Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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OS DESAFIOS DA ENFERMAGEM NO AMBIENTE DE TRABALHO HOSPITALAR FRENTE AO COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Jovíria Márcia Ferreira Oliveira Padilha, Geilsa Soraia Cavalcante Valente, Josélia Braz dos Santos Ferreira, Jonas Lirio Gurgel, Alessandra Conceição Leite Funchal Camacho, Rosana Moreira de Sant’Anna, Barbara Pompeu Christovam, Cassia Gonçalves Santos da Silveira

Última alteração: 2022-02-05

Resumo


Apresentação: Os enfermeiros no contexto de sua atuação no ambiente hospitalar enfrentam grandes desafios referentes à comunicação, orientação sobre a segurança do paciente e dos profissionais envolvidos na assistência direta ao paciente com Covid-19, pois trata-se de uma doença nova, ainda em estudos. Contudo, muitas informações apresentam-se em desenvolvimento carecendo de novas pesquisas, empenho governamental, de saúde e ética, frente a pandemia pelo coronavírus. Assim sendo, o conhecimento acerca da doença, sua forma de contágio, seus sintomas e a maneira de prevenção e controle são essenciais na pandemia da Covid-19. Desta forma, esta produção científica apresenta como objetivo: relatar a experiência relacionada aos riscos e desafios que os profissionais de enfermagem enfrentam em suas jornadas de trabalho no ambiente hospitalar diante da pandemia da Covid-19. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, com abordagem descritiva, tipo relato de experiência, acerca do trabalho da enfermagem no ambiente hospitalar, frente aos desafios impostos pela pandemia da Covid-19, realizado em um hospital universitário do estado do Rio de Janeiro, Brasil, desde o início da pandemia em 2019 até os dias atuais em 2022. Descrição da experiência: O hospital de ensino do Rio de Janeiro passou por momentos difíceis diante da pandemia da Covid-19. O lidar com uma nova doença, gerou grande expectativa.  Os protocolos foram modificados várias vezes, seguindo sempre a Organização Mundial de Saúde, o Ministério da Saúde e a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, com suas portarias. Houve mobilização no hospital frente ao Covid-19 e as outras doenças, que também são complexas. Foram intensificadas as orientações acerca da higienização das mãos e a importância da utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI), que fazem parte das prioridades no combate à doença provocada pelo coronavírus, pois é grande o número de profissionais de saúde testados positivos para esta patologia. Constantemente, a OMS, o MS e a ANVISA estão atualizando protocolos e informando os diversos profissionais, no intuito de se protegerem e também levar proteção aos pacientes, familiares e a população de uma forma geral. Esforços tem sido realizado no combate à doença, que persiste ainda nos dias atuais com índices de prevalência alarmantes. As informações nos chegam por dados oficiais e por meio da internet, comprovado nas últimas semanas de janeiro de 2022, um número expressivo de pessoas contaminadas pela COVID-19, em um total de 349.134.552 de casos no mundo. O Brasil foi o terceiro país mais atingido pela pandemia, com um total 23.909.175 de pessoas contaminadas e com um total de óbitos de 622.801 desde o início da pandemia até os dias atuais. Os profissionais da enfermagem, ainda que melhor orientados com medidas mais coerentes e com proteção oferecida pela vacinação contra a Covid-19, convivem com a persistência dos novos casos da doença por infecções por coronavírus, com cepas ainda em estudos e com uma incidência e prevalência elevadas. Dentro desta abordagem e a crescente velocidade de propagação do vírus, vemos profissionais e pacientes se contaminarem com uma progressão geométrica e em um tempo exponencial, com perdas de vidas em nosso entorno e no mundo. Os profissionais da saúde, que ficaram na linha de frente foram reconhecidos e chamados de heróis pela população, porém não houve essa mesma reciprocidade e valorização desses trabalhadores por parte dos políticos e governantes atuais no Brasil. Os agravos vivenciados por nós enfermeiros no campo da saúde, acabam impactando