Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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EDUCAÇÃO PERMANENTE DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: UMA PROPOSTA PARA ABORDAGEM DA HAS
Germana Maria da Silveira, Gicelma Braga Ferreira, Leidy Dayane Paiva de Abreu, Ana Hirley Rodrigues Magalhães, Maria Lúcia Duarte Pereira

Última alteração: 2022-02-03

Resumo


Apresentação: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada um importante problema de saúde pública devido à sua alta prevalência e baixas taxas de controle, contribuindo significativamente nas causas de morbidade e mortalidade cardiovascular. No Brasil, 25% da população adulta apresenta essa doença e estima‑se que em 2025 esse número terá aumentado em 60%, atingindo uma prevalência de 40%. A HAS, além de ser uma das principais causas de mortes por doenças do aparelho circulatório, acarreta um ônus socioeconômico elevado, com uma vida produtiva interrompida por invalidez temporária ou permanente. Por isso, no âmbito da saúde pública, a prevenção a doenças crônicas não transmissíveis ainda é o melhor caminho. Tal agravo pode ser definido como a manutenção de níveis pressóricos superiores a 140 mmHg e 90 mmHg na sistólica e diastólica, respectivamente. Podem-se ampliar as complicações para além da saúde, acarretando diminuição da qualidade de vida em se tratando dieta pouco saudável, inatividade física e risco maior para outras doenças secundárias. Assim o estudo teve como objetivo promover ações de Educação Permanente com uma equipe de Agentes Comunitários de Saúde sobre Hipertensão Arterial Sistêmica. Desenvolvimento: Esse estudo consiste em um relato descritivo de experiência do projeto de intervenção objetivando a mudança, não necessariamente imediata, das práticas adotadas até então sobre a situação problema. O projeto foi desenvolvido entre os meses julho a dezembro de 2019. Os participantes do estudo foram compostos por sete (07) Agentes Comunitários de Saúde (ACS). O intuito a priori foi criar multiplicadores do conhecimento para assistência ao paciente com Hipertensão Arterial Sistêmica, já que estes estão em contato direto e continuo ao paciente com essa comorbidade e seus familiares. Contudo, o projeto enquanto finito abre portas para continuar essa jornada de Educação Permanente em relação à assistência aos pacientes com doenças crônicas não transmissíveis com o restante da equipe de saúde. Houve explicação prévia do projeto e aceitação participação da pesquisa foi de forma livre através assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). A execução da intervenção foi realizada em três eixos, utilizando uma estratégia para cada objetivo específico. Cada eixo representou uma etapa da intervenção e sua conclusão contribuiu para a resolução do problema: Melhorar a assistência ao paciente com HAS em um Centro de Saúde da Família. ESTRATÉGIA 1: Apresentar a proposta do projeto intervencionista a partir de uma visão coletiva de benefícios ao CSF- Nessa etapa estivemos repassando aos profissionais de saúde a situação problemática identificada pelo pesquisador com o objetivo de conscientizar os participantes envolvidos dos problemas decorrentes do acolhimento e identificação precoce de queixas e novos casos de HAS estava fragilizado; ESTRATÉGIA 2: Realizar roda de conversa sobre assistência em saúde a doenças crônicas, foco em HAS e a rede de atenção à saúde - Para essa segunda estratégia, tivemos como atividades a definição da logística para explanação sobre importância do fluxograma organizado para CSF e como e quando deveríamos encaminhar para outros dispositivos da Rede de Atenção; ESTRATÉGIA 3: Realizar ensinamento prático de verificação de aferição da pressão arterial e identificar sinais de alerta para encaminhamento ao CSF. A monitorização das atividades fez-se através da observação participante em todas as etapas realizadas. O processo avaliativo ocorreu no decorrer de toda a intervenção, observando a organização do serviço quanto ao cuidado a pacientes com HAS. Os encontros foram registrados em anotações pertinentes. Para melhor captação dos resultados a pesquisadora utilizou também de diário de