Apresentação: A obesidade é uma condição crônica, multifatorial, de difícil prevenção e controle. Estima-se que 41 milhões de adultos brasileiros são obesos e 96 milhões apresentam sobrepeso. Em crianças, tanto o sobrepeso quanto a obesidade vêm crescendo em todas as regiões do país. No Espírito Santo, identificou a prevalência de sobrepeso em 28,3% em Cariacica, 29,6% em Serra, 36,2% em Vila Velha e 27,5% e Vitória. Dentre os fatores de risco para desenvolvimento da obesidade infantil está o componente familiar e/ou responsáveis pelo cuidado infantil, os quais também influenciam comportamentos alimentares e de atividade física, com impacto direto no estado nutricional da criança. Portanto, este trabalho objetiva avaliar a relação entre o estado nutricional de crianças e de seus responsáveis que vivem na região metropolitana de Vitória/ES. Método do estudo: Trata-se de uma análise realizada com dados da linha de base do estudo intitulado “Prevenção da Obesidade Infantil na Atenção Primária em Saúde: Um Ensaio Comunitário na Região Metropolitana de Vitória-ES''. Foram coletados dados demográficos e antropométricos de crianças e seus pais/responsáveis nos municípios de Cariacica, Vitória e Serra, no período de agosto a dezembro de 2021. Foi calculado o índice de Massa Corporal e, em seguida, as crianças e adultos foram classificados em duas categorias apenas: com ou sem excesso de peso. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da UFES (no. 39633320.0.0000.5060/2020). Os dados foram tabulados no programa Microsoft Office Excel versão 2010 e a análise estatística realizada no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 22.0 (SPSS, Inc, Chicago). Foi utilizado o teste de Kappa para avaliar a concordância entre o estado nutricional das crianças e o de seus pais/responsáveis. Resultados: A amostra foi composta por 325 crianças, sendo 48,6% do sexo masculino (n=158) e 51,4% do sexo feminino (n=167), e seus respectivos responsáveis. As crianças e seus responsáveis apresentaram IMC médio de 20,65 kg/m² (± 5,08) e 30,3 kg/m² (± 6,79), respectivamente. Foi encontrado elevado percentual de excesso de peso entre crianças (62,5%) e pais/responsáveis (52,6%). Cerca de 84% das crianças com excesso de peso também tinham mãe ou outro membro da família com excesso de peso. Embora fraca a concordância do estado nutricional (k = 0,185), é estatisticamente significativa (p< 0,001). Considerações finais: O estado nutricional das crianças relacionou-se com o excesso de peso dos pais/responsáveis. Estes resultados demonstram a necessidade de planejamento de ações e programas de enfrentamento da obesidade e do excesso de peso no núcleo familiar por meio do Sistema Único de Saúde e junto à Atenção Primária à Saúde.