Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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Encontros, experiências e vivências dos trabalhadores de saúde nos Fóruns Vivos do Projeto Respiro
Última alteração: 2022-02-06
Resumo
O Projeto Respiro busca compreender e atuar sobre as penosidades do trabalho em saúde diante da Covid-19. Pretende identificar as insurgências e os agenciamentos que constituem o trabalho em saúde na pandemia, bem como as formas de apoio e os modos de enfrentamento mobilizados pelos trabalhadores. De caráter qualitativo, sua metodologia vem sendo construída, desde 2020, apoiada em referenciais não extrativistas e colaborativos, visando apreender o ponto de vista dos trabalhadores. Para tanto, entrelaça métodos de investigação e apoio, enquanto processo co-criativo de sujeitos em diálogo constante com os trabalhadores de saúde e suas experiências, saberes, práticas, lutas e culturas. Para apoiar os trabalhadores foram realizados: o Curso Respiro de apoio à formação dos trabalhadores; rodas de conversas e de cuidados; entrevistas; disseminação de conhecimentos e interações nas redes sociais do Projeto; eventos públicos, dentre eles, os Fóruns Vivos. Os Fóruns Vivos foram constituídos por trabalhadores e interessados no campo da saúde que se dispuseram a dialogar virtualmente e, coletivamente, compartilhando experiências e vivências sobre questões e dilemas que afetam o trabalho e os trabalhadores em tempos de pandemia. Originalmente concebidos para acontecerem na plataforma virtual do Respiro, tornaram-se “Vivos “ nas telas dos computadores e smartphones dos trabalhadores que participaram das suas cinco edições, em 2021. Os temas das conversas eram definidos, primordialmente, a partir da relação com os trabalhadores, priorizando temáticas que emergiam dos encontros. Foram cinco Fóruns, um a cada mês, que tiveram como eixo central o trabalho em saúde na pandemia sob a perspectiva dos direitos, garantias e saúde mental dos trabalhadores da saúde; da organização do trabalho em home office e de sua “uberização”, que ganharam escala na pandemia; dos reflexos e impactos da Covid-19, considerando os marcadores sociais relacionados à classe, gênero e raça e sobre o (re) existir no trabalho e na vida, construindo possibilidades de sonharmos juntos. Como resultado, os participantes destacaram a riqueza dos testemunhos e compartilhamentos como ato de elaboração do vivido; a possibilidade de articulação das dimensões coletivas com as vivências pessoais, enquanto recurso metodológico; a relevância dos temas tratados e a troca de experiências e vivências; a pluralidade de situações em torno de questões do cotidiano do trabalho em saúde na pandemia. Entre os desafios, emergiu o de tecer sínteses coletivas e colaborativas possíveis, a partir das falas, experiências e vivências dos participantes relacionadas aos temas tratados.