Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-06
Resumo
APRESENTAÇÃO: Mundialmente, observam-se mudanças quanto ao aumento da população idosa. Estudos estimam que de 2010 a 2050 a população idosa duplicará, esse aumento será maior nos países em desenvolvimento. No Brasil, a população idosa vem crescendo bruscamente, espera-se que para 2050 a população idosa ultrapassará os 22,71% da população total. Esses dados nos mostram que a rápida elevação desses números evidencia a necessidade de melhorias na área da saúde com esse novo perfil epidemiológico. A saúde do idoso merece atenção, em especial no aspecto da saúde bucal, visto que estes carregam a herança de um modelo assistencial centrado em práticas mutiladoras e curativas com pouca resolubilidade. O aumento da população idosa vem se refletido num significativo aumento na prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). É possível destacar a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM), ambas atingem cerca de 1,5 bilhões de pessoas no mundo e 50 milhões no Brasil. Existe uma relação direta da HAS e DM com a saúde bucal, associados a fisiopatologia das doenças ou ao seu tratamento medicamentoso. Além disso, estudos apontam relação entre perda dentária e HAS. O objetivo desta pesquisa foi avaliar as condições de saúde bucal e qualidade de vida dos idosos com Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica matriculados na Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade no município de Manaus – Amazonas. METODOLOGIA: Foi realizado um estudo transversal, utilizando o questionário GOHAI, índice CPO-D, o índice uso e necessidade de prótese e exames clínicos, utilizando a ficha SB2010. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética em pesquisa da UEA, com parecer número 3.391.607. Participaram da pesquisa idosos com idade acima de 60 anos com Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM) de ambos os sexos, matriculados na FUNATI no Município de Manaus-AM com idosos que consentirem a participação mediante a assinatura do TCLE, que estavam dentro dos critérios de inclusão. No questionário GOHAI, o idoso tem como opções as respostas "sempre", "às vezes" e "nunca". O resultado de cada voluntário pode variar de 12 a 36. Esses valores permitem classificar a autopercepção em ótimo (> 34), regular (30 a 33) e ruim (< 30). Para análise dos dados foi utilizado o software SPSS versão 20.0 para Windows. RESULTADOS: Participaram desta pesquisa 76 idosos matriculados nos cursos da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade – FUnATI em Manaus, Amazonas, onde 64 % foram do gênero feminino e 27% masculino. A maioria dos idosos tinha idade entre 60 a 69 anos. Quanto ao grupo étnico, a maior porcentagem se deu na raça parda, 42%, seguida por branca 35,5% e apenas um participante era indígena, representando cerca de 1,3% da pesquisa. Quanto ao grau de escolaridade, a maioria, 41% dos idosos concluiu o ensino médio, seguido pelo ensino fundamental 19,7% e apenas 7,8% afirmaram não ter escolaridade. Poucos possuem nível superior cerca de 11,8%. Com relação a Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus, todos os idosos participantes da pesquisa apresentavam alguma das duas comorbidades, Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus. 46 (60%) dos idosos apresentavam Hipertensão Arterial Sistêmica, 19 (25%) apresentavam Diabetes Mellitus e 11 (14%) apresentavam as duas comorbidades. Quanto ao uso e necessidade de prótese dentária, estudo foi encontrado que 55% dos idosos avaliados utilizam prótese superior e 42% dos idosos utilizam prótese inferior, 45% dos idosos não necessitam de prótese dentária superior e 34% dos idosos não necessitam de prótese inferior. Em relação a prevalência de cárie foi encontrado um CPO médio igual a 25,3, sendo o componente Perdido (extraído + indicação de extração) o mais prevalente 82% seguido por 11% cariado e 5% obturado. Quanto ao índice GOHAI, obtido por meio do questionário, percebeu-se uma variação de resultados de 19 à 30 pontos, com média de 25,28 pontos, o que é considerada “ruim” de acordo com este índice utilizado. 53,4% dos idosos apresentaram uma autopercepção em saúde bucal ruim e 46,6% tem autopercepção em saúde bucal considerada regular. Envelhecer é um processo natural e heterogêneo que tornam frequentes patologias como lesões orais e infecciosas, dentro outros motivos, pelo uso de próteses. Fatores como educação, renda, sexo, apoio social e depressão também estão correlacionados a saúde bucal do idoso, aumentando a necessidade de tratamento odontológico. A prevalência do sexo feminino na presente pesquisa pode ser justificada devido a uma população maior do sexo feminino usuária dos serviços públicos de saúde e ao fato da realização da pesquisa ter ocorrido em um centro de convivência, onde as mulheres são mais ativas e têm mais interesse em participar de atividades, quando comparadas aos homens. Quanto ao CPOD dos idosos, o grande número de dentes perdidos nos participantes dessa pesquisa, a ausência de dentes entre os idosos é ainda alarmante e um reflexo de uma odontologia pautada em práticas curativas, com foco principalmente em extrações e reabilitações com prótese dentária. A maioria dos idosos desta pesquisa utilizavam prótese, o que pode ser atribuído a uma maior utilização de prótese pelos idosos, devido a metas traçadas pela OMS em 2010 e a implantação dos Centros de Especialidades Odontológicas. A satisfação do paciente quanto ao uso de prótese está intimamente ligada a qualidade e funcionalidade que a prótese total proporciona. A média do índice GOHAI obtida nessa pesquisa foi 25,28 pontos, caracterizando uma autopercepção de saúde bucal dos idosos “ruim”. A precária condição dentária muitas vezes não é percebida pelo idoso pois grande parte não apresenta sintomatologia dolorosa, o que não foi o caso dos idosos participantes dessa pesquisa, e o número exacerbado de dentes extraídos é tido como um processo natural consequente do envelhecimento. A influência do acúmulo de doenças crônicas pode estar relacionada a piora das condições de saúde bucal, quando ocorre o acometimento do paciente por mais de uma doença ao mesmo tempo, somadas a diabetes e hipertensão, ocorre uma grande probabilidade de declínio funcional o que predispõe a piora com os cuidados com a saúde bucal, como consequência as condições clínicas bucais precárias. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A percepção do idoso quanto a sua saúde bucal é um critério fundamental para elevar a adesão a práticas saudáveis, as quais agregam impactos positivos na qualidade de vida. Os levantamentos epidemiológicos são fundamentais para o planejamento e promoção da saúde bucal dos idosos. É necessário continuar a fornecer orientações aos idosos, principalmente idosos com condições crônicas (diabetes e hipertensão). A autopercepção do idoso quanto a sua saúde bucal é fundamental para adesão a práticas saudáveis, que visem a melhora na qualidade de vida, é um grande passo para salientar políticas públicas que visam a melhoria do estado de saúde e bem-estar. São necessárias mais pesquisas que visem a percepção da condição da saúde bucal pelo idoso relacionadas ao seu bem-estar e felicidade. A Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade em Manaus/AM tornou-se um espaço primordial para a construção de um envelhecimento ativo e saudável, e com idosos interessados no autocuidado.
Palavras-chave: Atenção Integral à Saúde. Múltiplas Afecções Crônicas. Odontologia Geriátrica.