APRESENTAÇÃO

A disseminação da COVID-19 no mundo sobrecarregou os serviços de saúde, em especial os universais, como o Sistema Único de Saúde (SUS). Exigiu medidas urgentes de distanciamento social, pois, à época, sabia-se pouco sobre a doença e não havia vacinas disponíveis. A superlotação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) com pacientes com COVID-19 foi uma das consequências e dificultou o acesso de pesquisadores em realizar estudos de campo.

DESENVOLVIMENTO

Trata-se do relato das repercussões da pandemia COVID-19 nas coletas de dados de pesquisa em Unidade Básica de Saúde (UBS) em uma capital do Nordeste, que iniciou coleta de dados em novembro de 2019 e encerrou em janeiro de 2022, por estudantes de graduação e pós-graduação de uma universidade pública do Ceará. A coleta visava testar evidência de validade de instrumento criado com base Teoria de Resposta ao Item (TRI) e exigia que os respondentes fossem pessoas em situação de vulnerabilidade. Aconteceu nas seis regionais da cidade de Fortaleza-Ceará-Brasil, sendo escolhidas ao acaso duas UBS de cada regional.

RESULTADOS

Antes da pandemia, as UBS apresentavam rotina pacata, com exceções de alguns imprevistos, que eram encaminhados às Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Assim, a inserção de pesquisadores no ambiente de sala de espera era cabível e não interferia no fluxo de atendimento de profissionais de saúde e pacientes. Entretanto, com a superlotação ocasionada pelos atendimentos a pacientes com COVID-19, ao adentrar novamente nas UBS para realizar a coleta, os pesquisadores enfrentaram resistência da parte dos gestores. Essas decisões foram justificadas pelo anseio em atrasar o fluxo de atendimento, comprometer a assistência em saúde e descumprir protocolos. Dois dos estudantes que realizaram a coleta de dados tiveram COVID-19, diminuindo o número de recursos humanos, sobrecarregando os outros estudantes, além do atraso na coleta de dados e cumprimento do cronograma para finalização da pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A condução da pesquisa foi prejudicada pela pandemia COVID-19 e gerou inúmeros desafios aos pesquisadores para continuarem sua coleta de dados. Esse cenário gerou sentimentos de incertezas, pois os protocolos assistenciais se tornaram mais rígidos e dificultaram a inserção dos pesquisadores no campo.