A situação proporcionada pela pandemia do COVID-19, causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), exigiu profundas mudanças nos serviços de saúde. Na odontologia foram suspensos os atendimentos eletivos, sendo realizados apenas os atendimentos de urgências. A 1ª consulta odontológica de crianças de até 1 ano de idade foi incluída entre os atendimentos suspensos. Diante deste quadro, a Teleodontologia na APS se apresentou como uma forma alternativa de prestar assistência às crianças nesta faixa etária. O objetivo deste estudo é relatar a experiência da utilização desta ferramenta. A experiência aconteceu em uma Unidade de Saúde, no bairro Sarandi, em Porto Alegre, tendo seu início em junho de 2020 e finalizada em abril de 2021. Foi aprovado pelo Comitê de Ética do Grupo Hospitalar Conceição e pela Plataforma Brasil. No estudo foram incluídas 50 crianças menores de um ano, com 36 delas se conseguiu realizar o contato telefônico com pais ou responsáveis. Para orientar a entrevista telefônica foi construído um questionário e um resumo. Para registro das informações obtidas na entrevista foram realizadas em documento no Google Drive, na forma de Diário de Campo. A análise das informações se deu pela técnica de Análise de Conteúdo. A maioria das mães, 77,7%, relataram que tiveram gestações normais e 22,3%, passaram por desconfortos e complicações como enjoos e pré-eclâmpsia. As gestações levadas a termo foram 86,20 %. As mães que receberam ao menos uma avaliação odontológica durante a gestação foram 65,3%. Os partos em maioria, 70,96%, foram normais e sem intercorrências. Enquanto 29,03% foram cesarianas. A maioria dos bebês, 58,3% meninos e 41,7%, meninas e a média de idade no momento da pesquisa foi de 10 meses. E 75 % dos bebês receberam aleitamento materno com exclusividade durante os 6 primeiros meses e todas essas crianças permaneciam em aleitamento materno quando foi realizada a entrevista. Todos relataram oferecer alimentos sólidos, frutas, com nenhum ou pouco sal. Porém 36,1% bebês receberam açúcar ou bolachas e chocolates. Em média, os bebês apresentavam 8 dentes na boca. Porém, 48,5 % dos responsáveis não realizavam higiene oral nos bebês. Em maioria, 61,1% dos bebês não faziam uso da chupeta ou do dedo.  Através da pesquisa foi possível restabelecer o vínculo da população com a US pela abertura de um canal de comunicação, conhecer a situação de saúde bucal das crianças e ainda sanar preocupações, dúvidas, medos, inseguranças que os pais ou responsáveis apresentavam em momentos de restrição de acesso a US. O que se conclui é que a Teleodontologia representa possibilidades de oferecer assistência odontológica, a qual o cirurgião-dentista pode se adaptar dependendo da necessidade do seu local de trabalho, particularidades sanitárias do momento, como o atual ou outras situações específicas, podendo servir como via de orientação, educação e monitoramento.