A pandemia decorrente do SARS-CoV-2 levou ao aumento exponencial de unidades de terapia intensiva (UTI) e da necessidade de equipes para trabalhar nessas unidades. O setor de terapia intensiva demanda profissionais especializados a fim de que o tratamento seja eficaz, seguro e de qualidade.

A relação entre o aumento das UTI’s e a oferta escassa de profissionais especializados fez com que vários centros mundiais recorressem a soluções de telemedicina e de tele monitoramento. Visando levar o conhecimento desses profissionais para dentro das unidades críticas. O projeto de tele UTI utilizou de tecnologia de telecomunicação, informática e interatividade para o desenvolvimento de atividades médica e multiprofissional. As atividades consistiram em  ações de gestão, pesquisa e soluções em educação e assistência em saúde.

O presente trabalho tem por objetivo apresentar a percepção dos profissionais assistidos pelo projeto de tele UTI em relação ao seu desenvolvimento e aplicabilidade durante o ano de 2021.

Desenvolvimento

O projeto de tele UTI foi baseado em três pilares: telemedicina, treinamento da equipe multiprofissional e na coleta de indicadores. O objetivo da telemedicina é a segunda opinião formativa. A  tele multiprofissional é desenvolver a avaliação perante o paciente crítico e nos processos da assistência pertinente a categoria.

O treinamento da equipe multiprofissional é embasado numa matriz customizada por hospital, conforme as necessidades e demandas do setor e em consonância com as evidências científicas.

A pesquisa de satisfação foi aplicada após três meses de implementação do projeto. Consistiu no preenchimento de um formulário online encaminhado para os grupos de trabalho dividido em cinco seções. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, obrigatório para dar seguimento as próximas seções que abordam questões sociodemográficas e de formação profissional; sessões de tele médica e multiprofissional; conhecimento e empatia dos profissionais consultores; e os treinamentos desenvolvidos.  As respostas foram graduadas conforme a escala Lickert (1932).

Resultados

O total de respondentes foi de 49 profissionais, nos quais 20 são enfermeiros, 16 fisioterapeutas e 13 médicos.  Apresentam até dois anos de experiência em UTI, 54% dos médicos, 60% dos enfermeiros e 75% dos fisioterapeutas. Em relação à formação profissional, 35% apresentam apenas graduação e 38% residência ou pós em terapia intensiva.

A despeito das sessões de telemedicina e tele multiprofissional 84% consideraram que auxiliam  no processo de avaliação do paciente crítico e no exercício do profissional e 80% sentiram-se satisfeitos com as discussões. Sobre o conhecimento do profissional consultor, 90% consideram o conhecimento satisfatório.

Quanto aos treinamentos e a metodologia utilizada, 92% e 86%, respectivamente,  consideraram satisfatória e muito satisfatória.

Considerações finais

O projeto de Tele UTI, analisado sob a óptica dos profissionais assistidos pela equipe, desempenhou e desenvolveu um trabalho com ótimo aceite e grau de satisfação. Apresentando resultados relevantes no desenvolvimento profissional, sendo visíveis a partir das discussões, dos acompanhamentos realizados e das habilidades desenvolvidas. A telemedicina e tele monitoramento é um recurso a ser utilizado para levar expertise a locais geograficamente inacessíveis e/ou com dificuldade de acesso a equipes especializadas.