Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PRODUÇÃO DE EXAMES DE IMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO FEDERAL NO CENÁRIO DA PANDEMIA DE COVID-19
Nayla Mony Viana de Macena, Anny Alice Maniezzo, Ludmylla Neves de Jesus, Diego Castanon Galeano, Loidjane Lopes Marques Trajano

Última alteração: 2022-02-05

Resumo


APRESENTAÇÃO: A pandemia de Covid-19 mudou drasticamente a oferta de exames no Sistema Único de Saúde (SUS), interferindo na regulação e liberação dos mesmos à população. No entanto, estudos que analisam ou descrevem as mudanças nas demandas dos exames, principalmente, de imagem, durante e após o pico da pandemia são escassos. Dentro desse contexto, os residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Gestão Hospitalar para o SUS (PRMGH-SUS) elaboraram relatórios de produção dos exames de imagens realizados em um Hospital Universitário Federal, localizado em Cuiabá-MT, relativo aos anos de 2020 e 2021, com a finalidade de demonstrar à gestão dos setores responsáveis pelos serviços de apoio e diagnóstico, a produção realizada no período citado. Diante disso, o objetivo deste trabalho é analisar os dados de produção geral dos exames realizados no hospital, em 2020 e 2021, a fim de se conhecer os impactos da pandemia sobre a produção, a fim de proporcionar embasamento para situações semelhantes que possam ocorrer. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: A partir dos dados fornecidos pelo sistema do Hospital, foram elaboradas análises gerais no âmbito dos ambulatórios (atendimento externo/regulado) e das internações (atendimento interno), quanto aos tipos de exames efetuados que foram compilados em sete grupos- Ultrassonografia; Angiotomografia; Tomografia; Radiografia com e sem contraste; Ressonância Magnética e; Biopsia Percutânea Guiada. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Ao todo, foram executados cerca de 5.691 exames em 2020 e 14.067 em 2021, um aumento de 60% de um ano para o outro. Já, no que se refere-se à execução mensal, destaca-se a diferença entre os meses de pico da pandemia em maio e julho de 2020, foram realizados apenas 15 exames, já em março e abril de 2021, foram executados 932 exames. Fatores como o início da vacinação e o tempo de planejamento e reorganização dos serviços, explicam tal diferença. Em relação ao tipo de atendimento, notou-se também um aumento de 27,6% na demanda ambulatorial, o que pode ser explicado pela reabertura da grade de exames eletivos. Destaca-se que os exames mais realizados em 2020 foram as radiografias, apresentando 59,62% do total, seguido da ultrassonografia, com 19,63% e tomografia com 19,47%. Em 2021, observou-se que se manteve o perfil de demanda, apontando as radiografias em primeiro lugar, com 51,93%, seguido das ultrassonografias com 26,74% e tomografias com 19,93% do total. Ainda, sobre os exames citados, destaca-se, em relação ao percentual, o aumento em 2021, em comparação a 2020, de 26,63% de ultrassonografias e a diminuição de 14,81% de radiografias. Nesse contexto, tem-se que o hospital é referência para o atendimento de gestantes de alto risco e com COVID-19, desse modo, a Organização Pan-Americana da Saúde, recomenda que os exames de imagem para auxiliar no diagnóstico da doença nessa categoria de paciente, seja a ultrassonografia. Ademais, em relação a demanda interna e externa por exame, notou-se que em ambos os anos a demanda externa é maior em todos os exames, exceto de angiotomografias a qual apresenta uma porcentagem de 63,51% (2020) e 39,24% (2021) maior de solicitações internas em comparação às unidades ambulatoriais. Tal percentual pode ser explicado pela característica do exame que, dentre outros propósitos, é indicado para acompanhamento preventivo de complicações vasculares após procedimentos cirúrgicos. Por outro lado, houve também uma diferença em relação as radiografias, em 2020 a demanda externa (37,42%) era menor que a interna (61,02%) e em 2021 ocorreu o contrário com uma demanda ambulatorial maior (52,59%). Sendo o principal exame realizado, tem-se que o aumento da demanda externa ocorreu com a retomada dos atendimentos eletivos, que foram suspensos durante o pico da pandemia. Em relação ao tempo médio para o agendamento dos exames e a liberação do laudo, houve um aumento de 3 dias de 2020 para 2021. No primeiro ano, para as demandas externas, a média de dias para o agendamento do exame era de 13 dias e de 19 para a liberação do laudo, sendo a tomografia o exame com o maior tempo médio de espera (15 dias). Já em 2021, essa média subiu para 16 dias e 22 dias, e o exame mais demorado para ser realizada foram as radiografias com contraste (18 dias). Contudo, a literatura relata que o tempo para a visualização do laudo em 2018 para exames ambulatoriais é cerca de 15 dias para 63,5% da demanda. Outro ponto importante refere-se à elaboração dos laudos dos exames ambulatoriais, visto estarem relacionados com o faturamento do hospital via contrato com a gestão municipal. Desse modo, em 2020 todos os exames oriundos da demanda externa tiveram um percentual de laudo acima de 80%, exceto as ultrassonografias com um percentual de 76,5%. Já em 2021, todos os exames, inclusive as ultrassonografias, apresentaram um percentual acima de 80% de liberação do laudo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que houve um aumento significativo na produção geral de exames realizados pelo hospital de 2020 para 2021, ou seja, a produção referente a 2020 foi cerca de 1/3 da registrada em 2021. Este aumento está diretamente relacionado às medidas de enfrentamento à pandemia em 2020, como o cancelamento dos exames eletivos, determinado pela gestão municipal, e a retomada gradual em 2021, determinada pela gestão interna, o que ocasionou uma diminuição brusca da oferta de exames no âmbito ambulatorial em 2020. Ademais, em relação à elaboração dos laudos, apesar do percentual alto, ainda não é 100%, ocasionando defasagem no faturamento do hospital, contudo, este fato não foi profundamente analisado, a fim de observar e formular melhores hipóteses sobre ele, sendo assim, cabe maiores investigações em trabalhos futuros. No que se refere o tempo de agendamento e liberação do laudo, o aumento encontrado, pode ser explicado pela demanda 60% maior de um ano para o outro, sem contar fatores internos, como a retomada gradativa do atendimento e a reorganização dos processos de trabalho. No mais, cabe salientar que os tipos de exames mais realizados entre os dois anos foram similares, sugerindo a existência de um padrão nas solicitações. Contudo, em virtude da ausência de outros relatórios nesse formato para realização de comparações, não foi possível confrontar estes dados com o de outros períodos. Por último, em relação aos valores encontrados, não foi possível confrontar com a literatura visto a escassez de estudos que abordem a produção de exames de serviços de apoio e diagnóstico por imagem após a retomada do atendimento, em comparação com o período da pandemia, portanto tal análise contribui para orientar a gestão em contextos semelhantes de epidemias, além de contribuir com a temática.