A pandemia de SARS-CoV 2 foi declarada em março de 2020 pela Organização Mundial de Saúde. Desde então, as aulas de cunho presencial na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) são evitadas ao máximo com o objetivo de barrar a curva de transmissibilidade do vírus. No lugar de aulas presenciais, os discentes tiveram a oportunidade de participar de atividades extracurriculares especiais (AEE) inteiramente online; uma delas, intitulada “Tópicos sobre mecanismo de agressão e defesa pelo SARS-CoV 2 e suas repercussões nos processos patológicos gerais”, foi ministrada pelos docentes do Departamento de Patologia e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFAM.

O presente relato visa mostrar a eficácia de atividades extracurriculares no ensino de estudantes da saúde na UFAM.

A AEE em questão, que teve duração de 32 dias e contou com a participação de alunos da medicina, enfermagem e odontologia, teve por objetivo detalhar as alterações patológicas descritas pela literatura em pacientes com COVID-19 utilizando de metodologias ativas, nas quais grupos de alunos ficariam responsáveis por estudar um determinado artigo sobre o tema e trazer suas conclusões para a aula; o professor, então, apenas intercorreria em casos de dúvidas ou erros de explicação, levando a uma conversa enriquecida e produtiva. Essa interdisciplinaridade, incomum no presencial, foi fundamental para troca de conhecimentos e vivências possibilitando um ambiente virtual enriquecedor e inovador.

O aprendizado dos alunos foi facilitado pela metodologia empregada. Pelo fato de a atividade ter sido realizada em plena pandemia, os discentes sentiram-se entusiasmados em aprender a respeito do vírus que causou tantos danos à estrutura da sociedade. A confecção de trabalhos para apresentação a partir de artigos selecionados permitiu o melhor entendimento das informações ali contidas, além de fornecer uma base na qual os discentes podem se basear para realização de pesquisas futuras. Por ser uma atividade extracurricular, os estudantes não se sentiam pressionados em tirar boas notas e nem por atividades avaliativas que poderiam fazê-los perder um semestre de aulas; ao invés disto, eles se sentiam empolgados e incentivados a aprender e estudar o essencial, sem se preocuparem em memorizar ou decorar assuntos para provas. Isto permitiu o melhor aproveitamento da AEE e verdadeira aquisição de conhecimento. Uma das apresentações realizada foi sobre os efeitos da COVID-19 além do sistema respiratório sendo possível associar através dos mecanismos do vírus e suas interferências sistêmicas no trato gastrointestinal, nos rins e com a tempestade de citocinas ocorrida por meio da ativação de CD14+, CD16+ e monócitos. Esses mecanismos eram desconhecidos pela maioria dos estudantes na época e que desencadeou uma discussão enriquecedora em que cada futuro profissional possa empregar em sua área de atuação.

A pandemia de COVID-19 foi um infortúnio em muitas maneiras. Porém a partir dela foi possível encontrar novos métodos de ensino e aprendizagem que podem melhorar ainda mais as faculdades da área da saúde. Aprender sobre a COVID-19 ainda no começo da pandemia foi extremamente enriquecedor pois possibilitou melhor compreensão da doença que, mesmo com novas variantes, está presente no cotidiano do atendimento médico.