Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Farmacêuticas em uma jornada autoetnográfica: explorando nossas práticas de dentro pra fora
Kirla Barbosa Detoni, Ana Cimbleris-Alkmim, Bárbara Taciana Furtado, Renata Lopes Serra Negra, Jéssica Aline Silva Soares, Simone de Araújo Medina Mendonça, Djenane Ramalho de Oliveira

Última alteração: 2022-05-30

Resumo


Apresentação: Este trabalho visa apresentar o processo e o produto de uma disciplina de “Autoetnografia” ofertada em um programa de pós-graduação em medicamentos e assistência farmacêutica de uma universidade pública de Minas Gerais. Tal disciplina, ofertada em ambiente virtual, buscou promover a exploração de novos caminhos metodológicos para a realização de pesquisas na área farmacêutica. Somos um grupo de farmacêuticas e pesquisadoras participando dessa iniciativa, explorando, aprendendo e aplicando a metodologia qualitativa da Autoetnografia na investigação de nossas experiências, situadas na intersecção de nossas atuações como professoras, estudantes, pacientes e profissionais de saúde, inseridas no contexto de uma ciência ainda predominantemente pautada no paradigma positivista. Partimos da lente de nossas vivências, explorando nossas memórias, e dialogando com outros autoetnógrafos e pensadores das humanidades aplicadas à saúde e à educação. Ao longo dos nossos encontros, criamos um ambiente de confiança para compartilharmos nossas escritas. Os feedbacks construtivos permitiram o aprimoramento de nossas habilidades como escritoras e pesquisadoras. Nosso objetivo neste trabalho é apresentar uma narrativa autoetnográfica construída colaborativamente no decorrer desses encontros. Desenvolvimento do trabalho: A autoetnografia se refere à escrita (grafia) sobre o pessoal (auto) e sua relação com a cultura (etno). Como método, segue uma abordagem de investigação científica antropológica e social, sendo uma ferramenta potente para pesquisas e para profissionais que lidam com relações humanas, como educadores e profissionais de saúde. A autoetnografia nos permite transitar pelas nossas vivências como profissionais, educadores ou pacientes de modo holístico, integrando esses e outros papéis exercidos no dia a dia. Partimos de nossas próprias vivências para explorar o contexto sociocultural onde as colisões entre o indivíduo e a sociedade acontecem. Na autoetnografia colaborativa, os dados coletados individualmente são analisados e interpretados colaborativamente. Assim, diversas experiências e perspectivas sobre o tema da pesquisa são coletadas e representadas, ampliando o alcance do olhar e o impacto dos achados em uma comunidade mais ampla. Resultados e/ou impactos: A disciplina de “Autoetnografia” permitiu explorar diversas experiências de forma minuciosa e aprofundada. Os temas de pesquisa de cada uma das integrantes foram apresentados individualmente por meio de narrativas autoetnográficas, envolvendo: o uso de plantas medicinais; a experiência de viver com dor crônica; o sexismo; o racismo; a tomada de decisão compartilhada em farmacoterapia; as relações de poder na saúde; e o processo de vivenciar, ensinar, pesquisar e cuidar em saúde. Em seguida, tais narrativas foram submetidas à discussão e ao diálogo em grupo, possibilitando melhor elaboração. As diversas temáticas apresentadas se comunicam pela busca do olhar humano sobre questões da saúde, trazendo à tona aspectos críticos que evidenciam as relações de poder nesse cenário. A partir destes dados, as autoras elaboraram uma narrativa colaborativa a ser compartilhada de forma oral com os participantes do congresso. Considerações finais: Ao longo dos encontros os questionamentos sobre a “validade” da Autoetnografia para as pesquisas no campo da Farmácia deixaram de ser relevantes. A metodologia mostrou-se um recurso pedagógico potente para explorar conhecimentos velados e promover a capacidade reflexiva e crítica. Criamos nossa própria realidade: uma comunidade de pesquisadoras autoetnógrafas.