Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Grupo de relaxamento e bem-viver: uma experiência de cuidado integral na Atenção Primária à Saúde
Anailza dos Santos Silva, Felipe Marques Silva, Pedro José Santos Carneiro Cruz

Última alteração: 2022-02-09

Resumo


A Educação Popular em Saúde remete teórica e metodologicamente a práticas socioeducativas de enfrentamento aos problemas de saúde, mediante relações dialógicas, participativas e democráticas. Nesse sentido, o Programa de Extensão Práticas Integrais de Promoção da Saúde e Nutrição na Atenção Básica (PINAB), da Universidade Federal da Paraíba, articula ações conjuntamente à comunidade do Cristo Redentor em João Pessoa-PB, desde 2007, nos territórios da Unidade de Saúde da Família (USF) Vila Saúde. Este resumo objetiva relatar a experiência de uma das atividades desenvolvidas pelo PINAB, o Grupo de Relaxamento e Bem Viver, desenvolvido presencialmente, com profissionais de saúde da APS e moradores do território, desde 2018, e adaptado à virtualidade, devido à pandemia, desde março de 2020. Atualmente, as reuniões do grupo ocorrem, sincronicamente, pelo meet, nas segundas-feiras. O principal foco do grupo tem sido fortalecer redes de apoio social local, especialmente em relação ao cuidado individual e coletivo em saúde. Para tanto, o grupo prioriza a vivência dos participantes em ações de promoção à saúde, participação social e em práticas de cuidado integral, contemplando, ainda, momentos de escuta e diálogo. Participam usuários da Vila Saúde, o docente coordenador do projeto e quatro extensionistas. As temáticas e abordagens dos encontros são diversificadas, sendo escolhidas com base nas demandas coletivas. A dinâmica do grupo envolve três momentos; sendo o primeiro caracterizado pelo acolhimento e conversas iniciais rápidas; o segundo, por vivências orientadas em práticas de relaxamento, que alternam entre exercícios respiratórios, vocais, de consciência corporal, e alongamentos; e o terceiro, caracterizado pela escuta dos participantes em suas inquietações, sentimentos, percepções cotidianas, problemas familiares e comunitários, seguido por trocas de experiências. Como exemplo, tivemos vivências pautadas na saúde mental, com práticas de meditação guiada e discussões sobre autopercepções, anseios e contentamentos; também abordamos orientações de segurança e prevenção à Covid-19; dialogamos sobre relações sociais e comunitárias ao refletir sobre auto-aceitação e empatia; e ainda, promovemos a interação entre os participantes e os serviços de atenção à saúde, mediante diálogos com convidados do Centro de Apoio Psicossocial (CAPS), do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) e da USF territorial. Os participantes são incentivados a colaborar com a construção do grupo e com a gestão das atividades, de modo que, usualmente, a mediação ocorre de forma rotativa, estimulando o protagonismo dos moradores do território. Podemos destacar que, ao desenrolar das atividades do grupo, os participantes têm se mostrado mais engajados e curiosos com relação a seus direitos em saúde, participando ativamente dos encontros, propondo questionamentos, envolvendo-se em outros coletivos de saúde locais e regionais, e sendo protagonistas do seu processo de afirmação do bem viver. De forma que, apesar da manutenção do interesse e a adaptabilidade das pessoas à virtualidade constituírem desafios, as devolutivas dos participantes evidenciam que os efeitos dos encontros perpassam o síncrono, estendendo-se ao cotidiano. Assim sendo, a convivência entre os participantes em um ambiente de cuidado coletivo vem promovendo a constituição e ampliação de espaços participativos, holísticos, emancipadores e promotores da criticidade em saúde no território e na USF.