Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Literacia informacional e em saúde e a produção de informação por jovens comunicadores em territórios periféricos no contexto da pandemia da Covid-19
Michele Soltosky Peres, Amanda Soares, Roberto Malfaccini Júnior, Michele Nacif Antunes, Aluísio Gomes da Silva Júnior, Paula Latgè, Felipe Siston

Última alteração: 2022-02-23

Resumo


O presente resumo tem como objetivo apresentar a produção de conteúdo midiático de cunho noticioso e informativo, desenvolvido por jovens comunicadores no período entre julho e setembro de 2020, decorrente de ação de pesquisa e extensão desenvolvida por instituições do terceiro setor em parceria com o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense.  O trabalho realizado ao longo dos três meses com 80 80 adolescentes e jovens ocorria uma vez por com vistas a traçar uma relação entre seus interesses e os assuntos pautados por eles nos conteúdos produzidos a partir da observação das demandas de seus territórios de moradia. As ações foram conduzidas por meio da plataforma Google Classroom.

 

RESULTADOS A análise das temáticas dos conteúdos produzidos possibilitou observar que no primeiro mês, os jovens comunicadores focaram nos temas de orientação para reconhecimento de informações falsas; o panorama da pandemia no Brasil; medidas protetivas não farmacológicas e evidências científicas sobre o uso de medicamentos. Os conteúdos produzidos durante o período de julho a setembro foram categorizados em temas como Saúde Pública, Questões Sociais e Comunicação; vacinas; pesquisas em saúde; combate a fake news sobre saúde; medidas de prevenção ao novo coronavírus; história e função do SUS; saúde mental na quarentena, valorização da vida; Problemas estruturais como o racismo, segurança pública e violência policial contra a juventude negra; violência de gênero; violência doméstica; saúde mental na pandemia; segurança da população LGBTQIA+. O tema Educação na pandemia também foi abordado tendo como destaque a indecisão na retomada do período letivo na pandemia; problemas no ensino remoto; riscos de contaminação na volta às aulas; ENEM na pandemia; divulgação de cursos e atividades profissionalizantes online. Segurança alimentar e de renda pautou orientações a respeito da divulgação de auxílios emergenciais do governo, federal e municipais; Fake news e desinformação: relação entre as fake news e o fenômeno da desinformação; como identificar uma informação falsa e tendenciosa; como checar informações suspeita.

De acordo com os relatórios dos monitores, nos três meses do projeto os quatro grupos do território Engenho do Mato produziram 52 conteúdos, enviados para 4.932 pessoas entre julho e setembro; os quatro grupos do território Morro do Estado produziram 84 conteúdos, enviados para 5.933 pessoas entre julho e setembro. Os formatos dos conteúdos variaram entre textos com links de direcionamento, texto com arte ou foto, apenas arte gráfica ou conjunto de artes gráficas contendo informações, vídeo de até um minuto e meio, gifs, stickers (as figurinhas de whatsapp), e poesia acompanhada de arte gráfica ou link de direcionamento.

O grupo analisado por este projeto contribuiu diretamente com a literacia em saúde de 10.865 pessoas, que recebiam os conteúdos produzidos durante a duração do projeto. Diante desse cenário, movimentos e organizações sociais foram desafiados a responder com ações diretas respondendo o compromisso com indivíduos, famílias e territórios e produziu um conjunto de ações emergenciais voltadas para a redução do impacto econômico na população mais vulnerabilizada (benefícios eventuais, distribuição de cestas básicas e kits de higiene, criação de ações locais). A questão central trazida junto a COVID 19 é de aumento da desvantagem de quem sempre esteve sofrendo com as desigualdades: a população pobre, preta e periférica.

Após avaliação e a análise, a partir da observação participativa e leitura de textos motivadores, foi constatada a adoção de uma estratégia de alfabetização em saúde, implementada por meio da mobilização social que empregou uma ferramenta provadamente popular de comunicação individual como ferramenta de comunicação comunitária, o que contribuiu tanto para a literacia em saúde das mais de 10 mil pessoas que recebiam o conteúdo produzido pelos 80 jovens do projeto Jovens Comunicadores, acompanhados por três meses pelo grupo de pesquisa do Instituto de Saúde Coletiva da UFF. Observou-se que, além do objetivo final de informar um grande número de pessoas em territórios de favela e periferia, colaborando com a literacia em saúde de regiões socialmente mais vulneráveis das cidades de Niterói e São Gonçalo, o projeto também contribuiu para a subsistência dos 80 participantes, por meio da bolsa, e também de orientação sobre como receber cestas básicas e auxílios governamentais criados durante a pandemia. A ação colaborou com a criação de censo de comunidade dos participantes, que evitaram o isolamento total ao ter o contato quase diário com os colegas, monitores e professores vinculados ao projeto, de forma virtual através do aplicativo de mensagens Whatsapp e pela plataforma Google Classroom. Em última análise, observou-se que relação na instrução em saúde dos próprios participantes, ao possibilitar que aprendessem sobre literacia informacional e em saúde, habilidades importantes para a produção do cuidado coletivo e do auto-cuidado.

Palavras- chave

Desinformação, Saúde, COVID-19, Literacia em saúde