Introdução: Existem poucas informações sobre a quantidade de pessoas surdas usuárias de Libras e suas características sociais, econômicas e de saúde. As pesquisas realizadas por órgãos do governo, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, têm se limitado a investigar as pessoas denominadas com deficiência auditiva, não distinguindo deste grupo, quais são aquelas que se comunicam por meio da Libras. Além disso, apesar da legislação ser clara de que o surdo tem direito de ser atendido em sua língua nos serviços de saúde, o que se costuma ver são inúmeros obstáculos de acesso, devido, sobretudo, às barreiras comunicacionais e linguísticas. Objetivo: Analisar características sociodemográficas e sanitárias, bem como o acesso à saúde de pessoas surdas que se comunicam por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras), com 18 anos ou mais, residentes na região metropolitana de Campinas. Método: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, caracterizada por um estudo epidemiológico descritivo transversal com um grupo de pessoas surdas com 18 anos ou mais, usuárias de Libras, residentes na Região Metropolitana de Campinas, com amostra intencional, não probabilística. Foi aplicado um questionário online para obtenção de informações auto-referidas, disponível por meio da ferramenta Google Forms. O questionário foi estruturado com a maioria das perguntas fechadas, com alternativas pré-definidas, organizadas nos seguintes blocos: aspectos demográficos, socioeconômicos, estado de saúde, comportamentos relacionados à saúde e estilo de vida, uso de serviços de saúde. Os dados originais foram anonimizados e tratados no software GNU R para serem posteriormente analisados nos softwares GNU R e SPSS. As análises estatísticas consistiram em resumos baseados em tabelas de contingência, nas quais foram feitos cruzamentos de interesse dos pesquisadores e levaram em conta as variáveis diretamente relacionadas às hipóteses de pesquisa. Desta forma, o ferramental estatístico utilizado neste trabalho resume-se à estatística descritiva dos dados tratados. Resultados: A maioria dos 188 surdos participantes da pesquisa era do sexo feminino, da raça branca, evangélicos, empregados, com nível de escolaridade até ensino médio e residentes de Campinas. Também foi possível concluir que a maioria dos participantes consideram ruim o acesso à saúde e a comunicação com os profissionais de saúde, evidenciando suas dificuldades em receber atendimento nas redes pública e privada por conta da barreira comunicacional. Evidencia-se a necessidade de os profissionais da saúde aprenderem Libras e a implantação e regulamentação do ensino de Libras nos cursos de graduação da área da saúde. Considerações Finais: Também são necessários mais estudos científicos que contemplem o perfil sociodemográfico dos surdos, a fim de compreender suas necessidades particulares e promover intervenções que favoreçam a acessibilidade.

Palavras-chave: Surdez. Perfil Epidemiológico. Acesso aos Serviços de Saúde. Acessibilidade. Língua de Sinais.