Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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REFLEXÕES SOBRE INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM PARA EVITAR COMPLICAÇÕES EM PACIENTES CIRÚRGICOS NA SALA DE RECUPERAÇAO PÓS-ANESTÉSICA
Michelle Kerin Lopes, Aurinete do Amparo e Silva, Rosane da Silva Santana, Gabriela de Oliveira Parentes da Costa, Bruna Flaviana Lopes Teixeira, Paula Chaves de Araujo, Renata de Oliveira Lopes, Gabriela Tolentino Pitangui

Última alteração: 2022-02-08

Resumo


Introdução

A sala de recuperação pós-anestésica tem como finalidade assegurar a recuperação dos pacientes por meio de uma equipe especializada e habilitada a prestar cuidados individualizados e de alta complexidade, atuando na prevenção e na detecção precoce de complicações relacionadas ao procedimento anestésico cirúrgico. À vista disso, preocupada com o impacto causado pelos erros e eventos adversos nos serviços de saúde, Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente (World Alliance for Patient Safety). A atuação de profissionais de enfermagem no ambiente cirúrgico vem se transformando nas últimas décadas, com vistas ao alcance da qualidade e da garantia da segurança prestada pela assistência qualificada, especializada e humana. Tendo em vista que a segurança é um critério básico para que a assistência ao paciente aconteça com qualidade, a equipe de enfermagem tem relevante responsabilidade na redução dos erros e eventos adversos relacionados à assistência à saúde no pós-operatório imediato.

Assim, objetivou-se identificar as intervenções de enfermagem realizadas com os pacientes cirúrgicos, com intuito de evitar complicações na SRPA.

Método do estudo

Trata-se de uma Revisão Integrativa realizada em julho de 2021 para conclusão de uma especialização em Centro Cirúrgico e Central de Material Esterilizado. Os critérios de inclusão estabelecidos foram: artigos científicos publicados entre os anos de janeiro de 2012 a dezembro de 2020, com textos completos disponíveis em inglês, português e espanhol, e de acesso gratuito. E excluídas monografias, dissertações, relatos de experiência, bem como artigos que não abordassem o tema.  Palavras-Chave: Cuidados de Enfermagem. Enfermagem em Pós-Anestésico. Sala de Recuperação.

 

Resultados

O estudo foi constituído por uma amostra de oito artigos, os dados foram organizados em um quadro e discutidos em duas categorias analíticas: complicações mais comuns no pós-operatório imediato e intervenções de enfermagem frente às complicações na SRPA.

Verificou-se predomínio de publicações nos anos de 2014 e 2017, em igual quantidade, duas publicações em cada ano, seguidas uma publicação nos anos de 2015, 2016, 2018 e 2019. No que se refere à revista de publicação, foram encontrados três na Revista da SOBECC, três na Revista de Enfermagem da UFPI, um na Revista de Enfermagem da UFSM e um na Online Brazilian Journal of Nursing. Durante a análise das características metodológicas dos estudos, foi possível verificar diferentes abordagens e métodos, havendo predomínio da Revisão Integrativa, totalizando quatro.

As complicações apresentadas foram hipotensão e hipertensão arterial, bradicardia e taquicardia, bradipneia, hipotermia, hipoxemia, alterações na respiração, alteração do nível de consciência, náusea, vômito e dor. As mais frequentes foram hipotermia, dor e hipoxemia, sendo que 71,4% dos pacientes se apresentaram hipotérmicos ao longo dos sessenta minutos de permanência na SRPA.

Foi verificado ainda que, além da dor, são apontados como eventos adversos comuns no pós-operatório: a hipotermia, hipoxemia, náuseas e vômitos e alterações de pressão arterial.

Outros autores identificaram em seu estudo que as complicações pós-operatórias mais frequentes estavam relacionadas aos sistemas neurológico, circulatório, respiratório, gastrointestinal e urológico, sendo elas: delírio, dor e hipotermia; hipertensão e hipotensão; dessaturação e hipoxemia; náuseas e vômitos; e retenção urinária.

Percebe-se que as complicações mais encontradas na literatura analisada são: hipertermia, hipotermia, hipoxemia, hipotensão e hipertensão, náuseas e vômitos, retenção urinária, dor aguda, bradicardia e taquicardia sinusal, correlacionando-as com as possíveis causas.

Outro estudo verificou que os eventos adversos mais comuns foram: hipotermia, hipoxemia, apnéia, edema agudo de pulmão, tremores, náuseas evômitos, alterações do ritmo cardíaco, hipotensão e hipertensão arterial, alterações do ritmo cardíaco, depressão respiratória, sangramento, dor e retenção urinária. Correlacionando tais eventos encontrados com os fatores de risco que predispõe essas manifestações no pós-operatório. Ressalta também que o próprio posicionamento cirúrgico é um fato desencadeante de complicações no pós-operatório imediato.

Em um estudo em que foram identificados onze diagnósticos de risco e onze diagnósticos reais. Ao diagnosticar o risco ao qual o paciente está exposto, relacionando-os às condições no pré, no trans e no pós-operatório, é possível prever e evitar a ocorrência de eventos adversos. Ao identificar um diagnóstico real, uma complicação real, é possível definir intervenções eficazes e em tempo hábil. Neste estudo foram identificados como diagnósticos reais a dor aguda, hipotermia, padrão respiratório ineficaz, mobilidade no leito prejudicada, integridade da pele prejudicada, proteção ineficaz. Todos decorrentes do ato anestésico-cirúrgico.

Como resultado dessa revisão integrativa, identificou-se que as principais complicações pós-anestésicas são dor, hipotensão, hipoxemia, náusea e vômito, hipotermia e retenção urinária. Dentre os eventos adversos cirúrgicos, muitos são previsíveis devido ao tipo de anestesia e cirurgia a que o paciente foi submetido, portanto são evitáveis. Diante das possíveis complicações na SRPA, previsíveis ou não, é imprescindível um cuidado de enfermagem planejado, especializado, individualizado e focado na segurança do paciente.

Destacam-se ainda que os cuidados de enfermagem ao paciente admitido da SRPA estão relacionados à avaliação dos Sinais Vitais, controle dor, cuidados com a ferida operatória e nível de consciência com vistas a prevenir complicações como também a utilização de escalas validadas para sistematizar a assistência.

 

Considerações finais

Dentre as intervenções de enfermagem com vistas a evitar complicações em pacientes cirúrgicos na SRPA identificadas na literatura levantada, evidenciou-se a avaliação dos Sinais Vitais, identificação e controle da dor, cuidados com a ferida operatória e nível de consciência com vistas a prevenir complicações; a identificação e o controle da hipotermia, observar alterações no ritmo cardíaco, coloração da pele e perfusão periférica, avaliação da intensidade da dor, local e características bem como administrar medicações prescritas; realização de oxigenoterapia, manter permeabilidade das vias aéreas, estimular a micção espontânea.

A realização do presente estudo possibilitou a compreensão da importância das ações da enfermagem no cuidado com o paciente cirúrgico na SRPA. Evidenciou-se uma lacuna no que tange pesquisas originais, fazendo-se necessário a realização de mais estudos que venham a contribuir para prática da enfermagem baseada em evidências, orientando o enfermeiro no planejamento da assistência e nas tomadas de decisões e na busca de estratégias de prevenção dos eventos adversos.