Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A educação permanente como ferramenta para a qualificação do processo de trabalho do ACS na promoção de saúde do idoso.
Beatriz de Lima Bessa Ballesteros, Elaine Antunes Cortez, Josieli Cano Fernandes, Glauco Fonseca de Oliveira

Última alteração: 2022-02-08

Resumo


INTRODUÇÃO

A Estratégia Saúde da Família vem se consolidando cada vez mais, como modelo prioritário para a reorganização da Atenção Básica contribuindo para a efetivação do SUS. Esta estratégia tem como prioridade a transformação das práticas profissionais em uma lógica de trabalho interdisciplinar, focada na família e comunidade visando à integralidade da atenção, a humanização das práticas e pela busca da satisfação do usuário através do estreito relacionamento da equipe de saúde com a comunidade e o estímulo a organização comunitária para o efetivo exercício controle social.

Os desafios para os processos de formação do Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são muitos, no entanto possíveis de serem alcançados quando se tem a visão da importância do trabalho. O ACS é uma figura de fundamental importância na implementação do Sistema Único de Saúde, fortalecendo a integração entre os serviços de saúde da Atenção Primária à Saúde e a comunidade.

Reconhecendo que o processo de qualificação dos agentes necessita ser permanente sobre o processo de trabalho e sua importância na Atenção Básica relacionada a saúde do idoso com orientação prioritária para a Estratégia de Saúde da Família, deu-se início a qualificação através de oficinas com uso de metodologia ativa.

Embora o Programa Nacional de Agentes Comunitários de Saúde, não apresenta como responsabilidade municipal, a capacitação e tampouco a execução da educação permanente em saúde (EPS) no contexto dos agentes comunitários de saúde, ficou evidenciado a necessidade emergencial de uma estratégia com ações voltadas ao segmento.

A educação permanente em saúde, é entendida como uma aprendizagem- trabalho, onde o aprender e o ensinar estão integrados ao cotidiano das organizações. Estando assim, integrada na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar as práticas profissionais. Contudo, a Política Nacional propõe que os processos de aprendizagem dos trabalhadores de saúde se façam a partir da problematização do processo de trabalho e da realidade, dando importância aos conhecimentos e as experiências das pessoas.

Assim, mediante a problematização referida pelos ACS com suas experiências no cotidiano de trabalho, após uma roda de conversa com essa população, foi definido iniciarmos um treinamento intitulado “Oficinas de aperfeiçoamento de Atenção à Saúde do Idoso para os Agentes Comunitários de Saúde”.

Os desafios para a formação adequada do ACS são muitos, porém possíveis de serem executadas e alcançadas, quando se tem a visão da importância da EPS.  Desta forma, é importante que o mesmo esteja inserido na estratégia de educação permanente preconizada pelo Ministério da Saúde, fortalecendo assim o processo de trabalho na lógica da ESF focado na saúde do idoso.

O Agente Comunitário de Saúde é parte integrante e imprescindível da Equipe de Saúde da Família, visto que, é o principal elo com a comunidade.

 

OBJETIVO

As oficinas tiveram como objetivo motivar os ACS para refletirem sobre as percepções e responsabilidades de cada agente, com vistas à melhoria da promoção de saúde do idoso , através de uma visão global dos modelos e processos das Políticas Públicas de Saúde do idoso, considerando o ambiente e as condições sociais das famílias.

COMO A EXPERIÊNCIA FOI DESENVOLVIDA?

O Projeto se desenvolveu da seguinte forma:

Primeiro momento: Reflexão sobre a vida

Através da realização de educação permanente em saúde com uso do processo de ensino-aprendizagem foi realizada uma reflexão sobre a vida do ACS na comunidade com os idosos, tendo como base a metodologia problematizadora. Os procedimentos metodológicos utilizados foram exposição dialogada e discussão de casos.

Segundo momento: Conhecimento sobre o envelhecimento

Dinâmicas de sensibilização com o objetivo de ampliar os conhecimentos e a visão sobre o envelhecimento. Foram promovidos questionamentos de estereótipos relacionados a juventude. Para isso, os ACS foram convidados a revisitar suas expectativas e suas relações com o imaginário social no contexto do envelhecimento, através de exposição de fotos de pessoas, onde não se via o rosto, fotos com pessoas praticando esportes, fotos com pessoas tatuadas, e solicitado que cada um contextualizasse o quem eles achavam que eram nas fotos, o que faziam e quantos anos tinham.

Terceiro momento: Vivência sobre o que é ser/estar velho

Para promover uma vivencia real, os ACS foram convidados a se imaginarem velhos. Iniciamos através de um relaxamento e aquecimento, para que a imaginação quanto a vivência chegasse mais próximo a realidade possível. Os ACS fecharam seus olhos, tocaram sua pele, e imaginaram-se velhos, e que estariam fazendo velhos.

Quarto momento: Dados epidemiológicos

Instrumentalização do profissional acerca das condições de saúde da população idosa, através da apresentação dos dados epidemiológicos do idoso do município que foi desenvolvido a experiência.

Quinto momento: Apresentação da Caderneta do idoso

Implementação da caderneta de saúde do idoso, destacando a importância do instrumento para a população idosa do município, para auxiliar no manejo da saúde desse grupo etário, permitindo o registro e o acompanhamento, pelo período de cinco anos, de informações sobre dados pessoais, sociais e familiares, sobre suas condições de saúde e seus hábitos de vida, identificando suas vulnerabilidades, além de ofertar orientações para seu autocuidado.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Destaca-se que foram qualificados 126 agentes comunitários de saúde (46%), do total de 273 profissionais (100%). Houve sensibilização de 100% dos ACS participantes da qualificação. Os ACS se mobilizaram quanto a importância da participação de oficinas integradas com o segmento idoso, de forma permanente e continua.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência possibilitou a inserção com consciência do ACS como parte integrante da equipe de cuidados da saúde da população idosa. O elo entre as necessidades de saúde da população idosa e o que pode ser feito para melhorar suas condições de vida e ter o ACS como a ponte entre essa população, entre os profissionais e serviços de saúde, potencializando ainda mais o papel de protagonistas desses profissionais na Atenção Primaria de Saúde.

A EPS se mostrou uma importante ferramenta para construir integração do ACS e a população idosa e foi considerada uma ferramenta inovadora no cuidar

Ressalta-se que os momentos de encontros das oficinas trouxeram momentos de relevância inquestionáveis, ao permitir a captação de experiências, vivencias e planejamento de ações dos ACS. A evolução das oficinas reafirmou a essencialidade para promover assertivamente encontros através de oficinas, usando a educação permanente em saúde como estratégia transformadora, visto que a metodologia permitiu uma real posição ativa na construção de saberes e reflexões acerca da visão sobre o envelhecimento.

Os participantes das “oficinas” consideram -se apto a compreender os princípios e diretrizes básicas da política de saúde do idoso, no âmbito do SUS, identificando instrumentos do processo de organização e prática dos serviços de Saúde do idoso na Estratégia de Saúde da família, com vista na promoção de saúde do idoso.