflexões sobre as condições de trabalho, autonomia, práticas corriqueiras e principais demandas e realidades dos enfermeiros em todas as regiões do Brasil.  Nesse sentido objetiva-se através desse trabalho relatar as principais percepções notadas ao decorrer das entrevistas realizadas no estado de Espírito Santo.  Metodologia: Trata-se de um relato de experiência de uma das entrevistadoras responsáveis pela coleta de dados no estado do Espírito Santo. A pesquisa "Práticas de Enfermagem no Contexto da Atenção Primária à Saúde (APS): Estudo Nacional de Métodos Mistos" conta com uma parte quantitativa e outra qualitativa, a qual foi realizada ao decorrer do ano de 2020 e 2021, realizada com enfermeiros atuantes na atenção primária há pelo menos 3 anos. O relato de caso é decorrente as anotações em diário de campo feito pala entrevistadora. Resultados: Em prol do início da pesquisa qualitativa, a princípio os entrevistadores foram selecionados, sendo estes acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo, e, posteriormente, cursos de treinamento para realização das entrevistas e digitalização das mesmas foram disponibilizados. Desse modo, coube ao entrevistador estudar as perguntas a serem feitas e a organização dos horários de entrevista entre os municípios, que foram sorteados: Vitória, Anchieta e São Gabriel da Palha. No entanto, diante da insuficiência de entrevistas e para atingir a meta de 53 enfermeiros entrevistados, foi sorteado mais um município: Afonso Cláudio. O coordenador do projeto no Espírito Santo distribuiu os enfermeiros para os entrevistadores e foi iniciado o trabalho de coleta de dados. As entrevistas precisavam ser gravadas, para isso era necessário a leitura do termo de consentimento livre e esclarecido e de gravação de áudio e vídeo, da mesma forma, a verbalização do aceito do enfermeiro entrevistado, a leitura inicial desses documentos fazia com que os enfermeiros muitas vezes ficassem mais impacientes. O primeiro município a ter os enfermeiros entrevistados foi de São Gabriel da Palha, com o aceite das demais secretários de saúde dos municípios, as entrevistas foram sendo realizadas. Os números telefônicos de todos foram disponibilizados e uma abordagem através de mensagem via WhatsApp foi formulada e enviada. A solicitação para realizar a entrevistas foi concedida pelos municípios sorteados, em alguns casos foi necessário a permissão da gestão da unidade básica para que a entrevista fosse realizada, então, isso, por consequência, fez com que demorasse a iniciar as entrevistas. Diante do início da pandemia, as entrevistas foram realizadas de forma remora no estado do Espírito Santos, através de ligação ou videoconferência. Essa forma de abordagem distancia o entrevistador do entrevistado. Além disso, levanta a possível questão de o entrevistado não estar em um ambiente totalmente reservado à entrevista, proporcionando o sigilo e exclusividade de tempo para realizá-la. Através do meio virtual, muitas vezes ocorreram interrupções, conversas ao lado do entrevistado o que prejudicava a qualidade do áudio e o vínculo com o entrevistador e entrevistado.  Percebeu-se, também, uma resistência de alguns destes para participar e ao menos responder as mensagens, sendo isso mais frequente nos municípios interioranos. Utilizou-se, diante disso, vários discursos de convencimento sobre a importância da entrevista e da pesquisa para a melhoria das condições de trabalho da enfermagem na atenção e conhecer as diferentes realidades da profissão no nosso estado, assim como, disponibilização para sanar dúvidas caso necessário e realizar a entrevista no horário que fosse possível para o enfermeiro. Diante disso, ocorreu que alguns enfermeiros não puderam ser entrevistados no horário de trabalho, o qual era o ideal e, assim, foram entrevistados a noite quando fosse possível. Como entrevistador, foi necessário disponibilizar o tempo e reorganizar atividades diárias para não perder a oportunidade de realizar a entrevista, seja durante o dia ou a noite. Somado a isso, muitas remarcações foram feitas, seja por imprevistos na rotina da enfermagem na atenção primário ou pelo desentesem em participar da pesquisa. Logo, isso fez com que o período para as coletas das informações perdurasse mais do que o estipulado inicialmente.  As entrevistas deveriam ser preferencialmente realizadas por videochamada na plataforma Google Meet. No entanto, foi observado que poucos enfermeiros gostariam de realizar a entrevista por videoconferência e, somado a instabilidades na conexão, foi proposto a possibilidade de realizar apenas pela ligação telefônica, o que aumentou a adesão às entrevistas, no entanto, diminuiu a interação entre os participantes. Assim, a maioria das entrevistas foram feitas por ligação telefônica com duraram em média 40 minutos. Como entrevistadora foi possível conhecer realidades muito diferentes da mesma profissão pelo estado do Espírito Santo. A percepção de autonomia se diferencia muito entre os municípios do interior com a própria capital, Vitória, uma vez que a Enfermagem é uma profissão e possui amparo legal para realizar diversas condutas, como prescrição de tratamento contra IST's, pré-natal, orientações e exames no puerpério, educação em saúde, coleta de preventivo e tratamento de feridas. Sob esse óptica, muitos profissionais de enfermagem de Vitória e Anchieta se apropriam de seus direitos para exercer legalmente sua profissão, enquanto, nos demais municípios a maioria dos enfermeiros não sabiam que poderiam realizar tais atividades. A assistência é dependente também de protocolos municiais, no entanto, há respaldo no exercício legal da profissão que é formulada pelo Conselho. Após coletar os dados coletados, estes foram transcritos com auxílio de programas de transcrição, como orientado pela equipe organizadora, e editado pelo entrevistador. Tais dados foram compilados e enviados à coordenação nacional para análises futuras. Considerações finais: Portanto, diante da possibilidade de participar da entrevista com diversos enfermeiros pelo Espírito Santo, tornou-se evidente a importante de pesquisas para reconhecer as diversas vertentes da mesma profissão, valorização do enfermeiro e promover conhecimentos e melhorias aos enfermeiros. Ao participar, como entrevistadora, pude perceber potenciais e muitas fragilidades na profissão. A recepção de desconfiança e resistente de enfermeiros fez com que a entrevista se torna-se ainda mais desafiadora, no entanto, os ganhos para a formação acadêmica e experiência na coleta de dados é primordial. Somado a isso, um dos principais desafios de realizar as entrevistas online foi a ausência de um feedback visual do entrevistado, a instabilidade das conexões. A persistência e resiliência fez com que as entrevistas se tornassem possíveis.