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Apresentação: A pandemia de COVID-19 apresentou-se como um grande desafio sanitário, para todos os níveis de atenção à saúde. No cenário da Atenção Básica, as Equipes de Saúde da Família atuaram como protagonistas em diversos momentos da pandemia, juntamente à vigilância em saúde, através da identificação de novos casos, tratamento e monitoramento de casos leves e moderados, imunização contra a doença, além da prevenção e da orientação comunitária. Integram este cenário, as Equipes de Saúde Bucal (ESB), que durante a pandemia enfrentaram inúmeros desafios e demonstraram grandes potencialidades no cuidado e na atenção à saúde, atuando juntamente às equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), na responsabilização sanitária pelos territórios em momento pandêmico. Deste modo, é objetivo deste trabalho apresentar o relato de uma experiência de enfrentamento à pandemia de COVID-19, por uma Equipe de Saúde Bucal da Atenção Básica no interior do Amazonas. Desenvolvimento do trabalho: A Equipe de Saúde Bucal da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Balbina, localizada no município de Presidente Figueiredo/Amazonas, é composta por uma cirurgiã-dentista e uma auxiliar de consultório dentário. A unidade possui uma equipe de ESF, que assiste uma população de em média 2.000 pessoas no território, além de populações ribeirinhas e dos ramais das adjacências que frequentemente buscam a unidade. Pode-se dizer que a atuação da ESB da UBS de Balbina, durante a pandemia de COVID-19, transpassou três momentos: I- Obscuridade, II- Restrição III- Retorno gradual. O momento I, de obscuridade, ocorreu no primeiro instante da pandemia, em março de 2020, onde haviam muitas incertezas a respeito do Novo Coronavírus e de seus mecanismos de transmissão, tratamento e prevenção. Neste período não havia casos de COVID-19 confirmados no município e os atendimentos odontológicos se mantiveram regulares até o final do mês.  O momento II, de restrição, foi marcado pela limitação dos atendimentos odontológicos a partir de um Decreto Municipal do dia 27 de março de 2020, que suspendeu os atendimentos odontológicos eletivos e manteve apenas o atendimento aos casos de urgência e emergência odontológica. Tal suspensão levou em consideração as recomendações de notas técnicas emitidas pelas entidades de saúde, que consideraram a assistência odontológica de alto risco para a disseminação do Novo Coronavírus, devido às características inerentes à prática odontológica, como proximidade da face entre profissional e usuário, exposição a materiais biológicos contaminantes e a alta carga viral presente nas vias aéreas superiores. Neste período, na UBS de Balbina, o atendimento odontológico passou a funcionar conforme o decreto, atendendo aos usuários que se encontravam em situações de urgência odontológica, como dores agudas, sangramentos, dentre outras situações. Houve uma redução drástica na busca por atendimento odontológico, especialmente em janeiro de 2021, onde houve um agravamento da pandemia no Amazonas. Neste momento além de realizar atendimentos às urgências, a ESB participou de atividades de enfrentamento à pandemia, externas ao consultório odontológico, como atuação em barreiras sanitárias, ações de prevenção em zonas rurais, reuniões com presidentes de comunidades sobre as ações a serem adotadas em conjunto com o serviço de saúde, atuação em campanhas de testes rápidos, apoio à vacinação, além do acolhimento humanizado na unidade de saúde e educação em saúde sobre o Novo Coronavírus. Houve também a participação em campanhas promovidas pela unidade para a confecção e doação de máscaras de tecido e cestas básicas para famílias em vulnerabilidade socioeconômica do território, ação esta que ganhou destaque e foi exibida pelo Jornal do Amazonas da Rede Amazônica de Televisão. O momento III, de retorno, ocorreu quando os dados epidemiológicos demonstraram redução no número de casos e óbitos por COVID-19 na região e foi caracterizado pelo retorno gradual dos atendimentos odontológicos eletivos, em meados de maio de 2021, se estendendo até os dias atuais. Neste período a Unidade Básica de Saúde de Balbina recebeu um reforço de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como máscaras N95, aventais descartáveis, viseiras de proteção facial e álcool gel. Os atendimentos odontológicos passaram a ocorrer de forma programada, através do agendamento na própria unidade, a fim de evitar aglomerações. A triagem dos usuários se intensificou no sentido de identificação de sintomas gripais e todos os cuidados de biossegurança foram reforçados para garantir a segurança dos usuários e profissionais. Resultados e/ou impactos: A pandemia de COVID-19 repercutiu no cotidiano dos serviços da atenção básica, incluindo os de saúde bucal, que sofreram restrições durante os períodos mais críticos da pandemia. Mesmo diante das circunstâncias que se apresentaram, como a limitação dos atendimentos odontológicos às urgências emergências, a ESB de Balbina buscou atuar também em outras frentes de prevenção e controle do Novo Coronavírus, o que fortaleceu o trabalho em equipe e o vínculo com a comunidade. Como consequência da redução dos atendimentos odontológicos, houveram desafios para equipe em lidar com uma demanda reprimida de usuários, principalmente os que tiveram o tratamento interrompido com a pandemia, bem como a dificuldade de entendimento dos usuários acerca dos riscos do atendimento durante a pandemia e do que se tratavam as situações de urgência e emergência odontológica, assuntos que foram tema de atividades de educação em saúde na sala de espera da unidade. Considerações finais: A atuação das equipes de saúde bucal junto à ESF contribui com a potencialização das ações de prevenção, promoção da saúde e controle de agravos. Na UBS de Balbina as ações realizadas com a participação da Equipe de Saúde Bucal contribuíram para o controle da disseminação da doença na comunidade. Quanto aos atendimentos odontológicos, no decorrer da pandemia houveram momentos de maior e menor restrição, que foram orientados a partir dos dados epidemiológicos locais. Adiante, o desafio que se apresenta é o de prestar assistência a demanda reprimida para que todos tenham acesso aos serviços de saúde em tempo oportuno na atenção básica. Medidas de biossegurança devem ser reforçadas e mantidas a fim de mitigar a insegurança de usuários e profissionais na unidade. Durante a pandemia de COVID-19 os profissionais da saúde bucal demonstraram a importância da versatilidade e da interdisciplinaridade nos processos de trabalho, devendo ser reconhecidos como atuantes na linha de frente do combate ao Novo Coronavírus.