Tamanho da fonte: 

Os acidentes de trabalho na área da saúde, principalmente em hospitais, representam grande relevância, enfatizando aqueles com risco biológico, pois são os mais comuns e refletem motivo de preocupação para os profissionais da saúde, uma vez que estão associados ao contato direto com fluídos corporais ou manipulação de materiais perfurocortantes contaminados que podem viabilizar a transmissão de diversos patógenos, entre eles, o vírus do HIV, Hepatite B e C. Neste cenário, os profissionais de enfermagem destacam-se como a categoria mais suscetível a acidentes, dado que estão constantemente realizando cuidado direto com o paciente e manuseando objetos perfurocortantes. Assim, este estudo teve como objetivo analisar o perfil dos acidentes ocorridos com materiais perfurocortantes entre a equipe de enfermagem, que foram notificados em dois hospitais. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório e de abordagem quantitativa. Esta pesquisa foi realizada em um Hospital Universitário (HU) e uma Santa Casa, tendo população do estudo composta por profissionais da enfermagem que sofreram algum tipo de acidente com material perfurocortante no período de 2016 a 2020. A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva, utilizando frequência, média e desvio-padrão. A coleta de dados foi iniciada após a aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Durante o período investigado, identificou-se 208 acidentes, dos quais 187 (89,9%) ocorreram na Santa Casa e 21 (10,1%) no Hospital Universitário - UFSCar. No HU, as circunstâncias mais frequentes para exposição foram o descarte de perfurocortante 8 (38,1%) e administração de medicamentos 4 (19,05%), tendo os técnicos em enfermagem como principais vítimas, apresentando 11 (52,38%) registros. Ainda nesta instituição, o Pronto Socorro foi o setor com o maior número de ocorrências, reunindo 12 (57,14%) incidentes, e a realização de práticas inseguras causou 2,5 vezes mais acidentes do que realizar procedimentos em condições inseguras. Na Santa Casa, foram registrados 119 (63,64%) acidentes entre os técnicos de enfermagem, enquanto os enfermeiros e auxiliares em enfermagem, juntos somaram 68 ocorrências,  já o setor com mais acidentes foi  a clínica médica, com 68 (36,36%) casos e a atividade causadora de mais lesões foi o descarte de perfurocortante 51 (27,27%), seguido pela coleta de sangue 35 (18,71%). Além disso, na Santa Casa,  87 (46,52%) acidentes foram registrados entre os trabalhadores que atuam entre 1 e 6 anos na instituição e 102 (75%) acidentes foram causados por comportamentos inseguros durante a prática profissional. O principal agente causador de acidentes foi a agulha, totalizando 166 (79,8%) de todas as ocorrências registradas nos dois hospitais. Conclui-se que os acidentes com perfurocortantes ainda representam uma significativa fonte de exposição ocupacional, que pode decorrer de diversos fatores, incluindo práticas inseguras por parte da equipe de enfermagem. Enfatiza-se a necessidade de participação dos profissionais em treinamentos e ações de educação permanente, bem como o cumprimento dos protocolos de segurança e normas reguladoras, além do uso de EPI a fim de minimizar os riscos de acidentes.