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A educação popular em saúde é uma práxis fundamental para compartilhar saberes e viveres na horizontalidade, rompendo com o modelo biomédico. Além disso, promove a construção do exercício da cidadania pela população, estimulando a luta pela melhora da qualidade de vida e pela garantia de seus direitos, provocando uma postura crítica no processo saúde-doença. Esse posicionamento é especialmente pertinente durante um período pandêmico que impacta diretamente os serviços públicos do Sistema Único de Saúde (SUS). Dessa forma, o projeto de extensão InspirAção, do Laboratório de Investigação em Avaliação e Reabilitação Pulmonar (LIRP/UFRJ), objetiva construir um cuidado em saúde virtual através da telerreabilitação no pós COVID-19, com pessoas moradoras do conjunto de favelas da Maré. Dentre movimentações mais específicas dessa ação, as rodas de conversa são espaços que permitem um fluir coletivo das demandas individuais para coletividade. Esta volta-se para a população infectada pelo SARS-CoV2 e que desenvolveram sequelas pós-COVID-19 e se propõe a promover um espaço de escuta e partilha frente a angústia dessas pessoas que tiveram uma redução em sua qualidade de vida, o fortalecimento de laços afetivos entre pessoas participantes e a equipe, e a reintegração social, oferecendo suporte para melhora física e emocional. O contato com esse grupo está sendo mediado a partir da colaboração de duas Organizações não governamentais (Redes da Maré e SAS Brasil) e da Atenção Primária à Saúde (APS) que atua no território e irá contar com financiamento obtido pelo Edital COVID-19.2 da Agence Universitaire de la Francophonie (AUF). As rodas de conversa tiveram início em dezembro de 2021 por meio da plataforma Google Meet, com frequência semanal e duração de uma hora e meia. Os encontros estão sendo construídos conjuntamente com as pessoas participantes através da escuta sensível das demandas compartilhadas a partir das falas e fluxos das dinâmicas. As temáticas abordadas estão relacionadas com questões mais sensíveis que permeiam essa outra possibilidade de ser e fazer em saúde. É importante reforçar os desafios decorrentes da realização de rodas de conversa na virtualidade, em que os corpos estão restritos nas telas e a quase impossibilidade das trocas de olhares. Assim como, as dificuldades de manejo e acesso dessas tecnologias pelas pessoas. Por outro lado, existem potências, como permitir conexões com pessoas de diferentes realidades nos territórios de favelas, viabilizar confluências acolhedoras no ambiente virtual e promover intensos impactos nos percursos formativos na área da saúde. O trabalho realizado até o momento apresenta potencial para ser continuado após o período pandêmico, com intuito de aprofundar os laços formados e contribuir para elaboração de políticas públicas de saúde para essa população. Por fim, essas movimentações são essenciais e centrais a partir de uma universidade pública, gratuita e responsável socialmente. Ao se deslocar, mesmo que virtualmente, ao encontro dos povos brasileiros contribui com um necessário cuidado em saúde a fim de minimizar os impactos das desigualdades que atravessam as territorialidades marginalizadas.