Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Disponibilidade e comercialização de alimentos ultraprocessados no entorno de escolas públicas em um município do Rio de Janeiro
Camile Alvarenga, Patrícia Henriques, Geíza Vasconcellos, Julliana Melengati

Última alteração: 2022-02-10

Resumo


Os alimentos ultraprocessados são formulações industriais que na maioria dos casos possuem uma composição nutricional desbalanceada, pobre em nutrientes e rica em gorduras, açúcares, sal e aditivos alimentares e têm sido amplamente relacionados na literatura com o aumento da prevalência de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis em diversas faixas etárias, inclusive no público infanto-juvenil.


Os hábitos alimentares dos adolescentes têm sido pouco saudáveis, com alto consumo de alimentos ultraprocessados e baixo consumo de frutas e hortaliças, configurando um padrão alimentar na contramão do que é preconizado no guia alimentar para a população brasileira.


As escolas são espaços favoráveis para intervenções nesta faixa etária pois constitui um ambiente importante na construção do hábito alimentar, uma vez que os alunos permanecem longos períodos nestas instituições. A Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) conceitua o ambiente alimentar escolar de uma forma ampla e inclui todo espaço disponível em que o alimento pode ser adquirido ou consumido, seja no espaço interno ou externo à escola (cantinas, comércios), a qualidade nutricional destes alimentos, além de outros componentes como preço, marketing, promoções entre outros fatores que podem exercer influência no comportamento alimentar.


Neste contexto, é importante analisar a disponibilidade e a qualidade nutricional dos alimentos comercializados no ambiente alimentar do entorno escolar, devido ao grande potencial de condicionar as escolhas alimentares de crianças e adolescentes. Portanto, o objetivo do estudo foi mapear os alimentos comercializados no entorno de escolas públicas em um município do Rio de Janeiro.


MÉTODOS


Trata-se de uma pesquisa observacional e descritiva, integrante do projeto intitulado: “Escolas saudáveis e sustentáveis: cultivar, alimentar e preservar”, desenvolvido pelo Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Alimentação e Saúde do Escolar.

Foram observadas sete escolas públicas municipais de um município do Rio de Janeiro, integrantes do projeto. Para delimitação do entorno escolar foi considerado todo estabelecimento comercial (formal e informal) localizado em frente à escola, delimitando a distância entre dois pontos de ônibus próximos à escola.

Para a coleta de dados, utilizou-se um formulário tipo check- list para caracterização dos locais, quanto ao tipo de estabelecimento e o tipo de alimentos e bebidas comercializados, no período de setembro a dezembro de 2021.

Os dados foram analisados e sistematizados no programa SPSS e apresentados por meio de estatística descritiva.


RESULTADOS


Quanto aos estabelecimentos comerciais identificados no entorno das sete escolas, verificou-se um total de trinta e um estabelecimentos de venda de alimentos, formais e informais. Deste total, 10 eram de comércio informal (carrocinhas e barracas) que comercializavam biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, bebidas açucaradas, chocolates e  guloseimas e, 21 eram de comércio formal que incluía mercado, lanchonete, restaurante e açaiteria. Dentre a oferta e disponibilidade de alimentos nestes comércios (n=125), 84,8% eram alimentos categorizados como ultraprocessados, 2,4% processados e 12,8% alimentos in natura. Junto ao local de venda de produtos in natura havia um cartaz colorido com propaganda e promoção de bebidas açucaradas.

A oferta de alimentos in natura ou minimamente processados foi verificada apenas nos entornos que tinham mercados e minimercados, observadas no entorno de três escolas. Entretanto, nesses comércios também foi verificado a comercialização de alimentos ultraprocessados.


CONCLUSÃO

O entorno escolar do presente estudo demonstrou uma ampla disponibilidade de alimentos ultraprocessados, configurando um ambiente alimentar desfavorável à práticas alimentares saudáveis. Estes alimentos competem com a alimentação escolar no âmbito do PNAE e reforçam a necessidade de medidas regulatórias que protejam crianças de exposição a fim de reverter o avanço do consumo de alimentos ultraprocessados. Estratégias de  educação alimentar e nutricional e medidas de apoio em favor de uma alimentação mais saudável e sustentável precisam ser constantemente promovidas, especialmente para o público infantil.