Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Análise do enfrentamento da pandemia COVID-19 em Manicoré, Amazonas.
Ana Carolina Mota de Sousa, Ana Elizabeth Reis, Julio Cesar Schweickardt

Última alteração: 2022-02-07

Resumo


Apresentação: Manicoré faz parte da região de saúde do Rio Madeira, com acesso fluvial, terrestre e aéreo, apresentando posição geográfica estrategicamente importante, situando-se entre Manaus e Porto Velho. Entretanto, devido às características geográficas e fluviais, a região do Rio Madeira tem baixo referenciamento intermunicipal e dificuldade de acesso aos serviços especializados localizados em Manaus. No atual cenário, a vigilância epidemiológica deve manter-se fortalecida e alerta para o risco de transmissão do SARS-CoV-2 no Amazonas. Como o acesso a Manicoré é principalmente através do modal fluvial, pode dificultar o processo de interiorização da COVID-19 na região. O objetivo deste estudo é relatar a vigilância desta pandemia, analisar a resposta das intervenções implementadas pela gestão municipal e a capacidade de resposta do sistema de saúde. Desenvolvimento: estudo do tipo observacional, descritivo, prospectivo. Os dados foram analisados por sistemas de vigilância e notificações da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas e levantamento de decretos municipais entre março de 2020 e 2021. A base foi relatório técnico “A gestão de riscos e governança na pandemia por Covid-19 no Brasil, análise dos decretos estaduais no primeiro mês”, publicado pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde – CEPEDES/Fiocruz (2020), definindo as categorias de análise: medidas gerais de distanciamento social e medidas de saúde. Resultados: O primeiro decreto relacionado a pandemia foi a criação do Comitê de Prevenção e Enfrentamento ao Coronavírus, responsável por estabelecer e divulgar ações de prevenção à transmissão do vírus. As equipes de saúde da Secretaria Municipal e do Hospital Regional Hamilton Maia Cidade foram recomendadas a realizar atos de prevenção, abordagem, triagem de suspeitos, monitoramentos e isolamento de acordo com as diretrizes da OMS e do Ministério da Saúde. Dentre outros, foi decretado a suspensão de aulas da rede municipal, controle de fronteiras, transporte fluvial, aéreo e terrestre, principalmente em regiões ribeirinhas, fechamento de comércio não essencial e medida impeditiva de circulação de pessoas em vias públicas. A curva de casos notificados e confirmados por Covid-19 apresenta um crescimento achatado, em um ano foram notificados 9.079 casos, sendo os confirmados 3.494, por RT-PCR ou Teste Rápido. Quanto aos óbitos, foram notificados 71 com uma taxa de mortalidade de 127,35, apresentando um valor de letalidade baixo, abaixo dos 3%. Considerações finais: O difícil acesso para Manicoré pode ter sido um fator desfavorável para a taxa de transmissão da doença e prestação de assistência aos usuários. Logo, o distanciamento social, etiqueta respiratória e higienização individual e coletiva permanecem os principais métodos de prevenção da COVID-19 em Manicoré enquanto as campanhas de vacinação se ampliam. Essa pesquisa subsidiou uma análise mais ampla sobre acesso da população ribeirinha aos serviços de urgência e emergência, coordenada pelo Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia – LAHPSA/Fiocruz Amazônia. Por fim, entendemos que a qualidade dos serviços de saúde só se efetivam quando há um diálogo e respeito pelas características da região Amazônica.