Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ENSINANDO E APRENDENDO GESTÃO E CUIDADOS COLETIVOS NA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM CUIDADOS PALIATIVOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
TERESA CRISTINA FERREIRA DA SILVA, FABÍOLA KARLA CORRÊA RIBEIRO, MANOELA CASSA LIBARDI, CÉLIA MARCIA BIRCHLER, DANIELE STANGE CALENTE, GILTON LUIZ ALMADA

Última alteração: 2022-02-03

Resumo


INTRODUÇÃO: O Programa de Residência multidisciplinar é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, por meio do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação (ICEPi), o qual obteve aprovação de funcionamento pelos Ministérios da Saúde e da Educação no ano de 2020. O presente trabalho aborda o processo educacional empregado no estudo e aprendizagem da unidade educacional gestão e cuidados coletivos no contexto do Programa de Residência Multiprofissional, junto a residentes em cuidados paliativos, compreendendo assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, odontólogos e psicólogos. OBJETIVO: Expor o itinerário metodológico executado em tutoria da unidade de ensino gestão e cuidados coletivos, a fim de subsidiar a elaboração e implementação de projeto aplicativo direcionado ao cenário de prática da residência multiprofissional em cuidados paliativos. METODOLOGIA: Trata-se de estudo de natureza descritiva, do tipo relato de experiência de tutoria de residência multiprofissional, empregando tecnologias de construção de conhecimento, atitudes e práticas para possibilitar a reflexão sobre o fazer profissional e o cuidado integral em saúde; além de, desenvolver e implementar um projeto de intervenção, em equipe, de forma cooperativa, interdisciplinar e ética. RESULTADOS: A residência multiprofissional em cuidados paliativos iniciou em 2020, mesmo ano de início da pandemia de COVID-19. Desta forma o processo de incorporação do conhecimento à prática profissional, da gestão e cuidados coletivos foi desenvolvido, remotamente nos encontros de tutoria, por web conferência, por duas vezes a cada mês. É importante que se registre as atividades de preparo dos tutores, pelos coordenadores dos programas de residência, em um modelo muito interessante de elaboração e discussão prévia de termo de referência, propostas de atividades autodirigidas, indicação de vídeos, estratégias de avaliação, troca de experiências, dinâmicas e outras formas de interação midiática para cada etapa de tutoria, a fim de alinhar condutas, conteúdos, prazos e fortalecer a didática empregada. Assim sendo, os estudos na unidade de ensino de gestão e cuidados coletivos se iniciaram na tutoria, com as discussões acerca do que é o planejamento estratégico em saúde e como ele se aplica no setor, tendo como suporte teórico os fundamentos do Pensamento Estratégico de Carlos Matus e o Método Altadir de Planejamento Popular, na versão simplificada do método de Planejamento Estratégico e Situacional. Nesta oficina, os residentes apresentaram, como atividade autodirigida, artigos pertinentes sobre a temática planejamento em saúde. Sendo que o grupo identificou o diagnóstico situacional como o primeiro momento do planejamento estratégico em saúde, a partir da etapa de coleta de dados, a ser seguida pelas etapas de identificação de problemas, definição de metas e ações, refletindo a importância de o planejamento partir de um problema real, identificado a partir de um diagnóstico. Para tanto, a familiarização com os processos de diagnóstico situacional e planejamento estratégico, foram inseridos desde as fases iniciais, a fim de contribuir com a transformação da realidade de saúde identificada pelos residentes. Em suma, no primeiro ano da residência, foram realizadas oito oficinas, a fim de discutir e orientar o grupo no desenvolvimento de Projeto Aplicativo, para ser implementado, no segundo ano da residência. Desta forma, realizaram o diagnóstico situacional da unidade hospitalar, cenário de prática da residência, mediante levantamento de dados e informações em sites oficiais da saúde e no próprio hospital, acrescido do Método de Estimativa Rápida. Após apresentação do diagnóstico situacional em seminário de residentes, tutores e preceptores do programa de cuidados paliativos, em segunda etapa, a ferramenta matriz decisória de priorização de problemas foi utilizada para seleção e descrição do problema, mediante a aplicação sistematizada dos critérios com foco no valor e interesse na solução, evidenciando-se o problema priorizado, estabelecendo uma hierarquia baseada nas maiores pontuações. O valor, considerado na matriz, é referente a importância que se confere a cada problema, considerando contexto, implicações e consequências para as pessoas por ele afetadas. De posse da melhor compreensão do contexto, após elencar os problemas prioritários, os residentes identificaram os atores sociais em matriz, considerando a contribuição de cada um, para a geração e/ou manutenção desses problemas. Sequencialmente, foram apresentadas e aplicadas a ferramenta da árvore explicativa dos problemas e descritores, junto a matriz de identificação das consequências. Depois, para estabelecer a matriz de identificação dos “nós críticos” foram verificadas as condições, quanto ao impacto decisivo da intervenção sobre a causa dos problemas, no sentido de modificá-la positivamente, sobre a possibilidade de intervenção direta sobre o nó causal e se seria politicamente oportuno atuar sobre a causa identificada. A partir deste ponto, também foram identificadas as frentes de ataque para se elaborar as ações do projeto aplicativo, discriminando os resultados esperados, atividades, responsáveis, parceiros e/ou eventuais opositores, indicadores, recursos necessários e prazos. Por fim, construíram as matrizes de viabilidade, monitoramento e avaliação. Toda esta  dinâmica, resultou em dois projetos aplicativos para implementação em unidade hospitalar no segundo ano de residência contemplando a problemática da inserção da assistência paliativista dentro do entendimento da Organização Mundial de Saúde, como abordagem para melhoria da qualidade de vida de pacientes e familiares que enfrentam problemas associados a doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção, alívio do sofrimento, identificação precoce, correta avaliação e tratamento da dor e outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A experiência vivenciada oportunizou o exercício prático de metodologias ativas, em tutoria desenvolvida de modo remoto, que propiciaram ao grupo de residentes o desenvolvimento da capacidade de pesquisar, analisar dados e de desenvolver um senso crítico em relação à instituição de saúde e os serviços oferecidos, e assim, compreender e apreender a gestão e cuidados coletivos. Na direção da recomendação da Academia Nacional de Cuidados Paliativos para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos no Brasil, pactuada pelas instâncias constituintes do Sistema Único de Saúde, foi possível observar que todo o processo de ensino aprendizagem, de fato, tem potencial para dar sustentação para as propostas de intervenções focadas nos problemas encontrados durante o estudo, bem como constituíram-se em espaços de reflexão entre residentes, tutores, coordenadores e preceptores, de modo a promover a ressignificação de suas práticas profissionais para a transformação da realidade de saúde, através da concretização de ações locais com foco na gestão, sobretudo almejando as melhores evidências científicas em cuidados coletivos, que possam efetivamente intervir no escopo dos cuidados paliativos no âmbito do Sistema Único de Saúde.