Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A IMPORTANCIA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO CONTEXTO DA COVID-19 NO ACRE
Érica Fabíola Araújo da Silva Faria, Barbara Pompeu Christovam, Herleis Maria de Almeida Chagas

Última alteração: 2022-02-05

Resumo


Apresentação

Com a pandemia do Coronavírus (Covid-19) o sistema único de saúde no Brasil passou por vários desafios. E a Atenção Primária à Saúde (APS) teve que aprender novas formas e modificar seus processos de trabalhos para prestar o cuidado para diminuir a ocorrência da COVID-19.  No Acre as mudanças no processo de trabalho das equipes, tem ocorrido em todo o estado, e tem sido um grande desafio para a atenção primária para dar conta dessa demanda sem abandonar as ações programáticas já desenvolvidas anteriormente.  Diante disso, questões relacionadas a gestão da saúde são evidenciadas e nos remete a discutir sobre a importância da atuação da Atenção Primária à Saúde no contexto da COVID-19. Portanto, este trabalho tem como objetivo mapear e acompanhar a situação dos indicadores de desempenho da Atenção Primária à Saúde nos municípios do Acre, propostos pelo programa Previne Brasil do Ministério da Saúde, durante a pandemia causada pelo Coronavírus.

Desenvolvimento do Trabalho

O Estado do Acre é formado por 22 (vinte e dois) municípios com uma população estimada em 2021, de 906.876 habitantes. Apenas 5,94% da população é beneficiária da saúde suplementar e o restante da população do estado dependente do Sistema Único de Saúde. O estado é divido em três regionais de saúde, onde a política de saúde do SUS vem sendo trabalhada através das Redes de Atenção à Saúde (RAS), que envolvem todas as portas de entrada no sistema de saúde, no entanto, considera a APS como a principal porta de entrada do usuário com síndrome respiratória e/ou COVID-19 e barreira para a diminuir da proliferação dos altos índices de Covid-19 no Acre, sendo 101.260 casos confirmados, 1.871 óbitos e 90.873 altas médicas de acordo com os dados epidemiológicos do Boletim Acre COVID-19 de 31 de janeiro de 2022.

Para contribuir na atuação da APS dos municípios frente a COVID-19, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre, através do Departamento de Atenção Primária à Saúde em janeiro e fevereiro de 2021, realizou assessorias virtuais nas regionais de saúde, através dos seus núcleos programáticos com a utilização de tecnologias virtuais, como vídeos chamadas e áudios e ligações telefônicas. Inicialmente foi elaborado um formulário pelas áreas programáticas relacionado ao atendimento das unidades em relação a Covid-19, contendo as seguintes informações: Quais as ações o município estavam realizando nas unidades de saúde; O município possui unidade de referência para COVID-19; Se possuía fluxo de atendimento para COVID-19; Se a equipe realizava barreira de proteção sanitária na unidade; Se as ações programáticas da unidade foram desativadas; Se ocorria o monitoramento dos casos positivos; Faziam rastreamento de casos de síndrome gripal; Perguntas relacionadas aos ciclos de vida, vacinação e o Coronavírus; E quais ações estavam realizando na comunidade para o enfretamento à Covid-19.

Após a aplicação do questionário foi realizado a consolidação dos dados e um diagnóstico de cada município e identificado quais as maiores fragilidades que cada município apresentava dentro do contexto da pandemia.

Resultados e/ou Impactos

Como resultado do diagnóstico das questões levantadas foi observado o seguinte:

Com relação as Unidades de Referências para Covid-19 a maioria dos municípios tinham apenas uma Unidade para atendimento à população, onde as pessoas com sintomas gripais ou suspeitas de Covid-19 eram encaminhadas para essa referência, onde realizavam os exames (teste rápido ou RT-PCR) e/ou consulta médica ou de enfermagem, dependendo do seu quadro clínico.

A maioria dos municípios reduziram as atividades programáticas das unidades, alegando o remanejamento de profissionais para atuarem em outras unidades, devido os afastamentos por doenças ou por grupo de risco e a sobrecarga do aumento da demanda, assim como as ações nas comunidades, como as visitas domiciliares de rotina, devido o risco de contaminação. Ficando os atendimentos diário direcionados as demandas de rotina da unidade e a procura pela oferta expontânea ou emergência, como os casos de saúde bucal.

Pontuaram como dificuldades em todo o contexto: a falta de profissionais, medicação, testes rápidos, equipamentos de proteção individuais, alta demanda nas unidades, os profissionais que não estão em unidades de referências para Covid-19 se recusam a atender pacientes suspeitos da doença, e conscientizar a população para o cumprimento de medidas protetivas e preventivas.

As ações voltadas para os ciclos de vida e áreas programáticas ficaram prejudicadas, pois a maioria foram paralizadas, como vacinação, pré-natal, atendimento a criança, idoso, portadores de doenças crônicas, grupos de tabagismo, academias da saúde, não utilizaram nenhum critério ou fluxo de atendimento e nem classificação de risco para as pessoa com vulnerabilidades.

Os municípios com população de zona rural, ribeirinha e indígenas na medida do possível se organizaram para atender essa clientela, deslocando equipes para realização de consultas, exames e vacinação da Covid-19.

Com esse diagnóstico foi possível observar que os municípios não estavam conseguindo desenvolver suas atividades de forma de forma planejada e que isso iria refletir no alcance dos índices necessários para atingir a média dos indicadores de desempenho previsto pelo Ministério da Saúde

Portanto, o Departamento realizou o apoio direcionado em cada regional de saúde e a realização de capacitações para os profissionais da atenção primária dos municípios, baseado nas suas necessidades e assim a melhora do seu processo de trabalho, como também foi possível o uso de ferramentas como linhas de cuidado, fluxos de atendimentos, matriciamento de casos, itinerários terapêuticos, e outras ferramentas norteadoras que contribuíram no processo de cuidar e na mudança do processo de trabalho dos profissionais frente a Covid-19.

Todo o plano executado para o desenvolvimentos das ações do Departamento com os municípios para o enfrentamento da Covid-19, envolveu também, outros setores da Secretaria, conforme foi evidenciadas no diagnóstico. Considero de grande relevância essa parceria e o trabalho em equipe entre as áreas, para o alcance dos objetivos e metas propostas.

Considerações Finais

A pandemia evidência a necessidade do fortalecimento e do protagonismo da APS, para que possamos alcançar uma rede de assistência à saúde mais resolutiva, preparada, acessível e como a principal porta de entrada para a população em situações de pandemia, como a da Covid-19.