Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-04
Resumo
A pandemia tornou visíveis as disparidades sociais no Brasil, que há muito tempo estavam em segundo plano, como as desigualdades geopolíticas, de gênero, raciais, políticas, econômicas, educacionais e comunicacionais. Os indicadores de saúde permitem identificar as condições de vulnerabilidade de determinados grupos populacionais, tanto em relação a medidas de enfrentamento ao coronavírus, quanto ao enfrentamento às necessidades econômicas e sociais, que tem tomado mais ênfase na pandemia. O objetivo do estudo foi identificar a correlação entre os Determinantes Sociais da Saúde e os dados referentes a Covid-19 na ADS de Iguatu, Ceará, Brasil. O estudo é do tipo ecológico de série temporal exploratório. Foi desenvolvido por meio de dados secundários extraídos das plataformas IntegraSUS, IPECEDATA e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O local de estudo foi a Área Descentralizada de Saúde Iguatu, constituída por dez municípios, localizada na Região de Saúde do Cariri, no estado do Ceará. O recorte temporal foi entre janeiro de 2020, até agosto de 2021. As variáveis foram: rendimento familiar mensal, densidade de moradores por dormitório, gênero, faixa etária, casos confirmados, óbitos e internações por Covid-19, segundo o sexo e a faixa etária, além de calcular as taxas de letalidade e mortalidade. Quantos aos resultados, verificou-se que foram registrados infecção pala COVID-19 em todos os munícipios pertencente a ADS de Iguatu, tendo como maior número de infectados, como também de internações por COVID-19 os municípios de Iguatu, Acopiara e Mombaça, respectivamente. Contrapondo, as localidades de Saboeiro, Deputado Irapuan Pinheiro e Catarina apresentaram os menores índices de infectados. Quando as notificações de COVID-19 por sexo, verificou que as mulheres foram as mais infectadas 56% (n=17.908), principalmente entre 20 e 44 anos, e os homens 44% (n= 14.134) de 25 a 39 anos. Em relação a taxa de letalidade, os municípios com a porcentagem mais alta foram Catarina com 17,45%, Jucas com 11,95% e Piquet Carneiro com 5,23%, já a taxa de mortalidade, observou-se alta nos seguintes municípios: Jucas com 2,74, Acopiara com 2,73 e Mombaça com 2,51 a cada 1.000 habitantes. Os municípios com maior número de óbitos foram Iguatu 226, Acopiara (n=148), Mombaça (n=110), Jucás (n=68). Em ambos os sexos, a idade de 80 anos ou mais foi a que teve mais óbitos e onde a taxa de letalidade foi maior, principalmente do sexo masculino com 55% (n= 382). Quanto ao rendimento familiar, os municípios que apresentaram o maior número de famílias sem nenhum rendimento familiar foram: Iguatu, Mombaça e Piquet Carneiro. Acerca do adensamento de moradores por dormitórios, as cidades de Iguatu, Mombaça e Acopiara, tiverem os maiores números de três pessoas ou mais por dormitórios, em comparação com as demais cidades. Dessa forma, observou-se que a COVID-19 possui uma estreita relação com os determinantes sociais, levando em consideração o número de infectados, a densidade de moradores por dormitórios e renda familiar. Como também a cidade de Iguatu, com uma maior proporção urbana, apresentou dados mais expressivos relacionados as condições de vida que a população já enfrentava antes do período pandêmico.