campo. Resultado: Os resultados desta pesquisa são discutidos em três eixos temáticos, conforme as etapas vivenciadas pelos autores: MOBILIZAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS – nesse momento o pesquisador pôde identificar um padrão de solidariedade entre os profissionais, gerando potência no processo de trabalho, permeado por momentos de fragilidade. Ou seja, o pesquisador percebeu uma atitude geral de apoio e tentativa de resolubilidade dos problemas trazidos pelos usuários de doenças crônicas. A competência individual de cada profissional dentro das unidades e a implicação do coletivo com o processo de trabalho não foi uniforme, uma vez que em muitos momentos há desinformação dos profissionais, a falta de espaços para fala e escuta entre trabalhadores e usuários, contribuíram para a perpetuação de um cuidado em saúde fragilizado. EDUCAÇÃO EM SAÚDE E CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA DO CONHECIMENTO- O segundo encontro foi feito através de uma roda de conversa sobre o tema cuidados ao paciente com HAS: o que eu posso ajudar enquanto ACS? Trabalhou-se metodologia ativa no qual o elaborador desse projeto foi o facilitador do momento. Iniciou-se a discussão como e quando acolher os usuários em um serviço de saúde pública, o manejo a esses pacientes e quando encaminhá-los a outros profissionais de saúde. Após a explanação geral e roda de conversa sobre o tema do segundo encontro, houve encaminhamentos criados pelo grupo para que pudéssemos começar a moldarmos um modelo de trabalho em prol de um acolhimento e atendimento de qualidade para os usuários com HAS. Dentre esses encaminhamentos, teve a corresponsabilização do usuário no processo de acolhimento, analise dos indicadores de saúde, criação e permanência de vínculos, criação fluxograma e coesão entre os profissionais envolvidos, envolvimento do familiar ou cuidador no cuidado ao paciente com HAS, evolução adequada no prontuário, turno para discussão de casos, quando encaminhar o paciente ao CSF, sinais de alerta. CAPACITAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: OFICINA PRÁTICA DE AFERIÇÃO DE PRESSÃO ARTERIAL. Para finalizar o projeto, houve o terceiro encontro com oficina prática de aferição de pressão arterial. Foi nítida a empolgação nessa última etapa, pois era algo que sempre quiseram aprender, como muitos relataram. Apesar de a maioria dos profissionais sentir que a equipe do CSF em questão é despreparada para esse público, outros acreditam o contrário levando o cuidado ao paciente com doenças crônicas para além da assistência clínica, utilizando a política de redução de danos como caminho mais viável. Os resultados mostraram a importância de conhecer as concepções que os trabalhadores da saúde, principalmente os ACS, possuem a respeito do manejo ao paciente com HAS para além do atendimento medicamentoso. Apesar das dificuldades referidas pelos ACS da atenção básica, consideram-nas propulsoras de mudanças que, contribuirão para o fortalecimento e avanço de ações do cuidado a esses pacientes. Desse modo torna-se essencial o estabelecimento de novas estratégias para se trabalhar como a promoção e prevenção dos pacientes. Considerações Finais: Há muitos desafios presentes no processo de reforma assistencial curativista para preventiva no elo de construção de uma rede integrada de atenção em saúde para o cuidar com qualidade de vida. A transição assistencial, ainda em processo atualmente, é vista como sendo construção de um novo conceito para a saúde, nas suas novas formas de lidar com o paciente inserido no meio.  Acredita-se que por tratar de um projeto de intervenção pontual não podemos apontar resultados conclusivos quando a eventuais mudanças no processo de trabalho. Portanto, nos limitamos a considerar satisfatória a execução das etapas da intervenção. Acredita-se que as ações desenvolvidas repercutam nas práticas profissionais, obtendo resultados a médio e longo prazo. Um exemplo claro disso foi ter conseguido sensibilizar os trabalhadores sobre a importância da EP e o compromisso firmado entre profissionais de ensino superior e unidade de saúde em terem EP periódicas sobre temas pertinentes a prática profissional.