Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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DIABETES MELLITUS TIPO 1 SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM PEDIÁTRICA: A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
Joanny Emanoelly Campos do Nascimento, Flavine Evangelista Gonçalves, Amanda Loyse da Costa Miranda, Jhennifer Nycole Rocha da Silva, Ana Carla Cavalcante Ferreira

Última alteração: 2022-02-05

Resumo


Apresentação: A diabetes mellitus tipo 1 (DM1), também denominada diabetes juvenil, é uma doença  de caráter endócrino-metabólico, com etiologia diversa, que envolve principalmente fatores genéticos, mas também biológicos e ambientais. Na DM1 a alta concentração de glicose no sangue periférico se dá pela insuficiência pancreática na produção da insulina, hormônio responsável pelo controle dos níveis glicêmicos. Essa insuficiência é determinada por um processo autoimune, no qual autoanticorpos presentes no sangue periférico atuam na destruição das células beta pancreáticas. Seu diagnóstico é realizado pela detecção de  autoanticorpos circulantes no sangue periférico e seu tratamento é comumente feito a partir da insulinoterapia. Geralmente, a DM1 é mais comum em crianças e adolescentes, sendo o pico da DM1 ocorre entre os 10 e 14 anos, porém pode ser diagnosticada em adultos de qualquer idade . No Brasil, a incidência da DM1 é de um total de 25,6 casos para cada 100.000 habitantes, o que é considerado um índice elevado; não obstante, é mais comum em caucasianos. Estudos demográficos da rede pública de saúde demonstraram que em 80% dos casos, usuários acometidos pela DM1 ainda apresentam controle glicêmico insatisfatório, apesar de estarem em tratamento endocrinológico constante. Ademais, gera longas internações, elevado custo hospitalar e pode levar ao surgimento de complicações agudas e crônicas, tais como retinopatia, neuropatia e doenças arteriais. A prevalência de doenças autoimunes em pessoas com DM1 é elevada, majoritariamente a doença da tireóide e doença celíaca, mas outras doenças também tem prevalência, em menor frequência, gastrite autoimune, hepatite autoimune e insuficiência adrenal primária. A principal complicação hiperglicêmica da DM1 é a cetoacidose diabética (CAD), decorrente da deficiência absoluta ou relativa de insulina concomitante com o feedback positivo dos hormônios contra reguladores, como o glucagon. Da situação do tratamento para a CAD, é possível que haja outras complicações, como edema cerebral e pulmonar, outros distúrbios metabólicos, hipoglicemia e êmese. Outras complicações mais graves da DM1 são convulsões e morte. Dado o exposto, a DM1 é uma doença delicada, que transforma a vida do jovem diagnosticado, portanto, o profissional de saúde deve entender que a abordagem terapêutica da doença deve ser feita considerando o paciente de forma holística, considerando aspectos biopsicossociais. Dessa forma, o enfermeiro atua como o profissional presente no cuidados aos aspectos patológicos e simultaneamente as demandas psicossociais, a partir do acolhimento, da criação de vínculo com o paciente e família, orientando e apresentando informações importantes sobre a doença, assim como prestar assistência humanizada e eficiente tendo como finalidade a prevenção de complicações decorrentes do DM1. Em vista disso, o objetivo deste estudo é descrever a experiência da aplicação da assistência de enfermagem ao paciente pediátrico acometido por DM1 e quadro de cetoacidose diabética. Descrição da experiência: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência. Este estudo se fundamentou em uma vivência hospitalar de acadêmicas do 7º semestre de enfermagem, da Universidade Federal do Pará (UFPA) no âmbito da atividade curricular  Semi Internato em Enfermagem Pediátrica. A experiência foi desenvolvida em novembro de 2021, no turno da manhã, em um hospital público referência em Pediatria, em Belém do Pará, sob a supervisão da docente da disciplina ministrada. A vivência desenvolveu-se na Enfermaria Pediátrica. Foi realizada a Sistematização da Assistência em Enfermagem (SAE). Como ferramenta para definição do diagnóstico de enfermagem, foi utilizada a North American Diagnosis Association (NANDA 2021-2023). A assistência de enfermagem foi direcionada ao escolar C.O.C., masculino, 9 anos, proveniente de Paragominas (PA), com DM1, em leito, respirando em ar ambiente, afebril, choroso, irritado, acompanhado da genitora. Internado há 1 mês  para tratar quadro de cetoacidose. O paciente deu entrada no setor de UTI pediátrica em 3/11, com quadro de hiperglicemia e cetoacidose diabética, apresentava-se hipocorado e sonolento, em uso de sonda nasogástrica, com distensão abdominal. Foram observados nos registros do paciente sinais de edema cerebral, presença de grande distensão gástrica, fígado aumentado de tamanho. No decorrer de sua internação, teve o quadro de cetoacidose diabética melhorado. Foi admitido na enfermaria pediátrica no dia 16/11, realizou ecocardiograma, que revelou ligeira alteração no ventrículo direito. Com base nos registros diários de enfermagem, foi possível observar quadro de instabilidade glicêmica sem melhoras, com importantes hipoglicemias, ainda apresentando ligeira cetoacidose e insuficiência renal, com edema cerebral em regressão. Ao exame físico apresentava-se  apático, hipocorado, deambulava com auxílio da mãe, presença de cateter nasogástrico, AVP em MSD, abdome globoso, doloroso à palpação, eliminações presentes, em uso de fralda. Sono e repouso preservados. Resultados: A partir do estado clínico apresentado, foram articulados os seguintes diagnósticos de enfermagem: 1) Risco de glicemia instável associado a controle ineficiente de diabetes; 2) Risco de queda em crianças; 3) Risco de desequilíbrio hidroeletrolítico associado a disfunção reguladora endócrina; 4) Risco de infecção associado à exposição ambiental aumentada a patógenos; 5) Capacidade adaptativa intracraniana diminuída; 6) Risco de síndrome do estresse por mudança; 7) Mobilidade física prejudicada; 8) Risco de lesão por pressão associado a imobilidade no leito; 9) Dor aguda associada a distensão abdominal. As intervenções de enfermagem, relacionadas numericamente aos diagnósticos de enfermagem são as seguintes: 1) Realizar glicemia capilar de 3hs/3hs; 2) Manter as grades laterais do leito elevadas, monitorar nível de consciência, ; 3) Observar e registrar sinais de edema periféricos e/ou membros; 4) Verificar e registrar sinais vitais (6hs/6hs), lavagem das mãos, precaução padrão; 5) Controlar o edema cerebral, medicamentos, controle hídrico e o controle hidroeletrolítico; 6) Realizar escuta ativa, promover melhorias do sistema de apoio e facilitação de visita; 7) Realizar posicionamento, controle de pressão, controle de ambiente. 8) Estimular a mudança de decúbito e deambulação, quando possível; 9) Avaliar nível da dor, promover conforto, analgesia e reavaliação do nível da dor. Considerações Finais: A aplicação da sistematização da assistência de enfermagem é de grande relevância no manejo clínico do paciente pediátrico, pois a partir da utilização de tal método constatou-se que o suporte ao paciente prestado minuciosamente contribuiu para a prevenção e diminuição de agravos inerentes ao quadro clínico observado, de maneira organizada e eficiente, garantindo o cuidado de qualidade da enfermagem para com o paciente.