Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-05
Resumo
Apresentação:
A enfermagem é atuante no contexto da segurança do paciente hospitalizado e seu entendimento sobre a temática risco é relevante, pois estes profissionais têm participação e papel fundamental em diversas questões que englobam riscos, tanto para a saúde do trabalhador, como para os pacientes por eles assistidos e o ambiente hospitalar. Assim, esta revisão integrativa apresenta como objetivo: revisar a literatura brasileira sobre risco no contexto da segurança do paciente hospitalizado. Método: estudo descritivo, do tipo revisão integrativa, norteado pela questão: qual o conhecimento produzido acerca do risco no contexto da segurança do paciente hospitalizado? Realizado nas bases de dados eletrônicas: SciELO, portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) – via National Library of Medicine; Web of Science; SciVerse Scopus (SCOPUS). Nas fontes de literatura cinzenta, buscou-se pelo Portal de Teses e Dissertações pela Plataforma Sucupira da CAPES, também foi realizada investigação de maneira manual em livros presenciais, publicados no período entre 2005 e 2021. Resultado: Foram considerados elegíveis para esta revisão o total de 16 publicações: 6 artigos, 5 dissertações, 3 teses e 2 livros. Estes permitiram identificar que o termo risco apresenta uma lacuna conceitual, devido a sua heterogeneidade, atribuindo este fato aos diversos fatores, existentes como: o progresso de disciplinas direcionadas para o cálculo de risco, expostos como probabilidades estatísticas; a evolução da tecnologia computacional; a promoção da saúde, a segurança e o gerenciamento de risco. O termo risco surge com a composição das sociedades modernas ocidentais, trazendo consigo o pressuposto da possibilidade de prever determinadas situações ou eventos, utilizando o conhecimento dos parâmetros de uma distribuição de probabilidades de acontecimentos futuros, que podem ser computados por meio de expectativas matemáticas. A partir das transformações sociais e tecnológicas, as modificações ocorridas na sociedade, nas relações econômicas, e estruturas políticas emergiu a teoria da probabilidade, que está associado à noção de risco, numa abordagem quantitativa. O pensar a probabilidade propiciou o meio necessário para considerar os riscos como possíveis de gerenciamento. O risco surge como conceito, quando o futuro passa a ser compreendido como passível de controle. O termo risco passou a ser mais amplamente utilizado nos jornais médicos, podendo estar relacionado a diversos fatores, como: o desenvolvimento de disciplinas voltadas para o cálculo de risco, expresso como probabilidades estatísticas; o atual desenvolvimento em tecnologia computacional; o gerenciamento de risco; a segurança e a promoção da saúde. A relevância nesse processo está no controle do perigo, que anteriormente se referia a fatores imprevisíveis, fatalistas, e atualmente surge como passível de controle humano. Referente ao risco, necessita-se esclarecer quanto à diferença de risco/perigo: define-se perigo como sendo a fonte, situação ou ação com potencial de causar algum tipo de dano. Logo, um perigo é algo no ambiente de trabalho que indica possibilidade de ocasionar acidente ou prejuízo a saúde de pessoas. Ao passo que, risco é definido como sendo a combinação da probabilidade de ocorrência de eventos ou exposições ocupacionais perigosas e a gravidade dos danos que podem ser causados por estes eventos ou exposições. Quanto à finalidade do gerenciamento de riscos, consiste em identificar os fatores de riscos que podem causar danos à saúde ou integridade física, no sentido de implementar medidas para evitar que efeitos danosos ocorram. Aqui, cabe a crítica à ênfase da abordagem quantitativa de forma hegemônica nesse campo das probabilidades. Dessa maneira é importante destacar, que a abordagem qualitativa do risco, em suas possibilidades, reificando o conceito, que caso utilize apenas o enfoque quantitativo, acaba negligenciando aspectos e dimensões fundamentais, em situações onde a incerteza e a imprevisibilidade inerentes aos processos, escapam ao cálculo e à mensuração. Assim é onde deve figurar a abordagem qualitativa do risco, preenchendo esta lacuna com cientificidade e complementando-se uma e outra abordagem harmonicamente. Os cientistas sociais consideram, que as avaliações de risco não podem deixar de lado fatores subjetivos (éticos, morais, culturais) que norteiam as opções dos indivíduos. Vislumbra-se haver diálogo interdisciplinar entre as culturas hard e soft, principalmente para pesquisadores que desenvolvem pesquisa em Ciências Humanas e Sociais em saúde, porém parece não haver essa aproximação nos dias atuais, conforme nos resultados obtidos neste estudo. No entanto, existe um consenso entre vários estudiosos de risco como: a avaliação de risco não é um processo científico, objetivo, que possa ser reduzido a uma avaliação quantitativa, pois fatos e valores frequentemente se misturam, quando são abordados assuntos de elevada incerteza, porque os fatores culturais podem afetar a avaliação que os indivíduos realizam das situações de risco; o risco é percebido de forma diferente entre experts e leigos. Assim, o profissional de enfermagem em suas orientações sobre risco, deve se atentar para a letricidade de sua clientela, diante de suas orientações, no intuito de serem bem esclarecidos. Referente ao risco, a literatura sugere quatro passos no gerenciamento de riscos: 1) Identificar os perigos e riscos: 2) Analisar e avaliar os riscos; 3) Eliminar ou controlar os riscos; 4) Monitorar e realizar a revisão dos riscos. Dessa forma é importante a identificação do risco no sentido de implementar medidas preventivas, necessitando estimar os riscos para cada fonte, situação ou ação identificada, que pode ocasionar algum dano. Além disso, é importante conhecer o risco também como um diagnóstico de enfermagem (DE): “um diagnóstico de risco não é evidenciado por sinais e sintomas porque o problema ainda não ocorreu; as intervenções de enfermagem são direcionadas para a prevenção.” conforme na NANDA-International. Logo, é essencial gerenciar os riscos em se tratando de segurança do paciente hospitalizado. Este tema tem estimulado discussões com o intuito de conquistar melhorias da assistência e promover maior segurança do paciente, que é definida como as intervenções que reduzem o risco de danos desnecessários associados ao cuidado de saúde, até um mínimo aceitável, conforme a estrutura Conceitual da Classificação Internacional sobre Segurança do Doente – CISD, da Organização Mundial de Saúde. Assim sendo, a equipe multiprofissional, e principalmente a enfermagem necessita aperfeiçoar seu conhecimento em segurança do paciente visando uma assistência de qualidade. Considerações finais. A presente revisão integrativa demonstrou a importância em se conhecer o conceito de risco relacionado à segurança do paciente hospitalizado. Evidenciou-se que poucos estudos investigaram a questão do entendimento do risco relacionado a segurança do paciente, o que pode dificultar a elaboração de protocolos e modelos teóricos que possam contribuir para a minimização de ocorrências de eventos adversos e suas consequências em pacientes hospitalizados.
Palavras-chave: Enfermagem, Gestão de Riscos, Risco, Segurança do Paciente.