Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A interdisciplinaridade no QUALIFICA-APS: um relato de experiência docente.
Alana Alves Araújo, Erika Barros Batista Pereira, Yanna Soledade Silva Rody, Nayara Benfica Pires Puziol, Alinne Fabiane da Silva Moura

Última alteração: 2022-02-06

Resumo


 

Apresentação: Trata-se de um relato de experiência acerca do sucesso do trabalho interdisciplinar desenvolvido pelos docentes assistenciais que atuam no Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde do Espírito Santo o (QUALIFICA APS) criado pelo Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPI), que dentre as suas funções desenvolve através do componente do provimento e fixação de profissionais um trabalho de cooperação entre Estado e os Municípios por meio de desenvolvimento de mecanismos de recrutamento, formação, remuneração e supervisão. Esta supervisão e formação são realizadas por docentes assistenciais médicos, enfermeiros e dentistas. Todo o trabalho desenvolvido no QUALIFICA APS se dá através do uso de metodologias ativas inovadoras de ensino com intuito de através da educação permanente reestruturar a Atenção Primária em Saúde no ES capacitando de forma contínua os profissionais trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. Objetivo: Relatar experiência exitosa do trabalho interdisciplinar desenvolvido pelos docentes assistenciais médicos, enfermeiros e dentistas que atuam no programa de qualificação da Atenção Primária no Estado do Espírito Santo. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência a partir do trabalho desenvolvido pelos tutores profissionais médicos, enfermeiros e dentistas que atuam no Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde do Espírito Santo o (QUALIFICA APS) desenvolvido pelo Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPI), em 67 municípios do Estado do Espírito Santo desde 2019. Diante da pandemia do Covid-19 e todas as dificuldades por ela trazida foi preciso ampliar a articulação entre as três categorias de profissionais que compõem o corpo de docentes do QUALIFICA APS para a manutenção das atividades pedagógico-educacionais e também assistenciais in loco. Precisávamos estar mais tempo próximo e apoiando os profissionais que estavam atuando nas unidades de saúde seja na linha de frente, na campanha de vacinação contra o covid-19, nos atendimentos eletivos a população dos territórios. Até certo momento após o início da pandemia do Covid-19 este apoio acontecia através dos grupos de WhatsApp e encontros síncrono on line semanais, com proposta de atividades planejadas para norteamento dos encontros através de termo de referência em cada mês trabalhando temas diferentes de acordo com as necessidades e demandas atendidas na APS e cada docente com seus supervisionados de acordo com sua categoria realizava diariamente este trabalho. Diante do cenário que estamos vivenciando, com o crescente número de casos de covid, internações, mortes, campanha de vacinação, atendimentos eletivos, manutenção da assistência nos programas, a sobrecarga de trabalho, o adoecimento também dos profissionais houve a necessidade de pensar estratégias para que enquanto docentes também pudéssemos estar na ponta com os nossos supervisionados. Diante do grande número de profissionais que compõem o provimento isso só seria possível através do trabalho em equipe e assim com a união das três categorias de docentes assistenciais conseguimos efetivar algo tão necessário à interdisciplinaridade no seu conceito primário o de integração recíproca entre várias ciências. A partir então desta necessidade de estar in loco, em especial agora na chamada quarta onda da Covid-19, os docentes assistenciais se dispuseram a apoiar um ao outro nas quatro regiões de saúde do estado sul, metropolitana, central e norte. Rompíamos aqui a atuação isolada por categoria, por área de conhecimento e passamos a trabalhar de forma integrada e coletiva. Colega médico docente apoiando nas unidades de saúde que ela atuava outros profissionais como enfermeiros e dentistas; docentes enfermeiros apoiando e acolhendo demandas da odontologia e da medicina; docentes da odontologia sentando para ouvir as necessidades dos profissionais médicos e enfermeiros e a partir daí iniciamos um trabalho de profissionais docentes da saúde. E esta união dos saberes, das categorias, o trabalho em equipe, a parceria mostrou-nos que o trabalho interdisciplinar é possível, que é uma importante ferramenta diante da complexidade dos processos de saúde-doença que os profissionais de saúde enfrentam diariamente em seus locais de trabalho e que podem ser apoiados e superados com trabalho em equipe. Destaco aqui o processo natural de empatia e acolhimento entre os docentes e entre supervisionados das categorias que compõe o provimento, vivenciar este momento está sendo muito importante pois entendemos que apesar de estarmos em categorias profissionais diferentes atuamos todos num mesmo projeto, temos os mesmos campos de prática os territórios e as famílias neles adscritas e os profissionais que supervisionamos estão todos inseridos em equipes multidisciplinares na APS tendo todos supervisores e supervisionados os pacientes, as famílias, as ações de promoção de saúde, de prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento e reabilitação como foco do nosso trabalho enquanto profissionais de saúde.  Resultados: Como resultados desta experiência percebemos ampla troca de saberes, grande articulação dos processos de trabalho entre ICEPI, docentes e os profissionais da ponta, avanço na superação da visão de saúde fragmentada, movimento em direção do rompimento da atuação profissional solitária, ampliação da comunicação, construção de relações e condutas profissionais horizontais e uma construção coletiva dos saberes e das nossas práticas. Considerações finais: Através da experiência aqui descrita é possível afirmar que se faz necessário e é muito importante a efetivação e a manutenção nos processos formativos continuados de educação permanente em saúde o incentivo e a manutenção do trabalho interdisciplinar entre os atores que compõem o corpo de docentes como também entre os profissionais que estão atuando nos 64 municípios do Estado que participam do programa. Concluímos que esta experiência nos motivou a refletir e nos evidenciou que independentemente da categoria profissional a qual pertencemos, somos todos profissionais de saúde e que precisamos em nosso dia-a-dia cultivar este espírito de cooperação, de parceria, de trocas, a fim de conseguirmos responder de forma efetiva e mais acertiva as necessidades da população diante da crescente complexidade dos processos de saúde-doença que atendemos diariamente e que somente através do trabalho interdisciplinar e multiprofissional teremos êxito em nossas práticas assistenciais e alcançaremos alguns de nossos objetivos como a reestruturação da Atenção Primária em Saúde, qualidade na assistência prestada aos usuários, a melhoria dos indicadores de saúde e maior satisfação da população do Estado do Espírito Santo usuários do SUS.