FAZER-SUS: uma rede de afetos que produz resistências e (re)encontros

Autores: Vinícius Campelo Pontes Grangeiro Urbano, Manuelle Maria Marques Matias, Gabriela Maciel dos Reis, Sônia Maria Lemos, Talita Abi Rios Timmermann, Afonso Ricardo de Lima Cavalcante, Lavínia Boaventura Silva Martins, Thaiara Dornelles Lago

APRESENTAÇÃO

O Fórum Fazer-SUS nasceu de um (re)encontro de várias gerações de versusianas e versusianos no 14º Congresso Internacional da Rede Unida para falar dos efeitos que o VER-SUS produziu em nós. Anos depois, estamos do lado de cá no cotidiano da vida ocupando os mais diversos espaços: na Universidade, na pós-graduação, na gestão ou nas redes dos serviços de saúde, nos espaços de controle social em saúde, movimentos sociais. Na luta por Fazer o SUS no dia-a-dia. O que nos move é o desejo de produzir encontros, reflexões e sistematizar narrativas sobre tantas vivências que tanto nos afe(c)tam e nos constituiu sujeitas e sujeitos. Certas e certos de que o atravessamento da experiência que vão servindo de estruturas para movimentar e pluralizar o SUS como também para nos transbordar e contaminar muitas e muitos que já estão vindo e que virão, fazendo surgir força, histórias e resistência.

DESENVOLVIMENTO

É através daquilo que toca o corpo que se inscreve este lugar, que se tece entre palavras e processos de vidas, somando em um ritmo e reverberando em um eco que transpassa as telas frias e aquecem quem está ao outro lado. A diversidade de sotaques, a expressão e ênfase de cada um e cada uma que, ao falar do seu lugar, convoca para escutar um pouco mais, formando assim não só um movimento, mas um laço outro que faz brotar no peito a fertilidade da esperança. Assim, surge um movimento que tem como nome a busca do que dele foi apostado desde seu início, FAZER-SUS, porque é no que diz sobre ação do corpo, sobre a prática do dia-a-dia que é formado esse órgão vivo que é o SUS, e é neste lugar que se faz todos os encontros deste fórum. Diante disto talvez seja possível pensar, afinal de que é feito o SUS? E a resposta que vai sendo obtida com essa experiência é vasta. O SUS que é falado e feito a cada encontro, é um SUS plural, onde sua ação se desbrava entre cantos sagrados de líderes espirituais, sujeitos e sujeitas a frente de sua comunidade que luta e reivindica pelo seu povo, de profissionais que trafegam rios, a outros que labutam no sol e asfalto, e diante de tantos lugares, vai se entendendo a cada encontro onde e como é feito o SUS. Tendo nascido nas periferias de um povo que lutava para poder ter seus corpos enfermos um lugar de cuidado, onde os que ali entrassem não tivessem distinção social, o SUS, como viemos descobrindo, foi gerado no útero da resistência, e nutrido por um desejo de sonho e esperança. Saiu no mundo com os Raimundos e Marias, é diverso e plural, sua etnia é Brasileira, e ele acontece nas mãos e palavras de todos os cidadãos e cidadãs desta terra. O SUS é vivo porque ele é mais que uma ideia, ele é uma ação de corpo e foi isto que fomos aprendendo em cada encontro. O SUS anda, nada, voa . O SUS corre, canta, dança. O SUS participa de toda manifestação religiosa. O SUS rir nas favelas, anda a cavalo no sertão. O SUS é uma condução de vidas, é uma floresta rica em seu bioma, complexa em suas redes e neste lugar, e embalado pela descoberta dele, que surge este Fórum, como mais uma extensão do seu braço, como mais uma árvore frutífera deste lugar. Um espaço de fala e práxis, que luta para dar brilho a todas estas vidas que fazem o SUS, para dar voz a todos e todas, de profissionais aos Raimundos e Marias, o FAZER-SUS vêm apostando e permanecerá apostando neste SUS que é de todos e todas.

RESULTADOS

O resultado dos encontros entre gentes em diferentes lugares do SUS tem sido um misto de reflexões e formulações sobre o cotidiano no Sistema de Saúde, sobre as nossas práticas postas em perspectiva, tendo no horizonte a imagem-objetivo que nos guia: a mudança das práticas de cuidado em saúde. Desde a sua constituição, o Fórum Fazer-SUS dedicou-se a discutir algumas temáticas, entre as quais estão: outras formas de produzir saúde nas religiosidades, cuidados e (re)encontros com o SUS; (re)invenção em tempos de pandemia com outras e-labor-ações de cuidado(s) e vigilância(s) nos territórios e ainda sobre as diversidades na construção de outros mundos e Fazer-SUS que respeite a multiplicidade das existências, dentre uma série de outras falas e construções onde nossos membros e membras ofertaram, tais como a importância do controle social e dos movimentos políticos.  Assim, o Forúm FAZER-SUS deixe de ser apenas encontros dialógicos e passa a ser um espaço de formação em ato e informação, que através das mídias digitais oferta, através de trocas de experiência, um conhecer outro, que por ser gerado diante o que foi vivido e circular com a experiência e o corpo dos que ali se prestam a este feito, é uma potência educativa e sensibilizadora para os profissionais e sujeitos/sujeitas que daquele espaço adentrar. Além disso, é possível observar que nosso espaço também se constitui como um momento de saúde, uma vez que se pode falar sobre os conflitos de sua realidade, sobre as paixões e amores que perpassa o feito de uma prática, ali se insere um momento catártico e acolhedor para todos e todas que participam.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acreditamos que o Fazer-SUS é nosso ponto de encontro e de partida para outra margem nesta grande ciranda dos afectos que nos deslocam e nos mobilizam a produzir outras saúdes. Encontros produzidos com atores e atrizes de diversas inserções e histórias que nos ajudam a pensar sobre um SUS real, que transpassa vidas e diversidades, gerando seus modos de resistências, e ensinando como criar pontes e afetar outros sujeitos, mesmo no momento mais desafiador na nossa História marcado pela pandemia da Covid-19. Deste modo podemos concluir que o FAZER-SUS é mais que um Forúm, se tornando também um instrumento que ajuda a fomentar e disseminar práticas e narrativas que permeiam o cotidiano do SUS, revigorando através de mídias digitais e um espaço de documentação das vozes que compõem e que ajudam a formar o nosso Sistema Único de Saúde.