Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
REPERCUSSÕES DO DELAY PANDÊMICO NO ADULTECER CONTEMPORÂNEO
Taylis Fahel Vilas Bôas Azevêdo, Anna Amélia de Faria

Última alteração: 2022-02-06

Resumo


Inserida em uma dinâmica acelerada e neoliberal, bem como envolta em uma sociedade escópica e imediatista, a necessidade de “ser alguém” cada vez mais cedo tornou-se uma normativa para muitos adolescentes ingressantes no grupo adulto. Essa realidade tem impactado seus processos de autoconhecimento e autonomia dentro da saturação das formas de ser em um ritmo social instantâneo. Precocemente, são impostos a uma díade entre sentimentos de atraso por aqueles que ainda não conquistaram sua independência e aqueles que a alcançaram precisam manter-se naquele status. Todo esse cenário foi potencializado no contexto da pandemia da COVID-19, que desencadeou um delay pandêmico, modificando as formas de comunicação e interação social em sua hibridez on e offline. O objetivo deste estudo é analisar os impactos da pressão social no tornar-se adulto contemporâneo na pandemia, identificando os impactos relativos à saúde mental. Para tanto, foi definido como metodologia do trabalho a revisão integrativa com o corpus de análise técnico-científico em livros e artigos, sob as perspectivas de José Outeiral, Luiza Moura, Stela dos Santos, Byung-Chul Han, Daniel Siegel, Zygmunt Bauman, Guy Debord, de bancos de dados, como Google Scholar, SciElo, PePSIC, BVS e Periódicos CAPES, aliado a coletas de dados netnográficos de comentários e menções nas redes sociais Instagram e Youtube. Na busca dos artigos, foram utilizados os seguintes descritores e suas combinações: adultos-jovens, transição adolescência, jovem brasileiro, pandemia, saúde mental; seguindo três critérios de inclusão: artigos publicados em português ou inglês, artigos na íntegra e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos 20 anos. Na seleção dos dados netnográficos, levando em consideração que precisamos de representações sociais que reflitam os pontos de independência, amadurecimento e adultez antecipada, selecionamos quatro perfis de análise. Utilizamos como critérios para essa etapa publicações realizadas a partir de fevereiro de 2020, intervalo temporal com a presença da pandemia, e duas publicações para cada rede por perfil de influencer escolhida. Dessa forma, totalizamos 16 publicações com quatro perfis diferentes e de duas redes sociais, o Instagram e o Youtube. Dividimos as interações em categorias sob as seguintes lógicas: Explícitos – comentários que expressam, literalmente, a visão de uma esfera de comparação e sabem da possível relação com a saúde mental da faixa etária; Implícitos – comentários que expressam o desejo de se tornar o objeto de comparação; e Probatórios – comentários que, explicitamente, marquem os efeitos na saúde mental que esse fenômeno causa. Apresentam-se resultados parciais sobre a necessidade de tornar-se adulto precocemente sob uma atmosfera de comparação social que repercute diretamente na saúde mental dos jovens adultos dentro de uma lacuna resultante da pandemia. Por compreensão, depreende-se, cada vez mais, a urgente necessidade do estudo dessas questões no contexto brasileiro contemporâneo.

 

Palavras-chave: Adulto Jovem; Adolescência; Pandemia COVID-19; Neoliberalismo; Saúde Mental.