Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Mitos e verdades do trabalho infantil no método Paidéia
Claudia Marques Santa Rosa Malcher, Blenda Desiree Pereira Chagas

Última alteração: 2022-02-07

Resumo


APRESENTAÇÃO: Na região Norte do Brasil, onde o Pará foi o mais prevalente em situações de trabalho infantil, com a ocorrência de 193 mil trabalhadores infantis na faixa de 5 a 17 anos, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PnadC), em 2016, configura-se o trabalho infantil como um problema de saúde pública e de direitos ainda a serem conquistados. OBJETIVOS: Nesse sentido, pretendemos identificar por meio de utentes quais as percepções e práticas sobre o trabalho infantil a fim de promover diálogos para ação e reflexão sobre esse tema. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Este relato de experiência faz parte do Projeto de Extensão Eixo Transversal da Universidade Federal do Pará. Nosso público foram 4 unidades de saúde da periferia da capital do Pará, em Belém, onde participaram 120 sujeitos usuários do SUS na sala de espera aguardando suas consultasse e distribuídos em 6 encontros.  Para movimentar mais a Dinâmica da “roda de conversa” ou Método Paidéia, utilizamos as perguntas disparadoras dos mitos e verdades de Vilani (2007) sobre o trabalho infantil. RESULTADOS: Quando questionados se “O trabalho passado de pais para filhos na infância é bom” foi apontado como “bom” o lado da continuidade da tradição do ofício familiar, visto como algo positivo e até ser gratificante para os filhos ajudarem aos pais, na visão dos filhos, porém devendo-se destacar a importância de os filhos também escolherem a profissão que desejam seguir no futuro. Na pergunta “A criança que trabalha na infância é mais corajosa?” em geral, a maioria errou apontando como verdade, justificando que a criança se tornava mais responsável e “madura” com o trabalho infantil, porém esta informação foi então complementada explicando que há outras habilidades necessárias para um bom desenvolvimento mais completo da criança e adolescente, precisando ser assegurado o seu “brincar” e o “estudar”. Ao final, o público apontou como verdade a pergunta “A criança pode ajudar nas atividades em casa?” e lembraram que, porém, as tarefas domésticas precisam estar condizentes com a idade, não impedindo-o de brincar e estudar, ou impondo uma responsabilidade acima do que lhe cabe. Os usuários também consideraram negativo que a criança e adolescente trabalhem na rua e/ou sustentem a casa, e inclusive relataram experiências prévias de que foram levados a exercer o trabalho infantil, devido dificuldades financeiras com suas famílias, mas que buscaram quebrar esse ciclo incentivando os estudos e os filhos a não exercerem o trabalho infantil. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Percebe-se que os direitos da criança e adolescente existem na teoria, mas precisam ser assegurados na prática e que a necessidade financeira e/ou social e hábitos culturais foram as maiores motivações para o trabalho infantil na vivência dos participantes. O trabalho infantil, por mais que não consiga ser erradicado muitas vezes de forma imediata, necessita de planejamento para sua extinção pensando no futuro. As reflexões para a conscientização geradas aqui auxiliam no universo coletivo para o fortalecimento de práticas de abandono do trabalho infantil a curto, médio e longo prazo.