Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A ORALIDADE NO PROTAGONISMO DE TERRITÓRIOS PROMOTORES DE SAÚDE
George Luiz Néris Caetano

Última alteração: 2022-02-20

Resumo


Trata-se de um estudo que se propõe sistematizar saberes e fazeres orais seminais à prática medicinal tradicional no Distrito Federal. Diante do epistemicídio que os povos não-brancos sofrem diariamente, faz-se pontual um rastreio de narrativas e práticas atravessadas pela memória oral ancestral à luz da espiritualidade, ladeada pela religiosidade, no processo adoecimento e cura. Apresenta-se como objetivo o desejo de sistematizar narrativas da memória oral ancestral à luz da espiritualidade que assegurem o resgate e manutenção da Medicina Tradicional na formação/prática de atores tradicionais. Utiliza-se a observação participativa nos desdobramentos da territorialidade, visando compreender, por meio das narrativas individuais e coletivas, resgatadas pelos instrumentos da Pedagogia Griô, as percepções dos saberes e fazeres da Medicina Tradicional no contexto biopsicossocial, apontando os impactos na formação/prática dos serviços e agentes de saúde. As ferramentas griôs são aplicadas para o resgate das práticas, fazeres e saberes tradicionais, a partir da musicalidade, corporeidade e resgate identitário comunal. A partir das narrativas decoloniais e ancestralizadas de  personagens multietárias, de forte relação com a matriz oral e com características socio identitárias entrelaçadas com a estrutura territorial, à exemplo, as rezadeiras, parteiras (obstetrizes), povo de terreiro, ciganos e povos indígenas, firma-se uma ponte entre a memória eternizada na oralidade ancestral com e nas práticas contemporâneas relacionadas ao processo de saúde doença. Dessa forma, memórias orais e práticas, fazeres e saberes ancestrais estão sendo resgatados, trazendo consigo uma espiritualidade / religiosidade ativa para o processo de saúde e doença. A espiritualidade que reside na memória oral ancestral, atravessada pela religiosidade, é o efeito motriz para a manutenção de práticas milenares existentes no processo de saúde e doença dos povos tradicionais.