Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O ENTENDIMENTO DO RISCO NO CONTEXTO DA SEGURANÇA DO PACIENTE HOSPITALIZADO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Joselia Braz dos Santos Ferreira, Jonas Lirio Gurgel, Selma Petra Chaves Sá, Barbara Pompeu Christovam, Rosimere Ferreira Santana, Alessandra Conceição Leite Funchal Camacho, Rosana Moreira de Sant’Anna, Cassia Gonçalves Santos da Silveira

Última alteração: 2022-02-05

Resumo


Apresentação:

A enfermagem é atuante no contexto da segurança do paciente hospitalizado e seu entendimento sobre a temática risco é relevante, pois estes profissionais têm participação e papel fundamental em diversas questões que englobam riscos, tanto para a saúde do trabalhador, como para os pacientes por eles assistidos e o ambiente hospitalar. Assim, esta revisão integrativa apresenta como objetivo: revisar a literatura brasileira sobre risco no contexto da segurança do paciente hospitalizado. Método: estudo descritivo, do tipo revisão integrativa, norteado pela questão: qual o conhecimento produzido acerca do risco no contexto da segurança do paciente hospitalizado? Realizado nas bases de dados eletrônicas: SciELO, portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) – via National Library of Medicine; Web of Science; SciVerse Scopus (SCOPUS). Nas fontes de literatura cinzenta, buscou-se pelo Portal de Teses e Dissertações pela Plataforma Sucupira da CAPES, também foi realizada investigação de maneira manual em livros presenciais, publicados no período entre 2005 e 2021. Resultado: Foram considerados elegíveis para esta revisão o total de 16 publicações: 6 artigos, 5 dissertações, 3 teses e 2 livros. Estes permitiram identificar que o termo risco apresenta uma lacuna conceitual, devido a sua heterogeneidade, atribuindo este fato aos diversos fatores, existentes como: o progresso de disciplinas direcionadas para o cálculo de risco, expostos como probabilidades estatísticas; a evolução da tecnologia computacional; a promoção da saúde, a segurança e o gerenciamento de risco. O termo risco surge com a composição das sociedades modernas ocidentais, trazendo consigo o pressuposto da possibilidade de prever determinadas situações ou eventos, utilizando o conhecimento dos parâmetros de uma distribuição de probabilidades de acontecimentos futuros, que podem ser computados por meio de expectativas matemáticas. A partir das transformações sociais e tecnológicas, as modificações ocorridas na sociedade, nas relações econômicas, e estruturas políticas emergiu a teoria da probabilidade, que está associado à noção de risco, numa abordagem quantitativa. O pensar a probabilidade propiciou o meio necessário para considerar os riscos como possíveis de gerenciamento. O risco surge como conceito, quando o futuro passa a ser compreendido como passível de controle. O termo risco passou a ser mais amplamente utilizado nos jornais médicos, podendo estar relacionado a diversos fatores, como: o desenvolvimento de disciplinas voltadas para o cálculo de risco, expresso como probabilidades estatísticas; o atual desenvolvimento em tecnologia computacional; o gerenciamento de risco; a segurança e a promoção da saúde. A relevância nesse processo está no controle do perigo, que anteriormente se referia a fatores imprevisíveis, fatalistas, e atualmente surge como passível de controle humano. Referente ao risco, necessita-se esclarecer quanto à diferença de risco/perigo: define-se perigo como sendo a fonte, situação ou ação com potencial de causar algum tipo de dano. Logo, um perigo é algo no ambiente de trabalho que indica possibilidade de ocasionar acidente ou prejuízo a saúde de pessoas. Ao passo que, risco é definido como sendo a combinação da probabilidade de ocorrência de eventos ou exposições ocupacionais perigosas e a gravidade dos danos que podem ser causados por estes eventos ou exposições. Quanto à finalidade do gerenciamento de riscos, consiste em identificar os fatores de riscos que podem causar danos à saúde ou integridade física, no sentido de implementar medidas para evitar que efeitos danosos ocorram. Aqui, cabe a crítica à ênfase da abordagem quantitativa de forma hegemônica nesse campo das probabilidades. Dessa maneira é importante destacar, que a abordagem qualitativa do risco, em suas possibilidades, reificando o conceito, que caso utilize apenas o enfoque quantitativo, acaba negligenciando aspectos e dimensões fundamentais, em situações onde a incerteza e a imprevisibilidade inerentes aos processos, escapam ao cálculo e à mensuração. Assim é onde deve figurar a abordagem qualitativa do risco, preenchendo esta lacuna com cientificidade e complementando-se uma e outra abordagem harmonicamente. Os cientistas sociais consideram, que as avaliações de risco não podem deixar de lado fatores subjetivos (éticos, morais, culturais) que norteiam as opções dos indivíduos. Vislumbra-se haver diálogo interdisciplinar entre as culturas hard e soft, principalmente para pesquisadores que desenvolvem pesquisa em Ciências Humanas e Sociais em saúde, porém parece não haver essa aproximação nos dias atuais, conforme nos resultados obtidos neste estudo. No entanto, existe um consenso entre vários estudiosos de risco como: a avaliação de risco não é um processo científico, objetivo, que possa ser reduzido a uma avaliação quantitativa, pois fatos e valores frequentemente se misturam, quando são abordados assuntos de elevada incerteza, porque os fatores culturais podem afetar a avaliação que os indivíduos realizam das situações de risco; o risco é percebido de forma diferente entre experts e leigos. Assim, o profissional de enfermagem em suas orientações sobre risco, deve se atentar para a letricidade de sua clientela, diante de suas orientações, no intuito de serem bem esclarecidos. Referente ao risco, a literatura sugere quatro passos no gerenciamento de riscos: 1) Identificar os perigos e riscos: 2) Analisar e avaliar os riscos; 3) Eliminar ou controlar os riscos; 4) Monitorar e realizar a revisão dos riscos. Dessa forma é importante a identificação do risco no sentido de implementar medidas preventivas, necessitando estimar os riscos para cada fonte, situação ou ação identificada, que pode ocasionar algum dano. Além disso, é importante conhecer o risco também como um diagnóstico de enfermagem (DE): “um diagnóstico de risco não é evidenciado por sinais e sintomas porque o problema ainda não ocorreu; as intervenções de enfermagem são direcionadas para a prevenção.” conforme na NANDA-International. Logo, é essencial gerenciar os riscos em se tratando de segurança do paciente hospitalizado. Este tema tem estimulado discussões com o intuito de conquistar melhorias da assistência e promover maior segurança do paciente, que é definida como as intervenções que reduzem o risco de danos desnecessários associados ao cuidado de saúde, até um mínimo aceitável, conforme a estrutura Conceitual da Classificação Internacional sobre Segurança do Doente – CISD, da Organização Mundial de Saúde. Assim sendo, a equipe multiprofissional, e principalmente a enfermagem necessita aperfeiçoar seu conhecimento em segurança do paciente visando uma assistência de qualidade. Considerações finais. A presente revisão integrativa demonstrou a importância em se conhecer o conceito de risco relacionado à segurança do paciente hospitalizado. Evidenciou-se que poucos estudos investigaram a questão do entendimento do risco relacionado a segurança do paciente, o que pode dificultar a elaboração de protocolos e modelos teóricos que possam contribuir para a minimização de ocorrências de eventos adversos e suas consequências em pacientes hospitalizados.

Palavras-chave: Enfermagem, Gestão de Riscos, Risco, Segurança do Paciente.