Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-16
Resumo
O suicídio é uma das principais causas de mortalidade entre adolescentes e jovens no mundo e está grandemente associado a transtornos mentais, principalmente a depressão. Existem variados fatores identificados como sendo de risco para o desenvolvimento desse quadro, incluindo experiências traumáticas, situações de abandono, abuso físico ou sexual, prática de bullying, bem como elementos advindos da era digital, como vício em redes sociais e ataques cibernéticos. Na ação, objeto deste relato, uma equipe de seis discentes membros da Liga Acadêmica fora montada e dirigiu-se a uma escola pública municipal, onde adolescentes de 10 a 14 anos foram convidados a assistir às palestras, nos turnos matutino e vespertino. Por meio de uma apresentação em Power Point, abordou-se o tema “depressão e suicídio”, explanando possíveis fatores desencadeantes, diferenças entre depressão e tristeza, como identificar os sinais do distúrbio e possíveis ideações suicidas, e ainda o estigma em torno transtorno depressivo. Foram realizadas algumas atividades dinâmicas de maneira lúdica. Em uma delas, os alunos deveriam desenhar a própria mão em uma folha de papel, escrever seu nome e passar para o colega sentado imediatamente atrás. Em seguida, cada um foi instruído a escrever algo positivo sobre o dono da mão desenhada. Ao fim, os desenhos retornaram aos seus respectivos donos com elogios e dizeres, como “você é incrível e “você é especial”, dentre outros eivados de gentileza e empatia. Esse cenário indicou que esses jovens entenderam a importância de uma rede de apoio. A ação como um todo levou a muitas reflexões a todos os que participaram, ao tirarem dúvidas e relatando a identificação de sinais em si mesmos ou em outras pessoas do seu convívio. Dentre os relatos esteve a angústia relacionada às redes sociais, sobretudo, com a presença de comparação e sentimento de inferioridade com o que, muitas vezes, não é a realidade. Alguns jovens relataram estarem em tratamento para ansiedade e outros possuíam familiares também em acompanhamento ou relutantes acerca do diagnóstico. Como encerramento, entregamos cartões amarelos em formas de coração e instruímos os alunos a pensarem em alguém que sentiria sua falta, caso partissem. Aproveitamos o momento para reiterar que todos tinham motivos para viver e todos tinham muita vida e futuro pela frente. Os alunos se mostraram dispostos a falar sobre o tema, dando indícios de que saúde mental deixa de ser tabu a cada dia. Levando em consideração os objetivos da ação, os alunos aprenderam a observar os sintomas da depressão, fatores que podem desencadeá-la e como buscar ajuda, conhecimento este que implica na abordagem e prevenção da atitude mais extrema resultante da doença: o suicídio. Muitos alunos abordaram os palestrantes ao final da ação com intuito de conversar, o que deixa clara a necessidade da instauração de uma rede de apoio psicológico dentro das escolas, visto que tal escuta deve ser especializada. Toda a experiência envolvida na apresentação e na escuta dos adolescentes contribuiu na formação dos alunos palestrantes, além de a execução efetiva de uma campanha nacional tão importante quanto o Setembro Amarelo.