Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-06
Resumo
APRESENTAÇÃO: Vivenciamos processos de construção e reconstrução da prática do cuidado em saúde no Brasil constantemente. Ao se considerar a saúde mental, entende-se que o trabalho interprofissional torna-se essencial. O entanto, é importante refletir a respeito da aplicabilidade desta perspectiva na prática do cuidado em saúde: Como interprofissionalidade tem sido empregada no processo de mudança no cuidado em saúde mental? De que forma os campos e profissões se cruzam? Quais os resultados do trabalho interdisciplinar na pratica? A proposta deste relato é discutir sobre a união de profissões e serviços em prol da qualidade da atenção à saúde mental a partir da realidade da equipe de saúde de um CAPS-I em uma cidade de pequeno porte no sertão da Paraíba. Descrição da experiência: A equipe em questão é composta por: uma assistente social, um enfermeiro, uma fonoaudióloga, duas psicólogas, uma psicopedagoga, um psiquiatra, e dois técnicos de enfermagem, que vinham realizando um trabalho isolado no serviço em questão. A partir da percepção de que ao longo do processo de trabalho existe o cruzamento dos campos de atuações específicas às profissões e das competências comuns e colaborativas que os princípios e diretrizes do SUS requerem para a efetividade do trabalho em saúde, foi confirmada a necessidade de ampliar os debates em equipe e em rede para que surgissem espaços de discussão interprofissional, marcados pela horizontalidade e interação dos sujeitos. Nesse sentido, estratégias foram pensadas e executadas para promover um trabalho mais colaborativo: construção de Projetos Terapêuticos Singulares (PTS); Atividades de reinserção social; Grupos operativos; Espaços de discussão de casos em rede; Campanhas e estratégias de desmistificação em sociedade; oficinas terapêuticas e etc. Impactos: A possibilidade do exercício do trabalho em saúde marcado pela colaboração resultou na oferta do cuidado mais efetivo ao usuário/família/comunidade, aumentou a dinâmica e integração da equipe de saúde do local, trazendo resultados positivos, como a diminuição de possíveis conflitos interpessoais e na melhora da comunicação entre os profissionais e entre equipe e usuários. A partir da adoção do trabalho em interprofissional no serviço foi possível, ainda, perceber a redução o número de crises, internamentos e situações críticas como episódios de automutilação, progredindo na evolução de casos que necessitavam o envolvimento de outros serviços componentes da RAPS - Rede de Atenção Psicossocial, como atenção básica, NASF, hospitais, escolas, conselho tutelar, CRAS, CREAS e Ministério Público. Considerações finais: O reconhecimento da importância e dos conceitos que envolvem uma prática interprofissional e colaborativa pela equipe configura-se como o primeiro passo para a transição de uma prática uniprofissional à prática interprofissional, perpassando pela multiprofissionalidade acolhendo com atenção, zelo e cuidado a demanda que o usuário trás em seu contexto de vida e buscando em conjunto sanar a sua necessidade diante das queixas. Foi possível perceber que a formação dos profissionais, que pouco abordam ou estimulam o desenvolvimento de ações colaborativas entre as profissões pode ser considerado um fator que dificulta a pratica interprofissional.