Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
SAÚDE BUCAL E QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS COM DIABETES MELLITUS E HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA MATRICULADOS NA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ABERTA DA TERCEIRA IDADE EM MANAUS AMAZONAS
tania cristine liborio pereira, Adriana Beatriz Silveira Pinto, Ângela Xavier Monteiro, Maria de Fátima Ribeiro Rodrigues, Lauramaris de Arruda Regis Aranha, Shirley Maria de Araújo Passos

Última alteração: 2022-02-06

Resumo


APRESENTAÇÃO: Mundialmente, observam-se mudanças quanto ao aumento da população idosa. Estudos estimam que de 2010 a 2050 a população idosa duplicará, esse aumento será maior nos países em desenvolvimento. No Brasil, a população idosa vem crescendo bruscamente, espera-se que para 2050 a população idosa ultrapassará os 22,71% da população total. Esses dados nos mostram que a rápida elevação desses números evidencia a necessidade de melhorias na área da saúde com esse novo perfil epidemiológico. A saúde do idoso merece atenção, em especial no aspecto da saúde bucal, visto que estes carregam a herança de um modelo assistencial centrado em práticas mutiladoras e curativas com pouca resolubilidade. O aumento da população idosa vem se refletido num significativo aumento na prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).  É possível destacar a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM), ambas atingem cerca de 1,5 bilhões de pessoas no mundo e 50 milhões no Brasil. Existe uma relação direta da HAS e DM com a saúde bucal, associados a fisiopatologia das doenças ou ao seu tratamento medicamentoso. Além disso, estudos apontam relação entre perda dentária e HAS. O objetivo desta pesquisa foi avaliar as condições de saúde bucal e qualidade de vida dos idosos com Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica matriculados na Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade no município de Manaus – Amazonas. METODOLOGIA: Foi realizado um estudo transversal, utilizando o questionário GOHAI, índice CPO-D, o índice uso e necessidade de prótese e exames clínicos, utilizando a ficha SB2010. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética em pesquisa da UEA, com parecer número 3.391.607. Participaram da pesquisa idosos com idade acima de 60 anos com Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM) de ambos os sexos, matriculados na FUNATI no Município de Manaus-AM com idosos que consentirem a participação mediante a assinatura do TCLE, que estavam dentro dos critérios de inclusão. No questionário GOHAI, o idoso tem como opções as respostas "sempre", "às vezes" e "nunca". O resultado de cada voluntário pode variar de 12 a 36. Esses valores permitem classificar a autopercepção em ótimo (> 34), regular (30 a 33) e ruim (< 30). Para análise dos dados foi utilizado o software SPSS versão 20.0 para Windows. RESULTADOS: Participaram desta pesquisa 76 idosos matriculados nos cursos da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade – FUnATI em Manaus, Amazonas, onde 64 % foram do gênero feminino e 27% masculino.  A maioria dos idosos tinha idade entre 60 a 69 anos.  Quanto ao grupo étnico, a maior porcentagem se deu na raça parda, 42%, seguida por branca 35,5% e apenas um participante era indígena, representando cerca de 1,3% da pesquisa. Quanto ao grau de escolaridade, a maioria, 41% dos idosos concluiu o ensino médio, seguido pelo ensino fundamental 19,7% e apenas 7,8% afirmaram não ter escolaridade. Poucos possuem nível superior cerca de 11,8%. Com relação a Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus, todos os idosos participantes da pesquisa apresentavam alguma das duas comorbidades, Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus. 46 (60%) dos idosos apresentavam Hipertensão Arterial Sistêmica, 19 (25%) apresentavam Diabetes Mellitus e 11 (14%) apresentavam as duas comorbidades. Quanto ao uso e necessidade de prótese dentária, estudo foi encontrado que 55% dos idosos avaliados utilizam prótese superior e 42% dos idosos utilizam prótese inferior, 45% dos idosos não necessitam de prótese dentária superior e 34% dos idosos não necessitam de prótese inferior. Em relação a prevalência de cárie foi encontrado um CPO médio igual a 25,3, sendo o componente Perdido (extraído + indicação de extração) o mais prevalente 82% seguido por 11% cariado e 5% obturado. Quanto ao índice GOHAI, obtido por meio do questionário, percebeu-se uma variação de resultados de 19 à 30 pontos, com média de 25,28 pontos, o que é considerada “ruim” de acordo com este índice utilizado. 53,4% dos idosos apresentaram uma autopercepção em saúde bucal ruim e 46,6% tem autopercepção em saúde bucal considerada regular. Envelhecer é um processo natural e heterogêneo que tornam frequentes patologias como lesões orais e infecciosas, dentro outros motivos, pelo uso de próteses. Fatores como educação, renda, sexo, apoio social e depressão também estão correlacionados a saúde bucal do idoso, aumentando a necessidade de tratamento odontológico. A prevalência do sexo feminino na presente pesquisa pode ser justificada devido a uma população maior do sexo feminino usuária dos serviços públicos de saúde e ao fato da realização da pesquisa ter ocorrido em um centro de convivência, onde as mulheres são mais ativas e têm mais interesse em participar de atividades, quando comparadas aos homens. Quanto ao CPOD dos idosos, o grande número de dentes perdidos nos participantes dessa pesquisa, a ausência de dentes entre os idosos é ainda alarmante e um reflexo de uma odontologia pautada em práticas curativas, com foco principalmente em extrações e reabilitações com prótese dentária. A maioria dos idosos desta pesquisa utilizavam prótese, o que pode ser atribuído a uma maior utilização de prótese pelos idosos, devido a metas traçadas pela OMS em 2010 e a implantação dos Centros de Especialidades Odontológicas. A satisfação do paciente quanto ao uso de prótese está intimamente ligada a qualidade e funcionalidade que a prótese total proporciona. A média do índice GOHAI obtida nessa pesquisa foi 25,28 pontos, caracterizando uma autopercepção de saúde bucal dos idosos “ruim”. A precária condição dentária muitas vezes não é percebida pelo idoso pois grande parte não apresenta sintomatologia dolorosa, o que não foi o caso dos idosos participantes dessa pesquisa, e o número exacerbado de dentes extraídos é tido como um processo natural consequente do envelhecimento. A influência do acúmulo de doenças crônicas pode estar relacionada a piora das condições de saúde bucal, quando ocorre o acometimento do paciente por mais de uma doença ao mesmo tempo, somadas a diabetes e hipertensão, ocorre uma grande probabilidade de declínio funcional o que predispõe a piora com os cuidados com a saúde bucal, como consequência as condições clínicas bucais precárias. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A percepção do idoso quanto a sua saúde bucal é um critério fundamental para elevar a adesão a práticas saudáveis, as quais agregam impactos positivos na qualidade de vida. Os levantamentos epidemiológicos são fundamentais para o planejamento e promoção da saúde bucal dos idosos. É necessário continuar a fornecer orientações aos idosos, principalmente idosos com condições crônicas (diabetes e hipertensão). A autopercepção do idoso quanto a sua saúde bucal é fundamental para adesão a práticas saudáveis, que visem a melhora na qualidade de vida, é um grande passo para salientar políticas públicas que visam a melhoria do estado de saúde e bem-estar. São necessárias mais pesquisas que visem a percepção da condição da saúde bucal pelo idoso relacionadas ao seu bem-estar e felicidade. A Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade em Manaus/AM tornou-se um espaço primordial para a construção de um envelhecimento ativo e saudável, e com idosos interessados no autocuidado.

 

Palavras-chave: Atenção Integral à Saúde. Múltiplas Afecções Crônicas. Odontologia Geriátrica.