Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PROJETO DE INTERVENÇÃO: COBERTURA VACINAL DE COVID-19 EM UM TERRITÓRIO DE SAÚDE DE VITÓRIA, ES
Fernanda Ercília Souza Trigo, Gabriela Soares Berger, Carolina Maia Sales, Roseane Vargas Rohr, Caroline Simões Caldeira, Welington Serra Lazarini

Última alteração: 2022-02-12

Resumo


Introdução: O ano de 2020 foi marcado pela pandemia de covid-19, uma doença desconhecida até então pelos cientistas e profissionais de saúde, vírus altamente contagioso que rapidamente se disseminou pelo mundo. Levando a altos índices de internação hospitalar e morte dos contaminados. Enquanto vários países do mundo já iniciaram a vacinação ainda no final do ano, no Brasil a corrida pela vacina teve início em 2021. A vacina contra a covid era o único meio de diminuir a circulação e os óbitos pela doença. O Brasil, país referência em imunização, precisava organizar um processo de logística de produção, distribuição e cobertura de vacinação de modo eficaz. Porém, infelizmente, existiram diversas barreiras para a vacinação dos brasileiros, como os atrasos na compra e produção de imunizantes. Além da dificuldade da população em agendar de forma online a vacina, visto que, muitos não possuem acesso à internet ou têm dificuldade em lidar com as tecnologias. Enquanto acadêmicas da graduação em Enfermagem do 7º período da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), exercendo atividades de estágio curricular na Atenção Primária, fomos designadas a atuar em uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF), tendo como preceptora a enfermeira responsável pela imunização da unidade. Hoje o problema que encontramos lá é que boa parte dos adultos não se vacinaram pelo menos com as duas doses da vacina da COVID-19. Assim, foi identificado a baixa cobertura vacinal de adultos (principalmente na faixa etária de 40 a 59 anos) contra a covid-19, sendo um problema primordial para a equipe. Nesse sentido, após discussões com a preceptora, a diretora da UBSF e a professora orientadora do estágio, optamos por desenvolver um Projeto de Intervenção que pudesse contribuir para melhorar a cobertura vacinal dos residentes do território. Objetivo: Desenvolver ações integradas no território, a fim de ampliar essa cobertura vacinal dos adultos da faixa etária de 40 a 59 anos para identificar os fatores que interferem na meta a ser atingida. Método: Relato de experiência de implementação de projeto de intervenção para o aumento da cobertura vacinal da covid-19. Local: Uma Unidade Básica de Saúde da Família em Vitória, Espírito Santo. População alvo: pessoas cadastradas na unidade na faixa etária de 40 a 59 anos sem o esquema vacinal de duas doses completo. Procedimentos realizados: Realizar o levantamento dos pacientes adultos por microárea através da Rede Bem Estar; lançar os dados de cada paciente no Sistema Vacina e Confia e verificar se ele tomou D1, D1 e D2 ou nenhuma vacina. Anotar as informações coletadas desse paciente e passar para o agente de saúde responsável pela microárea, para fazer o contato com ele para agendar a vacinação; Apoiar o planejamento e organização das vacinações na unidade; Realizar busca ativa por telefone para garantir que as doses dos frascos abertos fossem utilizadas evitando desperdício; Prestar orientações durante a triagem e a vacinação para desmistificar as fake news; Participar das campanhas de vacinação Dia D realizadas na unidade. Resultados: Os resultados do levantamento quantitativo realizado no período do estágio, nos meses de junho, julho e na primeira quinzena de agosto de 2021, antes do dia D (21/08/2021). A busca ativa permitiu quantificar as pessoas do território de saúde que já haviam tomado a D1, D1 e D2, e DU, entrando no grupo de “vacinados”, enquanto quem ainda não havia tomado nenhum imunizante entrou no grupo “nenhum”. Dessa forma, as ações realizadas para tentar reverter o quadro de baixa cobertura vacinal, foram: a busca ativa realizada por telefone para garantir que as doses dos frascos abertos fossem utilizadas evitando desperdício, orientações durante a triagem e a vacinação para desmistificar as fake news, planejamento e organização da vacinação da Covid-19 na unidade, além da realização do Dia D. Antes da ação a faixa etária de 40 a 49 anos apresentava 251 pessoas totalmente imunizadas,  e o quantitativo de usuários que não receberam nenhuma dose era de 666 e, sendo assim, com avanço das ações tomadas para reverter o quadro da baixa cobertura vacinal, refletiu diretamente no aumento significativo do número de pessoas que tomaram D1 e D2 ou DU.  Na  faixa etária de 40 a 49 anos há 1070 pessoas totalmente imunizadas após a ação. Portanto, o território de São Cristóvão apresenta pelo menos 83,26% da população de 40 a 49 anos vacinada com uma dose. Na faixa etária de 50 a 59 anos, o número de pessoas que não estavam imunizadas com nenhuma dose era de 371. Após a ação, o número caiu para 182. Assim, a porcentagem caiu para 49%. Os dados quantitativos sobre o total de imunizados parcial (D1) ou totalmente (D1 e D2 ou DU) eram de 1241 pessoas (76,9%) e, após as medidas de intervenção, esse número passou para 1430 pessoas (88,69%) imunizadas. Em relação ao total do público alvo (3569 pessoas da faixa etária de 40 a 59 anos), antes era cerca de 70,95% (2532 pessoas) foram vacinadas parcial ou totalmente. Após o Dia D, esse número foi de 85,87% (2894 pessoas) imunizados. Os não vacinados com nenhuma dose antes eram de 29,05% e depois resultaram em 14,12%. Quando se trata sobre o atraso vacinal, é importante entender os fatores que levaram a isso. No caso da vacinação contra a covid-19, a busca ativa mostrou que a população do território de saúde em questão, principalmente da faixa etária de 40 a 59 anos, encontrou grande dificuldade para realizar o agendamento da vacina (tanto pelo aplicativo Vitória Online quanto pelo site da prefeitura municipal). Isso aconteceu devido o território de saúde estar situado na periferia do município, assim, muitos não têm acesso à internet ou nem sequer sabem mexer com esse tipo de tecnologia. Outro fator primordial é o fato da quantidade de vagas se esgotarem rapidamente. Dessa forma, após a realização desse dia D em 21 de agosto de 2021, os resultados encontrados foram satisfatórios, uma vez que mostrou números menores de não vacinados. É importante observar que tais dados são relativos somente à população de 40 a 59 anos, visto que no dia da ação o público alvo foi maior (população 25+ para D1 e D2, influenza e atualização da caderneta da criança, mas não entraram no contexto do nosso trabalho). O feedback da ação resultou em 500 pessoas vacinadas com D1, atingindo a meta do dia. Considerações finais: Ao abordar o atraso vacinal, é importante entender os fatores que levaram a isso. No caso do território de saúde em questão, ocorreu por estar situado na periferia da capital. Assim, muitos não têm acesso à internet ou sequer sabem mexer com esse tipo de tecnologia. Outro fator, é o fato da quantidade de vagas se esgotarem rapidamente. Portanto, através das ações de planejamento e organização das vacinações na unidade, a busca ativa realizada por telefone para o agendamento, orientações durante a triagem e a vacinação, além das campanhas de vacinação e o Dia D, tiveram resultados positivos sobre cobertura vacinal dos adultos da faixa etária de 40 a 59 anos do território de saúde.