direta e indiretamente na nossa vida laboral, pois neste período da pandemia, os afastamentos por licenças médicas de vários profissionais de enfermagem foram enormes, tanto de contaminados por coronavírus, como por outros problemas diversos de saúde causados provavelmente por estresse e transtornos biopsicossociais entre outros, que nos afetam. Este fato gerou uma sobrecarga de trabalho, que foi e continua sendo, um grande desafio a enfrentar por nós profissionais, que permanecemos na linha de frente no combate a Covid-19. Resultados: Os dados expostos acima refletem a realidade vivenciada neste hospital universitário, que teve sua demanda aumentada e uma sobrecarga de trabalho e emocional, onde os profissionais tiveram que atender as demandas com um suporte insuficiente para essas exigências. Assim sendo, houveram desgastes físicos e psicológicos, levando os profissionais a adoecerem e necessitarem de afastamento de suas atividades laborais por contaminações pelo coronavírus e/ou outros agravos consequentes. O número de profissionais na assistência ficou bastante reduzido, porém a responsabilidade de continuar transmitindo as informações das condutas, que mudavam conforme as novas descobertas, mudanças no protocolo pelo MS e novas reordenações de espaços para atender as recomendações dos órgãos competentes perduram. Nós profissionais, sofremos o impacto desta demanda desordenada e das grandes pressões ocasionadas, resultantes da manifestação da patologia em cada cliente e gravidade diferente, sendo um desafio vencer essas limitações e seus próprios temores na vida laboral. A redução expressiva dos recursos humanos e a carga horária de trabalho exaustiva, acarretaram na necessidade de intensificar sua atuação profissional, diante do risco de se contaminem, vivenciando seus próprios temores de contrair ou propagar o vírus em seu entorno. Este esgotamento levou muitas vezes ao afastamento, conflitos internos e externos, entre o dever, o fazer, e o ter que fazer além de seus limites, culminando muitas vezes em seu próprio isolamento social, além do afastamento já citado. Os profissionais tiveram que reforçar suas boas práticas como: orientar sobre higienização das mãos, uso de máscaras e EPI, medidas de segurança, conforme o distanciamento social, manter distanciamento dos leitos e suspensão das visitas de familiares. Estes últimos, contribuindo para aumentar ainda mais a fonte de tensão e ansiedade gerada no campo de trabalho. Existe ainda uma lacuna do conhecimento referente ao manejo da COVID-19 e as estratégias para manutenção dos recursos humanos com um melhor preparo e relacionado à saúde do trabalhador, além dos custos. Considerações finais: O presente relato de experiência demonstrou os desafios enfrentados pelos profissionais da enfermagem no campo assistencial em um hospital de ensino.  Assim, são necessárias estratégias para diminuir fragilidades do sistema, e também meios para atenuar a sobrecarga elevada para os profissionais no ambiente hospitalar.  Atualmente, os profissionais se encontram mais esclarecidos quanto às condutas, assim como ao controle da doença. As vacinas ocupam lugar de destaque neste enfrentamento, sendo a sua efetividade já comprovada. Estudos demonstram a eficiência da vacina principalmente após segunda dose e uma redução robusta nas perdas por infecções pela COVID-19. As doses de reforços tem sido uma das grandes aliadas dos profissionais, sendo hoje comtemplados com a terceira dose para minimizar os riscos de agravamento da doença, óbitos e os afastamentos por menor tempo.  Torna-se preponderante ter um campo fértil na pesquisa e para o contexto vacinal, pois este tem contribuído de forma fundamental na redução do número de óbitos de trabalhadores, pacientes e comunidade, mesmo com um grau acima do esperado de contaminantes pela nova variante. Manter esforços para contribuir com tecnologias que fomentem cada vez mais a capacitação dos profissionais para o enfrentamento desta pandemia, visando uma assistência com menor sofrimento laboral dos trabalhadores e custos, otimizando as boas práticas é essencial.

Palavras-chave: Covid-19; Enfermagem; Hospital; Pandemia; Trabalho.